porém, que os depósitos à ordem ainda se acresceram em 1965 de 3890 milhões de escudos e a circulação de notas e moedas de 2140 milhões.
Este comportamento do stock monetário global parece desproporcionado quando em confronto com o da produção global de bens e serviços antes analisado evidenciando uma acentuação da quebra da- produtividade do dinheiro criado a que se tem feito referência em relatórios do Conselho Nacional de Crédito e do Banco de Portugal, bem como em pareceres da Câmara sobre as propostas de leis de meios. Que tenda a aumentar a relação entre o stock monetário e o produto nacional bruto, é fenómeno que se verifica na generalidade dos países em desenvolvimento económico. Mas uma progressão tão rápida como a que tem vindo, nos últimos anos, a observar-se no nosso país, é possível indicador de uso deficiente da massa monetária, por imperfeições orgânicas e funcionais dos mercados do dinheiro, a permitir, quando não a estimular, movimentações pouco repr odutivas dos meios de pagamentos existentes, ou porque uma parte das disponibilidades monetárias se imobiliza em simples entesouramento, ou porque aquela que, directa ou indirectamente, vem financiando a formação de capital fixo e circulante das empresas o não tem feito por forma adequada às necessidades do crescimento económico-social do País.
Evidencia também o quadro VII que o principal factor do acréscimo dos meios de pagamento em 1965 foi ainda o saldo do crédito bancário distribuído sob as formas classificadas em «Carteira comercial» e em «Empréstimos e contas correntes caucionados», cuja expansão real terá sido menor, todavia, do que a indicada no quadro (mais de 9400 milhões de escudos), pois que, na sequência do disposto pelo Decreto-Lei n.º 46 492, de 18 de Agosto de 1965, sobre reservas e garantias dos bancos comerciais, os bancos operaram avultadas transferências, para aquelas contas, de saldos escriturados em «Devedores e credores em moeda nacional». E ao efeito expansionista do crédito bancário - explicando o empolamento da posição relativa da «moeda escritural» criada pela banca comercial e influenciando o aumento dos depósitos à ordem e a prazo - juntou-se o impulso do acréscimo das reservas de ouro e divisas, que naturalmente reflectiram o superavit obtido na balança geral de pagamentos internacionais.
No período de Janeiro-Julho de 1966, a nova expansão dos meios totais de pagamento projectava-se em especial nos depósitos a prazo dos bancos comerciais (quase 2380 milhões de escudos) e no montante das notas em circulação (quase 1150 milhões), tendo baixado os depósitos à ordem um pouco mais de 2000 milhões de escudos. Esta evolução proveio, essencialmente, de dois movimentos de sentidos contrários: por um lado, o da nova expansão do saldo do crédito bancário por «Carteira comercial» e «Empréstimos e contas correntes caucionados» (um pouco mais de 960 milhões de escudos), a que se aliou o aumento do valor das promissórias do fomento nacional tomadas pelas instituições de crédito (184 milhões) e o acréscimo da outorga pela banca comercial de créditos classificados em «Devedores e credores em moeda nacional» (este repercutindo-se na variação positiva da rubrica de «Diversos» dos factores monetários); por outro lado, a contracção das reservas de ouro e divisas (da ordem dos 1200 milhões de escudos), consequente do déficit registado na balança geral de pagamentos internacionais no período em causa.
Crédito bancário
(Saldos em milhões de escudos)
(a) Compreende a Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência.
Infere-se deste quadro que o saldo do crédito bancário (distribuído sob as formas de desconto de efeitos comerciais e de empréstimos e contas correntes caucionados continuou a aumentar no período de Janeiro-Julho de 1966, posto que a cadência muito inferior à de 1965. À primeira vista poderia julgar-se que o fenómeno resultou dos efeitos directos e indirectos da actuação do banco central, visto que o saldo da sua carteira comercial não revelava variação significativa entre o fim de 1965 e Julho de 1966 e baixava o saldo dos empréstimos caucionados. Todavia, a este propósito deve notar-se:
a) A forte expansão em 1965 do saldo do crédito outorgado pelo Banco de Portugal, especialmente nos últimos meses do ano, justificou-se pela necessidade de facilitar