aos bancos comerciais a sua adaptação às novas regras de liquidez estabelecidas pelo Decreto-Lei n.º 46 492, já citado;

b) Conforme antes se anotou, os saldos constantes do quadro e relativos aos créditos concedidos pelos bancos comerciais ao fim de 1965 foram afectados pelas transferências vultosas que se efectuaram de contas de «Devedores e credores em moeda nacional», enquanto no período de Janeiro-Julho do corrente ano se alargou consideràvelmente nos bancos comerciais o saldo do crédito escriturado nessas contas de devedores e credores (à volta de 600 milhões de escudos, segundo os elementos fornecidos pelo Banco de Portugal);

c) Além disto, embora aqueles saldos da carteira comercial e dos empréstimos caucionados do Banco de Portugal não tenham tido sensível alteração, o volume dessas operações elevou-se impressivamente entre 1965 e 1966. É, também os saldos do crédito concedido pelo Banco de Portugal excediam largamente no fim de Julho passado os que se haviam constituído em igual data do ano precedente.

Pondere-se, ainda, que durante parte do ano o mercado monetário esteve sob as repercussões dos deficits formados na balança geral de pagamentos internacionais e que a banca comercial continuou a manter grandes disponibilidades líquidas em moedas estrangeiras (mais de 2000 milhões de escudos), o que, em última análise, redunda em restrição da potencialidade prestamista interna.

A evolução do crédito bancário nos últimos anos não terá constituído factor importante do agravamento das pressões inflacionistas, pelo que não parece de admitir a necessidade de aplicação de uma política geralmente restritiva. Contudo, a verdade é que, confrontando saldos desse crédito com os valores do produto nacional bruto, ressalta uma tendência para a descida dessa relação, o que quer dizer que tem diminuído a produtividade geral do mesmo crédito. De facto, a relação entre o produto nacional bruto e o total do crédito representado nas contas de «Carteira comercial», de «Empréstimos e contas correntes caucionados» e de «Devedores e credores» desceu de 1,97 em 1962 para cerca de 1,65 em 1965. Só por si este facto seria bastante para concluir que a distribuição do crédito não se terá conformado com as necessidades efectivas do desenvolvimento económico nacional, demonstrando agora - para mais em face da intensificação das pressões inflacionistas - a necessidade de condicionar a sua outorga a um reajustamento orientado pelos princípios de uma política de «expansão selectiva do crédito», em que sejam ponderados não apenas os riscos próprios das operações, mas igualmente as finalidades dos fundos mutuados.

De acordo com os elementos fornecidos pelo Banco de Portugal, nos saldos da carteira comercial dos bancos, em fim de Junho de 1966, predominavam largamente os efeitos descontados por prazo não superior a seis meses, cabendo a maior representação nos beneficiários desse crédito ao grupo das «actividades económicas d iversas» (o comércio por grosso e retalho e outras actividades terciárias), seguido, mas de longe, pelo sector das indústrias transformadoras e atingindo valores muito significativos os créditos ao consumo e à importação. Já nos saldos de empréstimos e contas correntes caucionados, posto que com predomínio do crédito até um ano, a representação das indústrias transformadoras se apresentava muito próxima da correspondente àquelas «actividades económicas diversas». Em contrapartida, eram pouco relevantes os quantitativos dos créditos, outorgados sob aquelas formas à produção agro-pecuária e à exportação. Analisam-se agora, se bem que sumariamente, as situações recentes das principais categorias de instituições de crédito, começando pelo Banco de Portugal, na sua qualidade de banco emissor no continente e ilhas adjacentes e de banco central e de reserva da zona do escudo.

(Situações em milhões de escudos)