valores, presentes e incisivas, asseguraram que a ideia em potência fosse acto hoje felizmente cumprido.

Eis um documento, dos mais representativos, e fidedignos, e sólidos documentos deste período histórico, que, por graça infinita de Deus, foi de paz fecunda e foi de trabalho esforçado dos Portugueses. Ad rei memoriam.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

se à ponte o nome do Sr. Presidente do Conselho - o único que se lhe poderia dar, em inteira justiça - e ao inaugurá-la a coincidir com os 40 anos do regime político de que o Dr. Oliveira Salazar é o realizador, vinculou-se a ponte a uma política, embora nacional e unitária. Tal aconteceu com esse monumental documento que é o novo Código Civil, cuja linha doutrinária consagra a reacção contra o liberalismo individualista, a qual define o actual regime político.

Sr. Presidente: exultaram as gentes com a inauguração da Ponte de Salazar e porque, no dia seguinte, tivesse e venerando Chefe do Estado de deslocar-se a Setúbal, foi a gente deste distrito que, em nome de todas as demais, foi para a estrada tornar triunfal uma viagem de 30 km, encheu Setúbal ao longo das suas ruas, de nascente a poente, e disse ao Chefe do Estado o seu obrigado, o seu emocionado e orgulhoso obrigado. Quantos assistiram a essa manifestação sabem quão vibrante, quão sincera ela foi, pois como nenhuma outra a gente do distrito de Setúbal, em especial a da zona servida pela estrada nacional n.º 10, sentiu que a ponte lhe pertencia, não apenas por assentar um dos pés em terra sua, mas sobretudo per realizar enfim a esperança da travessia cómoda de um rio que nem sempre é amável para quem o procura diàriamente.

Sr. Presidente: A ponte, como eu a vejo, é uma vitória sobre nós próprios, sobre um povo que adora as improvisações, pois sabe que delas se sai sempre airosamente, embora com as dificuldades ,em que parece comprazer-se. É uma vitória sobre nós próprios, porque, realizada no presente, foi feita para servir no futuro. Quando o plano de rega do Alentejo for uma realidade, como o Algarve o é já hoje como potência turística, a ponte rodoviária será o grande caminho para a penetração num e noutro sentido. A ponte não foi, pois, construída para serviço da Outra Banda, nem que essa Outra Banda vá até Setúbal. Servi-la-á talvez quando se completar com ï exploração ferroviária. A ponte, como infra-estrutura que é, está ali à espera do desenvolvimento futuro próximo do Sul do País. Como não são de nosso jeito tais antecipações, há já quem murmure.

Sr. Presidente: Quem governa os povos, mesmo um simples regedor, sabe que ao lado das necessidades objectivas, que alguns procuram, existem, com a força colectiva do sentimento, as necessidades sentidas. Para os povos ribeirinhos de Lisboa, para aqueles que, com frequência, e tantos dia a dia, têm de atravessar o Tejo, a ponte sempre foi o grande desejo, a mais sentida das necessidades. E como não, se o corpo acaba por cansar-se de meses de nevoeiro, de anos de vendaval, da angústia dos abalroamentos, da dúvida das horas certas? A ponte era o grande desejo e foi, nas vésperas da inauguração, a grande esperança, tanta que a Câmara Municipal de Almada se bateu por uma ligação mais directa do centro da vila à entrada da ponte, quando já tinha o caminho amplo e fácil pela Cova da Piedade. Esperança acrescida com o desaparecimento dos ferry-boats para o Terreiro do Paço, os quais às horas de ponta levaram sempre, e quase só, mais gente do que carros. Desaparecimento desses autênticos barcos de passageiros sem que outro qualquer transporte fluvial os substituísse. Esperança acrescida ainda com a publicação de um discricionário decreto sobre mais-valias de terrenos antes e depois da ponte, dos terrenos compreendidos na área do Plano Director de Lisboa.

Vai por aí uma quase especulação sobre a utilização da ponte, com repercussões já na chamada grande imprensa. A construção da ponte foi, sem dúvida, a satisfação de uma necessidade objectiva, mas não podemos esquecer que ela foi sempre uma necessidade sentida pelos que demandam o Tejo com frequência. Procurar o equilíbrio entre os dois princípios é tarefa política, porque política - repito - é a arte de governar os povos.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão, na generalidade a proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1967.

Tem a palavra o Sr. Deputado António Santos da Cunha.

te o viver do nosso povo, dignificando-o e eno-