O Orador: - Muitos contentam-se com dizer que a falta de professores é um fenómeno mundial mas isso não traz qualquer espécie de solução ao nosso problema nem qualquer alívio a nossa angustia, pelo contrário tal porção admite com lamentável naturalidade mas sem remédio a crise mundial do ensino e consequentemente a decadência da educação.
Importa que com toda a urgência se descubra a verdadeira causa do abandono pelo homem e pela mulher da actividade docente em todos os seus graus e se proceda imediatamente a sua reconquista para o exercício da tarefa tão decisiva para o bem-estar da Pátria.
Muito bem!
para chegar a sua aposentação.
Urge pois, prestigiar por todos os meios mesmo com prejuízo da solução de outros problemas nacionais, a função docente em todos os graus de ensino e reconquistar para ela os melhores rapazes e as melhores raparigas, para que se reponha no lugar a que tem direito o prestigio dessa função, para que se eleve até ao nível que possa exigir a qualidade do ensino e para que professores e professoras possam exercer a sua actividade com toda a competência, com toda a dedicação, com toda a dignidade e com toda a independência. Pois o professor só o será verdadeiramente quando se entregar com toda a sua alma e com toda a sua inteligência ao convívio amigo dos seus alunos, para que, sem qualquer outra
Preocupação possa transmitir-lhes o alimento espiritual que eles vêem procurar à escola e que a escola tem obrigação de lhes proporcionar.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Se assim não for, isto é se a actividade decente continuar, em grande escala entregue nas mãos d agentes de ensino que não tem nem cultura, nem preparação pedagógica nem a habilitação legal para o exercício dessa actividade estão teremos caído todos na lamentável fraqueza de aceitar como nacional uma situação estranha (...) e tão perigosa como o seria o exercício da medicina por quem não fosse médico o exercício da advogacia por quem não advogado ou o exercício da magistratura por quem não fosse magistrado.
Se assim não for ficaremos [...] condenados a assistir à decadência definitiva do ensino à crise inevitável da educação de que serão vítimas certas o bem-estar das nossas famílias, o progresso das nossas instituições até porventura o destino da nossa pátria
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Desta tribuna dirijo pois cheio de esperança o meu mais sincero apelo que queria fosse vigoroso e conveniente aos Srs. Ministros da Educação Nacional e das Finanças para que ponham o melhor da sua invulgar inteligência, o melhor da sua capacidade de trabalho e o melhor da sua dedicação pelo bem público ao serviço da causa nobre do prestígio da função docente criando-lhe em todas os graus as condições necessárias e suficientes para que ela se possa realizar com competência com dedicação e com perfeito sentido das responsabilidades.
A juventude de Portugal saberá agradecer e a história do nosso tempo fará disso registo e um louvor!
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.
O debate continuará amanhã, à hora regimental sobre a mesma ordem do dia.
Está encerrada a sessão.
Eram 19 horas.
Srs. Deputados que entraram durante a sessão.
Aníbal Rodrigues Dias Correia.
António José Perdigão.
Augusto Duarte Henriques Simões.
Aulácio Rodrigues de Almeida.
Francisco António da Silva.
Gabriel Maurício Teixeira.
Henrique Ernesto dos Santos Terreiro.
João Duarte de Oliveira.
João Nuno Pimenta Serras e Silva Pereira.
João Ulbach Chaves.
José Coelho Jordão.
José Dias de Araújo Correia.
Júlio Alberto da Costa Evangelista.
Luís Folhadela Carneiro de Oliveira.
Manuel Henriques Nazaré.
Manuel José de Almeida Braamcamp Sobral
Manuel Nunes Fernandes.
Mário Amaro Salgueiro dos Santos Galo.
Sebastião Alves.