a patriótica caminhada a seu cargo De resto, no relatório preambular do decreto-lei que criou a Mocidade Portuguesa já se descriminava um eficaz programa educativo da juventude, e que mereceu de um dos seus dirigentes as seguintes palavras

Esta organização abrange toda a juventude escolar ou não tem por fim estimular o desenvolvimento integral da sua capacidade física e a formação de carácter.

Promove a educação moral cívica física e pré-militar dos filiados e cultiva neles a educação cristã tradicional.

Deixei para o fim uma instituição que tem ocupado o lugar cimeiro da educação e condução da juventude e que continuara a ocupar, apesar de tantas tentativas para a desviar da missão que lhe foi confiada por Deus.

Somos felizmente um país tradicionalmente cristão e foi sem duvida a Igreja que nos primórdios da nacionalidade tomou a seu cargo a educação da juventude.

A instrução era [...] nos mosteiros e é evidente que dada a formação dos professores não deixava a mesma juventude de receber os benefícios de uma sã orientação moral e que era aplicada e seguida no seio das famílias a constituir.

Foi assim através dos séculos e só a força da verdade e a virtude da moral cristã a presidir a formação do homem poderiam mantê-la respeitada por tanto tempo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É certo que as correntes avassaladoras do progresso teriam de contribuir para a criação de um processo evolutivo que fosse aproveitado no bem-estar da humanidade.

Foi-se porém longe em demasia pretendendo-as acorrentar à nova civilização mas já mascarados os princípios imutáveis da moral cristã.

Ou foram esquecidos ou deturpados conforme a conveniência das correntes político-sociais que foram surgindo.

Ora a Igreja não obstante alguns abalos mais pressentidos do que conhecidos, tem de confirmar a sua missão no aperfeiçoamento das almas o que só conseguirá através de uma acção educativa persistente especialmente junto da juventude.

Sr. Presidente. Na discussão deste aviso prévio limitei-me a dar algumas achegas para a solução do problema grave que nos é posto achegas essas que resultaram especialmente da experiência e da observação através de uma vida já relativamente longa.

Penso, por vezes na necessidade de se criarem escolas de educadores que exercessem a sua acção junta das famílias e que fossem elos de ligação entre a mocidade e a Igreja por forma a preparar-se uma acção uniforme e persistente para a recondução da nossa juventude no lugar que lhe compete no Mundo dirigida pelos princípios da moral cristã.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A nossa juventude está a redimir-se das faltas que não praticou, e fá-lo com uma coragem e generosidade impressionantes.

É o momento propício de irmos ao seu encontro, numa entreajuda da unidade e da fé, conduzindo-a para os caminhos da verdade da justiça e da moral cristã, e dizei-lhe que muito esperamos dela para a continuação de Portugal.

E não terminarei sem dirigir o meu aplauso e louvor ao ilustre Deputado avisante e agradecer-lhe Ter apresentado a esta alta Assembleia um problemade tanto interesse para avida da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Nunes Barata: - Sr. Presidente, Srs. Deputados. Poucas vezes como hoje sente tanto a necessidade de me justificar ao subir a esta tribuna.

O munda das minhas preocupações profissionais vive relativamente afastado dos problemas que constituem o tema do aviso prévio que o nosso ilustre colega Deputado Braamcamp Sobral desenvolveu com tanta oportunidade.

Por outro lado, as qualificações próprias não me distinguem para que o meu depoimento possa Ter alguma autoridade.

Não apoiados.

Senti contudo um apelo irresistível, comandado por duas razões represento nesta Assembleia o circulo de Coimbra a cidade estudantil por excelência, sou um pobre homem da serra, ambiente onde tem especial acuidade os problemas da nossa juventude rural.

Chegado a uma idade em que se não é jovem nem velho, posso trazer o contributo da minha vivência e nesta medida, servir até de elemento de estudo para os tão distintos pedagogos que ilustram esta Assembleia.

Existirá um mito da juventude.

Não será difícil de salientar como a história, o folclore ou a literatura têm através dos tempos, revelado a riqueza psicológica deste problema. O antagonismo entre o [...] delfim nos tempos medievais, a Fénix que morre para renascer das cinzas o pacto Fausto com o Demónio para recuperar a juventude e conquistar Margarida, são evocações que testemunham o peso que sempre tiveram nos pobres mortais as desilusões da idade madura, as decrepitudes da velhice, o pavor da morte.

Os nossos tempos deram porém, ao problema da juventude uma relevância especial a que não são estranhas causas como o aumento da duração média da vida o prolongamento da escolaridade a própria aceleração da história.

Ergueram-se mesmo sistematizações ideológicas com particular relevo para a defesa dos chamados movimentos da juventude.

Para alguns destes a juventude é um valor em si mesmo e não um estado de transição é uma classe e não uma categoria social.

Mas será possível resumir a juventude a uma classe facilmente se enquadram as várias situações em que a mesma se revela?

Não o creio. A juventude biológica, a juventude psicológica, a juventude jurídica, a juventude económica ou a juventude espiritual variam com os tempos, as pessoas e os lugares.

O jovem operário começa a trabalhar e constitui um lar mais cedo do que o jovem burguês. O rural ingressa com o serviço militar, no mundo dos adultos, enquanto o estudante prolonga a sua dependencia para lá dos 2 5 anos.

Estará porventura algum de nós de acordo em que a juventude biopsicológica e a juventude espiritual se confundem?