A educação do jovem, por axioma, é da responsabilidade da Família da Igreja e da Escola.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Prepará-lo também ao jovem na Igreja. E, logo na Escola para aí com a instrução a mesma educação se completar em toda a exigência do nosso tempo e sempre orientada para exigências maiores, que são as do futuro.

Mas o educador, e assim no Lar, e assim na Igreja e assim na Escola, não pode nem deve limitar-se a ensinar ou dar concelho. E também há-de iludir-se, quando professor, ao julgar que é possível encaminhar os jovens pelos caminhos delineados através de inquéritos, e não do exame, tudo isso que muita vez pretende arremedar ciência e não é mais do que um jogo de conveniências. Porque o educador há-de impor-se ao jovem, sobretudo, pelo seu exemplo, para bem o orientar.

À moda velha, a casa dos pais tem de ser a escola dos filhos. E sê-lo-á hoje em dia? Jamais determinou ou ensinou a Igreja que a formação religiosa obrigue a ignorar ou desprezar quanto diz respeito à formação do português - e nada caberia dizer, pois a esse respeito. Mas não haverá quem pense outra coisa? E a Escola há-de negar-se na sua real missão de toda a vez que vier a condescender com orientações que não são as nossas, conduzindo os jovens para rumos que não os da portugalidade autêntica. E não andará por vezes, a Escola a negar-se quando transige?

As dúvidas que nos [...], obrigando-nos a temer pelo futuro, não são apenas fruto de um momento, pois que se inserem numa linha de evolução que de longe vem. De toda a vez que se transige, oferece-se campo aberto a quem nega toda a realidade que é uma civilização evoluída e uma cultura bem caracterizada. E esse que ardilosamente aguarda um descuido ou que espera da nossa parte, uma transigência, esse é o inimigo da nossa pátria e da família de cada um de nós, negando e combatendo Cristo.

Bem sabemos que é assim e há muito já que suportamos a dura experiência das tentativas de assalto à cidadela. Só porque alguma vez a Família se esqueceu da responsabilidade que lhe cabe e a Escola se negou, quando era da sua obrigação esclarecer, amparar, encorajar, para que uma autêntica formação enchesse o vazio das almas do seus alunos e viesse a agregá-los numa aspiração colectiva. Quando assim acontece, a quem cabe a culpa, se não ao pai e ao professor?

Importa interrogar sempre deste jeito, apontando o que está errado para melhor reencontrar o verdadeiro caminho da salvação. E se não discutimos Deus, nem a Pátria, nem a Família - e foi o Mestre por excelência quem assim o proclamou -, então pesa sobre nós responsabilidade inteira, de toda a vez que viermos a consentir que outros o façam.

Há-de o mestre apresentar-se ao discípulo como exemplo e modelo, se aspira a educá-lo, que é mais do que instruí-lo. Não lhe basta divulgar conhecimento que adquiriu ou revelar a conclusão a que chegou ao cabo das suas investigações. Mais do que desempenho de uma função, qual é a de transmitir conhecimento, cabe-- lhe sim uma verdadeira missão, qual é a de mostrar e demonstrar a escala por que o mesmo conhecimento se afere, quando orientado para a formação.

O mestre há-de ser exemplo - e logo na pontualidade, e logo na integral ocupação do tempo lectivo. E outro tanto fora da sala de aula, dando-se ao convívio com os seus alunos, ajudando-os na resolução das suas dificuldades e no esclarecimento das suas dúvidas, encorajando-os na maré do desânimo, transmitindo-lhes apreço na hora do julgamento. E ainda o mestre continuará - para além das paredes da sua escola, dentro da sociedade em que integra, exemplo de constância, de integridade moral de inteira devoção ao bem comum.

Quando na aula e porque educador, o mestre há-de ver em cada aluno, para melhor o compreender e mais o respeitar, alguém da sua família, tratando-o até como se fora seu filho. E logo aí no convívio da escolaridade o mestre tem de impor-se como autêntico modelo, educando os discípulos através da lição do recto procedimento. E então o mestre, conduzindo o aluno por essa via a aceitar

O Sr. Fernando de Matos: - V. Exa., dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Fernando de Matos: - V. Exa., está a falar brilhantemente como ilustre professor da faculdade de Letras e focou agora um ponto que suscita realmente uma reflexão que é pertinente, porque, apontando as responsabilidades da escola e da família, talvez deva acrescentar as responsabilidades dos departamentos responsáveis pelo óptimo funcionamento que V. Exa., deseja sobre a responsabilidade dos professores perante a grei.

Poderíamos apontar aqui certos livros escolares que falseiam a razão profunda da nossa história, que desvirtuam as constantes da nossa evolução secular, livros que toda a gente conhece e que, inclusivamente, a pretexto da literatura, inculcam nos alunos a dialéctica marxista e hegeliana, como já demonstrou pùblicamente o nosso ilustríssimo colega Cónego Henriques Mouta em artigos sucessivos de notável poder persuasivo, depois coligidos em volume.