Portanto, parece me que muitas vezes vale mais uma medida do Estado de proibição do que 20 ou 30 discursos brilhantes. Há que insistir na vigilância dos livros e das prelecções, porque - isso tem sido publicado e ouvido - não há dúvida nenhuma que em muitas escolas se desvirtua a história nacional e os altos intentos por que vivem e vieram todos os portugueses como entidade colectiva.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Pinto de Mesquita: - A vigilância tem de começar pelos próprios livros escolares.

O Sr. Fernando de Matos: - Exactamente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se e para tanto, não apenas o ensino da história ou da filosofia ardilosamente, também há quem proceda assim ao ensinar literatura ou até, mesmo ciências naturais. O que interessa a esses professores é aproveitar toda a oportunidade que se lhes oferece.

Mas nessas oportunidades e da parte de cada um dos professores que agem de tal maneira, e não ao serviço de Portugal deixa, também, de haver um educador - e a juventude foi, de novo, traída.

É o problema da educação que está em causa neste debate e não pode ser ignorado tudo o que diz respeito a instrução e formação da juventude. Razão bastante para não deixar de aludir ao que no particular da mesma instrução e formação através da Escola, também está possuído de actualidade, gerando ser as apreensões quero referir-me à escassez de professores e à deficiente preparação de que muitos deles são acusados.

Ouvimos aqui pertinentes considerações sobre esses aspectos do problema, feitas por quem possui, a dentro dos diversos escalões do ensino, um conhecimento directo dos factos, estando assim habilitado a formular um juízo.

E anotámos então que uma das causas das deficiências apontadas assenta na posição dos mesmos professores, quando integrados no meio social negando-se-lhes prestigio não os remunerando de acordo com a missão para que são chamados, implicitamente se abatem as razões que levaram os novos a seguir essa carreira.

Pode o Estado resolver esta questão, e estamos certos de que assim acontecerá, porque já foi assim previsto e afirmado. Mas a intervenção do Estado, em toda a problemática da educação da juventude, não pode ser limitada à melhoria da situação do professorado. Essa intervenção, imediata e decisiva, deve orientar-se, antes de mais, no sentido de corrigir o que está errado, de estimular toda a iniciativa que interessa, fundamentalmente, à juventude.

Não pode nem deve consentir que a missão da Família seja traída ou minimizada, por exemplo, sempre que uma pretensa literatura, emporcalhada, dissolvente, é oferecida o, curiosidade dos jovens e a rastos de barato - o que leva à suspeita de que há uma intenção a determinar a sua circulação. Não pode nem deve consentir que a missão da Escola seja traída ou minimizada sempre que o professor deixa de ser um educador português paia andar preocupado com a divulgação de ideia contrárias ao próprio interesse nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Cumpra o Estado o seu dever - e não mais a juventude continuará a ser traída. Mas cumpra-o sem demora, paia que volte a ser verdadeiramente nosso, na expressão própria e na força de ânimo em que ela se projecta, o «evangelho português» de que falava o cronista.

Os jovens sofrem sacrificam-se a toda a hora e muitos deles ofereceram já à Pátria a própria vida. Perante a sua atitude, não se admite uma hesitação. Hesitar é (...).

Vozes: - Muito bem muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

da qual depende internamente a sobrevivência desta velha nação, todos temos o dever de gritar bem alto o que todos segredamos, baixinho, e a ambiguidade só pode ter o nome da traição».

Louvo, pois, e louvo sem medida o gesto do Sr. Deputado Braamcamp Sobral trazendo à ribalta problema de tão grande interesse para o futuro do País, como chefe de família cristã e experimentado servidor que foi, da Mocidade Portuguesa.

Nada de novo posso trazer a esta tribuna. O meu pensamento, que é atinar o pensamento do País - profundamente cristão -, está claramente expresso nas intervenções que referi e que fui levado a publicar em folheto, o que teve o mérito de provocar a imerecida honra, que jamais poderei agradecer, de um notável prefácio para os meus humildes trabalhos do eminente mestre do Direito da Universidade de Coimbra Sr. Prof. Doutor Guilherme Braga da Cruz, o que, dada a rigidez do seu carácter, sou levado a crer devo não se à benevolência com que me distingue, mas acima de tudo é premência do problema e justem das doutrinas e anseios que me foi dado exprimir.

Julgo que o aparecimento desse prefácio clarividente, como é próprio de quem o subscreve, foi alto contributo pi estado, pois foi da ocasião a que mais uma vez fosse exporta, com brilho, a doutrina da Igreja em tal matéria,