uma piscina de determinado liceu, estão a servir de despejo dos trastes estragados e de nada mais.

Nas escolas primárias, que obedecem a plantas tipos mais ou menos estandardizadas, construíram-se recreias; a sua finalidade, porém, ainda ninguém a definiu completamento.

Já existe, assim, embora com muitas deficiências, uma infra-estrutnra desportiva, que bem poderia ter servido para a prática das actividades da educação física da juventude se tivesse havido preocupação de a ministrar.

Tal preocupação, porém, nunca dominou muito os nossos reformadores.

No ensino primário oficial as crianças que frequentam as respectivas escolas vivem completamento fora da prática nacional da ginástica e do desporto, que se lhes não ensina nem nessas escolas, nem em qualquer outro lugar dos meios em que habitam.

Por outro lado, no ensino secundário, estabeleceram-se programas tão densos e exige-se tanto aos .alunos que estes, ainda que u desejassem, não tinham tempo livre para se dedicarem ao desporto ou às suas actividades afins.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Factos semelhantes se passam no domínio do ensino superior, em que, a despeito de as magníficas instalações dos estádios aliciarem os jovens para a prática dos desportos nas suas várias modalidades, se nota uma confrangedora ausência de atletas ou até de interessados em se iniciarem nas actividades gimno desportivas.

Ora se muito interessa à Nação que a sua juventude tenha um elevado grau de instrução, não lhe interessa manos que essa instrução assente em conveniente estrutura atlética, que é sempre um seguro índice do equilíbrio das funções vitais dos jovens que a possuem.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Impõe-se, por isso, encarar bem a sério a difusão e o fomento do desporto e das actividades gimno-desportivas em todo o território nacional e em todos os sectores onde o desporto se possa praticar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No sector escolar haverá que dar início, sem atardamentos, à prática do desporto e da educação física nos domínios dos ensinos primário e médio e incrementar a mesma, prática nos restantes sectores.

Mas tem de começar-se efectivamente pelo princípio. Para tanto tem de olhar si com o máximo interesse para os programas do ensino primário e, a par da escolaridade obrigatória e mais longa, incluir nesses programas a educação física e desportiva adequada- às idades- da avultadíssima população deste grau de ensina.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Encaminhada paru aã actividades gimno-desportivas quando inicia a sua instrução, a juventude que desponta para a- vida sentirá muito menores dificuldades em aprender do que as que sente hoje, totalmente alheada, dessas úteis actividades.

Por outro lado, a inclusão do desporto no ensino primário como tema essencial levará à criação de uma disciplina que não custa a aceitar, a qual gerará hábitos de ordem, método e de respeito, que não elementos preciosos para a

educação da juventude, cada vez mais açoitada pelas grandes inconsiderações do tempo presente.

Começar pelo princípio, isto é, nas escolas primárias, a praticar o desporto é lançar as bases de uma educação da juventude a todos os títulos meritória e eficaz.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas, pura isso, torna-se ainda necessário que o ensino seja encarado com a intenção de o tornar apto a servir os fins em vista, com os agentes suficientes e idóneos e devidamente remunerados.

Não se poderá esquecer que terá de ser coberta a vastíssima área rural, onde a vida é difícil e faltam as acomodações.

A juventude desinteressada das práticas gimno-desportivas representa um contra-senso que é altamente ofensivo dos grandes interesses da Nação, por ser lesivo do mais valioso dos elementos do seu capital humano.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas interessa é fazei- uma ideia do conjunto do desenvolvimento gimno-desportivo nacional.

Para isso há que tomar conhecimento dos números oficiais que a- carta elaborada pela Direcção-Geral dos Desportos nos fornece agora, em relação à época de 1962-1963.

Tendo tomado por base a existência de 8 889 392 almas na população metropolitana portuguesa, e verificando que neste número se contavam em 1960, ano do censo, 3 811 791 indivíduos cuja idade se compreende entre os 5 e os 29 anos, que são aqueles a quem mais podem interessar as actividades gimno-desportivas, a referida carta desportiva apresenta números extremamente elucidativo».

Assim, chegou à conclusão de que, na mencionada época de 1962-1963 havia apensas 114 029 praticantes desportivos, dos quais 62 227 se integravam no desporto escolar; 10 576 no desporto corporativo, e 41 226 no desporto federado.

Desta sorte, chega-se à impressionante certeza de que apenas 1,28 por cento da. nossa população geral e menos de 3 por cento da nossa juventude se dedicavam à prática das actividades gimno-desportivas naquela época ainda próxima.

Reflectindo o desinteresse verificado nas grandes reformas do ensino pela prática do desporto, foi possível chegar à mesma altura com um número «extremamente baixo de agentes de ensino.

Efectivamente, segundo os mesmos elementos oficiais em relação à época de 1962-1963, apenas 291 indivíduos exerciam actividade docente de educação física em estabelecimentos oficiais, dos quais apenas cerca de 150 haviam sido diplomados pelo 1. N. E. F.

Repartidos pelos estabelecimentos oficiais de sector escolar, caberiam a cada um nada menos de 657 alunos, em média, que subiria, contudo, para 1204 se se considerarem apenas os professores diplomados pelo referido Instituto.

Ora, sabendo-se que u cada agente do ensino gimno-desportivo não devem caber mais de 3000 alunos como número máximo dentro dos aceitáveis limites de actuação com utilidade, logo se vê quão aterrador é o deficit destes técnicos na nossa orgânica desportiva.

E nem só torna necessário documentar esse deficit considerando os contingentes de alunos do ensino primário que têm estado mim verdadeiro limbo criado pela persis-