As semanas são assim um testemunho e um serviço. Um testemunho de consciência, de responsabilidade e trabalho, um serviço material e pessoalmente desinteressado, por isso de inspiração cristã.

Que proveito terá resultado para os Açores desta iniciativa?

A resposta é ainda de um filho dos Açores, o Dr. Cunha Oliveira.

Quando é que, e em tão bom clima, se reuniram tantos e tantas vezes os açorianos para estudar a realidade comum a todos. Quando e a tão baixo preço para o erário público foi possível trazer aos Açores pessoas do continente e até do estrangeiro que nos ficaram conhecendo melhor, estimando mais e, por conseguinte mais aptas a entender a nossa voz sempre que ela se ergue justificadamente em prol dos interesses açorianos?

Na verdade, Sr. Presidente, abriu o coração pela aproximação amiga das pessoas, liberta de formalismos e preconceitos, é condicionar um trabalho mais são e uma visão mais clara à própria inteligência.

Que aprendi eu nesta experiência?

Algo da geografia dos Açores, da sua paisagem humana, das dificuldades com que se luta, das potencialidades económicas de que se dispõe, enfim do esforço que todos devemos dar a umas ilhas maravilhosas na sua marcha para o progresso.

Vozes: - Muito bem!

o, embora só ùltimamente, somos três distritos e mais do que isso sempre fomos nove ilhas. E até dentro da mesma ilha quantas vezes nos colocamos a Norte e a Sul a Levante e a Poente»

Talvez isto tenho ajudado etnólogo da Terceira, o Dr. Luís da Silva Ribeiro a compor o seguinte quadro, como característico da psicologia dos seus irmãos do arquipélago o exagero das paixões locais, o excesso da susceptibilidade de carácter o amor excessivo à terra natal, a falta de experiência do mundo e a limitada visão dele por condicionamento do quadro de vida bem como em relação ao continente o predomínio do tipo introverso e de algumas qualidades apolíneas sobre as dionisíacas, ponderação, obstinação, modos graves e comedidos, fala baixas e mansas, danças e canções arrastadas, quase hieráticas.

Naturalmente que este isolamento foi contrariado por pessoas externas. Primeiro as naus da Índia, depois as armadas do Brasil logo a seguir a emigração. Em 1617

Já se dava conta da saída de casais açorianos para o Brasil. Mas foi sobretudo a partir de 1840 que começou e emigração para a América do Norte. Foram já mais de 10 000 emigrantes os que se fixaram nos Estados Unidos até 1870 e a corrente engrossou sempre. Até ao advento da II Grande Guerra foi sem dúvida esta emigração o evento que mais profundamente se representou no viver habitual dos nossos irmãos insulares.

Se comparamos os elementos dos censos populacionais de 1864 e de 1960 tomaremos algumas conclusões expressivas.

Na verdade se a densidade média do arquipélago subiu de 108 habitantes/Km2 em 1864 (249 272 habitantes) para 142 habitantes/km2 em 1960 (327 380 habitantes) a distribuição por ilhas sofreu alterações profundas.

Em S. Miguel (105 407 habitantes em 1864 e 168 691 em 1960) a densidade subiu de 141 para 226 habitantes/Km2 o que também revela o desenvolvimento económico da ilha, ainda assim cheia de dificuldades no que respeita a própria pressão demográfica e a anacrónica estrutura agrária.

Este acréscimo de 60 por cento em S. Miguel se for proporcionalmente excedido por Santa Maria (3863 habitantes em 1864 e 13 233 em 1960), onde a densidade subiu de 60 habitantes/km2 paRA 136, ou seja, uma variação de +126 por cento.

O sucesso de Santa Maria ficou ligado ao seu aeroporto.

Foi ainda a aviação, com a base das Lajes, que constituiu pólo de atracção para a Terceira (47 895 em 1864 e 71 610 em 1960). Aí a densidade teve um incremento de 36 por cento subindo de 116 habitantes/km2 em 1864 para 180 habitantes/km2 em 1960.

Mas ficou por aqui o aumento populacional do arquipélago.

Na Graciosa a população em 1960 (8669 habitantes) era pouco inferior à de 1864 (8718 habitantes), com uma densidade média de 142-143 habitantes/km2. Mas já em S. Jorge se verificou u decréscimo de 12 por cento (17 998 habitantes, ou seja 76 habitantes/km2 em 1960), no Pico de 21 por cento (27 736 habitantes em 1864, ou seja, 64 habitantes/km2 21 837 em 1960 ou seja, 50 habitantes/km2), no Faial (26 264 em 1864 e 20 281 em 1960, ou seja, respectivamente, 153 e 118 habitantes/km2) e no Corvo (883 e 861 habitantes, ou seja, 51 e 39 por quilómetro quadrado) de 23 por cento e nas Flores de 37 por cento (10 508 habitantes em 1864 e 6583 em 1960, ou seja, respectivamente, 74 e 46 habitantes/km2).

Sr. Presidente: Realizaram-se nos últimos anos, com a intervenção de brigadas do Instituto Nacional de Investigação Industrial e da Junta de Colonização Interna, inquéritos que com base em cerca de 10 por cento das explorações agrícolas, nos permitem tirar algumas conclusões sobre a actualidade económico-social da agricultura açoriana.

Os apuramento já efectuados, e com as limitações que um trabalho desta natureza comporta, revelam a fragilidade da vida das populações insulares.

Ainda assim porém comparada com a das outras populações rurais metropolitanas o desequilíbrio não é notório.