senhores, se será isto possível e admissível na nossa época Pois o facto, embora raramente, tem-se dado.

As cargas e descargas fazem-se, principalmente durante o Inverno, nas mais precárias e deficientes condições, com grave perigo para quem nelas trabalha. E, como consequência de tudo isto, é o total descontentamento que se gera são os armadores dos navios - e com realce para a Empresa Insulana de Navegação - que vêem os barcos parados dias seguidos, a aguardar melhoria de tempo para poderem trabalhar, são os passageiros que, além de perderem um tempo precioso, vêem seriamente ameaçada a sua integridade física, e para eles os embarques e desembarques acabam por constituir autêntico pavor, são os comerciantes e industriais que vêem chegar ou partir as suas mercadorias, não só com um grande e prejudicial atraso, como também, muitas vezes, deterioradas pelo mar e pelo tempo, e é finalmente, o público pagante que sofre, em última análise, todos os resultados.

E, além de tudo, que já não é pouco, que falar do turismo e das legítimas aspirações turísticas dos Açores? Legítimas, porque, sem favor, aquelas ilhas possuem privilegiadas e inigualáveis condições para o turismo Bastava citarem-se as excepcionais e variadas belezas naturais a amenidade do clima, a lhaneza do trato das suas gentes, a atracção e temperatura das águas dos seus mares, para se encontrar nelas aliciante cartaz turístico.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Todavia, das restantes sete ilhas, a mais carecida de ver resolvido o problema portuário é, sem dúvida, a ilha Terceira- já pela sua importância, com uma população de 80 000 habitantes, já pela sua situação - a mais central do arquipélago -, aquela ilha tem urgente e inadiável necessidade de um porto de abrigo à altura de aumento constante de passageiros e de cargas que ela movimenta Só no ano passado, ou seja em 1966, o número de passageiros entrados e saídos nos portos da ilha Terceira cifrou-se em 108 193, e o número de navios foi de 469 entrados, dos quais 60 eram estrangeiros, e 474 saídos, dos quais 59 estrangeiros Basta atentarmos nestes números para se ver a urgência e a acuidade do problema.

Que dizer então se um dia tivermos um porto à altura, onde os navios possam entrar, atracar e sair, e até abrigar-se, com a maior segurança e onde os passageiros tenham a certeza de que a sua chegada ou partida se fará sem incidentes? Que dizer de um porto em que a cada vez maior frota de pesca se possa fazer ao mar com mais tranquilidade, sabendo que em caso de tempestade dentro de pouco tempo se encontrará a salvo? E, finalmente, que dizer de um porto em que o turista possa confiar com bom ou mau tempo, e não como agora acontece, que não permite saber se se poderá ou não desembarcar ou embarcar? Só numa ocasião, no mês de Janeiro deste ano, quatro navios que demandavam a baía de Angra do Heroísmo (com umas centenas de pessoas e uns milhares de toneladas de carga a bordo) perderam tanto como 400 horas, ou seja mais de 16 dias, aguardando o bom tempo, em virtude de Angra não possuir um porto à altura. Parece-me não ser necessário acentuar o que isso acarreta de avultados prejuízos, não só para as companhias armadoras, mas também para passageiros, comerciantes, industriais e público em geral.

A aspiração de um porto de abrigo na ilha Terceira já vem de séculos. Já D. Pedro IV, quando ali esteve, o havia prometido. Mas daí para cá as promessas têm-se sucedido, e já se fizeram estudos, sem que até agora se tenha traduzido em realidade o que as necessidades da hora presente tanto impõem. Entretanto, a descrença e o pessimismo vão-se apoderando de todos.

Contudo, surge agora uma nova esperança ciente das razões que nos assistem, o Sr Ministro das Obras Públicas exarou um despacho, no dia 20 de Dezembro passado, em que, perante os estudos em curso, com apoio da via laboratorial, determinou que se prossiga activamente nos estudos de um porto de abrigo na ilha Terceira, de modo a poder orientar-se, oportunamente, a actividade a desenvolver ao abrigo do III Plano de Fomento. Está assim esse grande Ministro que é o Eng. º Arantes e Oliveira e a quem este país tanto deve incluindo nele as nossas ilhas, atento ao problema.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Um porto de abrigo custa muito dinheiro! É uma verdade incontestável. Mas também a Terceira bem o merece, pois tem prestado, através da sua gloriosa história, e sempre com a maior honra, inestimáveis serviços à Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas, Sr. Presidente, não basta construir um porto de abrigo, nem tão-pouco aumentar, melhorar e apetrechar convenientemente outros pequenos portos nas outras ilhas, como Santa Maria ou Graciosa, Pico ou Flores, se não houver barcos em condições para assegurar as necessidades normas do arquipélago Quero, todavia, dizer que de há um ano para cá se notou, ou, melhor, se teria notado, uma melhoria nítida no capítulo de comunicações marítimas, se não tivesse sido o caso da grave avaria desse excelente paquete que é o Funchal. A compra do Angra do Heroísmo, navio que desloca mais de 10 000 t, embora não tenha agradado a todos, não há dúvida de que vem ajudar a resolver o grave problema do transporte de passageiros e cargas. Além disso, o Funchal, quando retomar as viagens - o que se espera seja em Junho próximo -, deixará de ir às Canárias, resolução pela qual aqui tanto pugnámos, podendo assim, com mais tempo, cumprir cabalmente o fim para que foi construído, isto é, servir a Madeira e os Açores.

Contudo, o problema das cargas ainda está longe do fim almejado. Se a Empresa Insulana de Navegação quer, na verdade, servir aquelas ilhas, de cujas comunicações