Por isso a sua trágica morte foi imensamente sentida na minha teoria e em todo o distrito.

Sr. Presidente: O meu anseio, o nosso anseio, eu exprimo-o numa súplica a Deus para que salve a vida do nosso infeliz companheiro e lhe restitua todas as suas faculdades, para poder suportar a sua enorme dor e voltar a exercer a sua profissão com o costumado brilhantismo

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - e realizar, com o seu habitual aprumo todas as suas distintas actividades particulares e publicas, sociais e políticas numa revelação total do seu alto valor do seu nobre carácter e da firmeza dos seus ideais. E a presença aqui do Dr. Aulácio de Almeida significa a Assembleia Nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O S. Rocha Calhorda: - Sr. Presidente: Pedi a palavra para apresentar o seguinte:

Requerimento

Em 14 de Dezembro do 1966 apresentei um requerimento pedindo alguns elementos a fornecer pelo Conselho do Câmbios da província de Angola, através do Ministério do Ultramar, com vista a futura intervenção nesta Assembleia.

Dado que em recente deslocação àquela província fui esclarecido de que tais elementos haviam sido expedidos por via aérea em 17 de Janeiro do corrente ano, com a sinopse n.º 230, o endereçados ao Gabinete de S. Exa. o Sr. Ministro do Ultramar e terem entretanto decorrido perto de dois meses sobre a data daquela expedição, sem que tais elementos me fossem entregues, usando do direito que o regimento da Assembleia Nacional me concede e embora tão grande demora tenha prejudicado já a consulta e estudo que pretendia fazer com vista à intervenção na ordem do dia em que hoje estou inscrito, requero as providências julgadas possíveis para ser dado cumprimento ao meu requerimento de 14 de Dezembro de 1966.

O Sr. Duarte do Amaral: - Sr Presidente: Não sei se a Garrida repicou na torre da Senhora da Oliveira, pois andam as gentes tão distraídas do seu destino neste mundo e preocupadas com os dolorosos problemas do seu dia a dia que não sei, na verdade, se teve a devida repercussão junto dos Vimaranenses, dos católicos portugueses e das nossas camadas cultas o recentíssimo preenchimento, após vicissitudes várias e dezenas de anos de vacatura, do cargo de dom-prior de Guimarães.

Mas o coração do povo daquela cidade e região foi com certeza tocado por essa medida de S. Exa. (...) o Sr Arcebispo-Primaz, os católicos portugueses ter-se-ão dado conta de como uma inteligência brilhante pode ajustar as mais modernas orientações do Concílio à manutenção de tradição tão velha como a Pátria, a gente culta de Portugal há-de ter apreciado o acto que renova uma instituição cujo papel na história religiosa, política e cultural do País foi extraordinàriamente notável.

Pode asseverar-se, independentemente de certas tradições e referências, que a existência histórica de Guimarães data do século X, com fundação ou transformação de um mosteiro já existente pela condessa (...) e também com a fundação pela mesma princesa do Castelo de Guimarães. Foi à volta de um e outro que foi crescendo a terra onde Portugal nasceu.

O convento transformou-se, durante o governo do conde D. Henrique, ou talvez no de D. Afonso Henriques em colegiada. É fácil de conceber a extraordinária influência dessa corporação religiosa, dirigida pelo dom-prior, riquíssima e cheia de pessoas influentes pelas suas virtudes, nascimento ou posição, ali, no lugar de maior importância política da época, na corte principal dos condes D. Henrique e D. Teresa e de seu filho D. Afonso Henriques.

De resto, a Colegiada exerceu sempre, além das suas primaciais funções religiosas, funções culturais teve a primeira biblioteca existente em Portugal e antes de a Lei da Separação lhe tirar os últim os bens já ela exercia com grande brilho essa função por intermédio do seminário-liceu, concepção escolar de vanguarda, da qual a Colegiada foi precursora e que de novo, agora, se ensaia aqui e no estrangeiro.

O Sr. António Santos da Cunha: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. António Santos da Cunha: - Eu desejava associar-me, do íntimo do meu coração, às palavras que V. Exa. está proferindo a propósito da restauração, chamemos-lhe assim, da Insigne e Real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira. E associo-mo também aos cumprimentos que V Exa. dirigiu ao Si Arcebispo-Primaz, por ter tomado esta iniciativa.

E que, num tempo em que se pretende (...) tudo, dá-se de novo vida a uma instituição que está ligada à história de Portugal, instituição nobilíssima que com o maior aprazimento todos os portugueses e de uma maneira especial os Minhotos, os filhos da arquidiocese de Braga, vêem com o maior regozijo restaurar.

O Sr. Eng.º Duarte do Amaral, interpretando como sempre os anseios do burgo vimaranense, vem aqui dizer do seu agrado pela medida tomada. O agrado não é só dos Vimaranenses, mas de todos os portugueses, que justamente se revêem na Real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, porque ela é, sem dúvida, uma grande instituição de Portugal, intimamente ligada a sua história.

O Orador: - Muito obrigado.

Pois no centro de Guimarães, onde é hoje o Largo da Oliveira, antigamente chamado Praça Maior, lá estão os restos, ainda muito belos, de Santa Maria de Guimarães ou, como começa a dizer-se talvez a partir de D. João I, mas com certeza desde o tempo do Piedoso, de Nossa Senhora da Oliveira.

Lá está o histórico conjunto da poderosa instituição que foi chamada finalmente de Insigne e Real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães a igreja com a sua torre, o claustro e a Casa do Capítulo, os palácios dos dons-priores e o elegante padrão da batalha do Salado.

A Virgem, ali invocada, era então a padroeira de Portugal, e aquela igreja, o centro de peregrinações dos Portugueses. Nos séculos XII e XIII, e até mais tarde, Guimarães foi de certa maneira o que hoje é Fátima. Chegou a haver para instalar os peregrinos dez albergarias, e àquela antiga vila vinham os (...) e o príncipes, os senhores e todo um povo rogar a Deus nas suas aflições e agradecer a Santa Maria os seus favores.

Em 1385, D João I, quando soube que o seu homónimo de Castela lhe queria disputar a posse do Reino, foi para