O ano de 1965 não somou à economia se S. Tomé e Príncipe, nem ao seu comércio externo, nem à situação financeira, embora fosse possível fechar a conta com saldo de 4 842 contos, o mais baixo registado até aquele ano.

As causas desta desventura fundamentam-se quase todas na baixa de cotação do cacau, que é o principal esteio da economia provincial.

Este problema da monocultura tem sido tratado nestes pareceres quase desde o inicio da sua publicação, em 1934. O cacau, com produtividade inferior dos concorrentes da província na maior parte dos casos, está sujeito a flutuações de pi ecos, muitas, vozes originadas em dificuldades financeiras ou económicas de países produtores que lançam no mercado inoportunamente grande quantidades de cacau, aviltando os preços O efeito da baixa na cotação reflecte-se no equilíbrio do comércio externo. No curto período de 1905-1965, os valores

unitários variaram entre um máximo de 2 700$ (por tonelada) e um mínimo de 9 400$, em Menos de metade. Até no caso de valorização adequada em outros produtos de exportação a influência do cacau é tão grande que ela quase se torna imperceptível. Em 1963 o valor unitário do cacau caiu muito e o dos outros produtos - o café, a copia, o coconote e até o óleo de palma - melhorou apreciavelmente. Apesar desta valorização, as exportações de S. Tomé e Príncipe foram as mais baixas desde 1930 e o saldo da balança do comércio, que atingia 123 036 contos em 1954 reduziu-se a 1000 contos em 1965.

Assim vai caindo a economia de uma província rica, por efeito da monocultura e de movimentos de cotações com origem em outros países produtores, talvez em seu próprio detrimento. Os pareceres têm aconselhado a diversificação de culturas e

esforços no sentido de melhorar a produtividade. Não parece que tenham tido grande aceitação os conselhos.

O problema não é fácil num pais de arreigadas tradições e muitas vezes de indiferença em malária económica, embo ra S. Tomé e Príncipe tenha atravessado períodos de grande prosperidade.

Teria sido então a ocasião para proceder a alterações de base na sua estrutura, dado que se registavam lucros apropriados.

Não se previu em tempo de "vacas gordas" o tempo de "vacas magras". E daí as dificuldades.

Mencionou-se já a possível cultura de bananas e outros frutos tropicais que hoje tem grande consumo na Europa.

É com agrado que se regista a primeira exportação de bananas. É pequena, apenas 15t, no valor de 17 contos. Mas pode ser que a introdução de uma nova variedade e melhor conhecimento desta cultura, que possa trazer novo alento à economia de S. Tomé e Príncipe.

Os países vizinhos, no continente africano, produzem e exportam grandes quantidades de bananas. A Costa do Marfim, a Guiné, a Somália e o Congo não Têm melhores condições. Dificuldades políticas influenciam a produção nalguns deles, noutros o cultivo é caro, como na Somália. Talvez fosse ocasião de preencher o vácuo deixando por menores remessas de alguns destes países.

É neste sentido que deve caminhar resolutamente a economia de S. Tomé e Príncipe.

Sem descurar as produções actuais, deve fazer-se um esforço no sentido de introduzir novos produtos no mercado. A produção em 1965 pode resumir-se no quadro que segue:

(a) Valores corrigidos definitivamente na provincia.