Ainda felizmente este ano há a assinalar progressos na situação económica e financeira de Macau. Em poucos anos, esta província, de exígua superfície, sem as perturbações da economia agrícola oscilante que caracteriza outros territórios nacionais mas situada num recanto onde se repercutem tantos acontecimentos mundiais, conseguiu um nível de prosperidade que, embora longe de ser espectacular, permitiu o equilíbrio económico e financeiro e pode servir de base a desenvolvimentos de natureza material mais intensos, em futuro próximo.

Macau vive da indústria e do comércio, e ultimamente um surto de turismo que começa a ter relevo na economia interna influi muito na sua prosperidade. A posição geográfica põe a província em contacto directo com grandes áreas comerciais. Participa com o seu esforço na actividade de uma vasta zona em plena evolução económica, com contingências várias e até perigos que uma política sensata tem sabido conjurar.

Centro de refugiados de diversas origens não é fácil a conduta dessa política mas a população ordena e trabalhadora tem auxiliado a estabilidade no mundo dos negócios e das actividades. E, embora os níveis de consumo não hajam por enquanto atingido o grau de elevação possível, é certo que o progresso dos últimos anos concorreu muito para manter a evolução ascensional que se manifesta nas receitas e despesas orçamentais e no comércio externo. Os dois factores que servem de base ao julgamento das contas e da situação de Macau nestes pareceres, costumam ser a balança económica expressa nos pagamentos e no comércio externo e os níveis das receitas e despesas. Talvez fosse possível agora levar o estudo da província um pouco mais longe, pela criação de um órgão que permitisse recolher elementos destinados à avaliação dos consumos e a determinação do nível do produto nacional e seu destino. Não será fácil essa determinação, dadas as condições peculiares da província, em especial no que se refere aos negócios de metais preciosos.

Mas haveria com esse estudo dados mais certos para avaliação da matéria tributaria, que, no fundo, é a base do progresso da província e do bem-estar de seus habitantes.

A metrópole tem auxiliado na medida do possível a evolução da economia de Macau, pela, concessão de subsídios volumosos, sem juro que estão em começo de reembolso. Se o progresso continuar, serão dispensados es ses subsídios nas condições em que se concedem agora. Em 1965 as receitas melhoraram. A reforma tributária e o desenvolvimento interno produziram efeitos benéficos. O aumento de receitas ordinárias atingiu 41 257 contos num total de receitas ordinárias de 259 676 contos. Houve, assim um acréscimo da ordem dos 16 por cento.

Este resultado tornou possível encerrar as contas com o saldo de 31 533 contos depois de satisfeitas maiores despesas até algumas que actualizaram situações que se arrastavam à anos.

Por outro lado, e quantitativo das receitas extraordinárias foi menor, (menos 10 000 contos do que em 1964). O recurso ao empréstimo ou a subsídios da metrópole ressentiu-se da melhoria nas receitas ordinárias.

Quanto ao comércio externo, assinala-se deficit volumoso. Mas devem Ter-se em conta as condições peculiares da província e a influência das importações e exportações de metais preciosos, em especial do ouro.

O que interessa fundamentalmente na apreciação geral das condições económicas e o nível da produção interna, e neste aspecto parece que a indústria macaense está a progredir, e é susceptível de fazer progressos ainda, se algumas das actuais produções puderem ser mecanizadas, como tudo indica.

A província produziu em 1965 cerca de 47 800 000 patacas (239 000 contos) de artigos de vestuário exportados em grande parte. No ano anterior produzira-se um pouco mais de 40 000 000 de patacas. O aumento, da ordem dos 20 por cento, é sensível. Mas deram-se outras melhorias.

A fim de ter ideia das actividades de Macau publica-se a seguir uma lista das principais produções.

de

patacas

Em quase todas as rubricas se notam aumento em relação a anos anteriores, muito maiores nas porcelanas, e em diversas mercadorias.

Comércio externo O comércio externo exprime-se em patacas que é a moeda corrente na província. Depois de 1 de Janeiro de 1965 a pataca que se avaliava em 5$50 em moeda metropolitana, passou a tornar-se a 5$. Com este padrão é fácil converter em escudos os números do quadro seguinte que dá a importação e a exportação e o saldo da balança do comércio durante este número de anos.