de Albufeira este movido principalmente pela suspeita confirmada pelos seus insanos estudo de que o mártir do Japão Vicente de Santo António era natural da sua paróquia.

Assim se veio a descobrir que S. Gonçalo de Lagos, também frade agostinho, não fora o único algarvio, como até há quatro anos se pensava, cujos méritos determinariam a Igreja a distingui-lo com a auréola da santidade.

Ao esquecimento a que foram votados Gonçalo e Vicente não deve ser estranho o não prosseguimento dos processos de beatificação até ao termo de serem formalmente proclamados santos da Igreja.

Restaurar o culto do beato Gonçalo é fruto do trabalho iniciado em 1962 com as Comemorações do 4 º Centenário Gonçal no, celebrado em Lagos. Dar a conhecer, com vista especial aos Algarvios, a personalidade do beato Vicente de Santo António, já declarado padroeiro de Albufeira, e instaurar o seu culto será o objectivo próximo do Congresso Vicentino a realizar em 30 de Agosto a 3 de Setembro do ano corrente, por iniciativa do pároco e do Município daquela risonha e progressiva vila algarvia.

Do mérito dessa iniciativa é prova o patrocínio que S. Exa. o Sr. Presidente da República se dignou conceder-lhe o apoio o que lhe dispensaram os Ministérios das Obras Públicas da Educação Nacional e do Ultramar.

Seria natural dar uma circunstanciada nota biográfica de Vicente de Santo António mas prometi ser breve e reduzir as minhas considerações a uma também breve notícia sobre ele.

Resumirei num breve apontamento, como está na moda dizer-se, o quantum satis para que a Assembleia fique com uma ideia sobre quem foi o beato Vicente.

Sabe-se que nasceu em Albufeira em 5 de Abril de 1590, de famílias nobres, filho do médico António Simões oriundo de Sobral de Monte Agraço, e de Catarina Pereira daquela primeira vila.

De evidente inclinação para as letras e humanidades cedo veio estudar a medicina para Lisboa. Aqui aprofundou os conhecimentos das línguas clássicas foi músico consumado fosse na execução fosse na composição, em Lisboa dirigiu a famosa Tuna Lusitana, elegante e ágil cultivou a esgrima e, artista de sensibilidade apurada, haveria ele próprio de escrever e iluminar a acta da sua profissão religiosa.

Educado, porém na sua [...] numa vila em que então floresçam treze confrarias ou irmandades, cedo se deixou chamar para outros caminhos mais altos, e encontramo-lo ordenado sacerdote em 1617

Depois, foi a sedução de dilatar n Fé e apostolizar povos longínquos, sempre objecto querido dos missionários portugueses aonde haviam notícias de os nossos marinheiros terem chegado.

Com passagem pelo México, onde fez o seu noviciado, segue para as Filipinas, onde professa como agostinho descalço, e finalmente para o Japão, onde as perseguições aos seus irmãos de fé mais o incitavam a entregar-se totalmente às belezas e transcendências do seu ideal.

Foram doenças, viagens, perseguições e tormentos que, frutificando em ardor apostólico e conquista de almas, alargaram a fé entre os infiéis do grande império imponico.

Curioso assinalar é que, a esse tempo, a perseguição aos cristãos nas ilhas do Sol Nascente visava, não só evitar o proselitismo dos missionários cristãos, mas fazê-los apostatar na Fé e conquistar-lhes as próprias almas. Daí as ameaças e as torturas alternarem com promessas de honradas e seduções de toda a ordem, o que, por um lado, punha à prova a firmeza de Vicente e, por outro, prolongava os sofrimentos, porque enquanto houvesse um sopro de vida restaria uma leve esperança de conquista da alma do paciente.

Para se manter no Japão, despintar inimigos e fugiu a perseguições, Vicente serviu-se de todas as habilidades, naturais ou cultivadas. Fez-se mercados, esgrimista musico, prestidigitador, e utilizou os seus conhecimento, do medicina. Como S. Paulo fez-se tudo para todos a fim de ganhar todos para Custo

Preso, foi encarcerado em Nagasaqui e em Omura e no regresso àquela primeira cidade. Foi submetido ao chamado Inferno de Anna, onde o atormentaram com enxofre fervente até que convencidas de que a firmeza de Vicente era inquebrantável as autoridades o condenaram a morte pelo fogo com mais cinco companheiros. Despediu-se deles com um «Até logo, Até ao Céu» e morre de crucifixo erguido exclamando «Ânimo, cavaleiros de Custo Viva a Sua Santa Fé».

Srs. Deputados. Já uma tez escrevi.

Os santos, participando na intimidade de Deus, com Ele são sempre actuais, e sorvendo n'Ele, para a transbordar em amor e caridade, assumem também a universalidade divina.

Todos têm a mesma contemporaneidade e a mesma vivência na presença edificante do seu exemplo e na chama viva do amor por Deus no seu próximo e pelo próximo em Deus, que é caridade geral e exaltação total sopro de graça sem limitações nos horizontes dos tempos, ou estremas nas coordenadas do universo.

Eles atingem, assim, uma glória que transcende as fronteiras temporais e territoriais das pátrias.

A sua projecção é universal e, honrando o Mundo constituem motivo de são orgulho para o seu próprio pais.

Se o conhecimento da vida do beato Vicente de Santo António - o beato Vicente da Albufeira - for motivo para desenvolver o seu culto e carrear provas para a sua canonização e se a Nação Portuguesa contar mais um santo entre os seus filhos, não podemos deixar de reconhecer que esta Assembleia tem justificado fundamento para se associar às comemorações previstas para este ano em Albufeira Mais ainda numa região onde o lado mau do turismo mais se vem a evidenciar, será de todo o interesse que em troca, com o brilho do nosso céu e a tepidez da nossa água, ofereçamos o valor das virtudes dos nossos heróis e dos nossos santos, cujo exemplo