de propaganda da carne que se afirma querer fazer produzir e que quando vier requererá mercado.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Temos de ter uma política agrícola que seja política alimentar com vista à alimentação abundante, gostosa e sadia de toda a população e à rentabilidade das produções assente no que convém produzir e fazendo por que seja produzido.

Mas então teremos de ser decididos. Teremos de aceitar os preços que as coisas custam - embora não os que lhes acrescentem no caminho -, e não os que agradaria que custassem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E quando nos determinamos a uma produção, teremos de não desorientar a cada momento com importações intempestivas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Teremos realmente, de ter muito cuidado com os preços. Quando se reconhecer que devem ser corrigidos, sejam-no logo, enquanto vale a pena e surte efeito, resistir meses, ou anos tem-se visto ser a maneira de desanimar a produção enquanto espera e já a não satisfazer quando chega o aumento.

Vozes: - Muito bem!

sa industria tem de se fortalecer para estes e outros embates.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Maior produção, maior poder de compra não podem ser-lhe indiferentes, repito e insisto. Não me atrevo a dizer que só por isto não serão indiferentes ao Governo, mas certamente também por isto lhe não serão!

Chamada a lavoura a produzir mais, ainda resta ver como o conseguirá.

Técnica e capital, é a resposta. Já está dada de há muito, em palavras tais e tantas que não carecem de ser mais esclarecidas ou justificadas.

Em palavras, sim. Mas em factos?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não falarei hoje da técnica, é história longa e triste, que por minha parte há dezasseis anos venho desenrolando perante a Assembleia. Se as contasse outra vez, do princípio, tem quase a mesma actualidade e decerto não maior utilidade. Deixemo-la e esperemos que os lavradores multiplicando os meios técnicos nacionais pela abundante literatura estrangeira, com jeito para traduzir desta tanto as premissas como a linguagem, lá se consigam desembaraçar.

Mas julgo urgente falar do capital.

A agricultura moderna sem homens, relativamente pouca terra -porque cada vez mais procura aumentar os rendimentos unitários - muitas máquinas e muito consumo de adubos e sementes apuradas é grande consumidora de e capitais de estabelecimento e maneio. Ainda não haverá números portugueses, mas em França, nossa tradicional informadora, calcula-se que uma exploração verdadeiramente de ponta carecerá de 100 000 francos novos (600 contos) de investimento por trabalhador, contando a terra, calculam mesmo poder ir de 2 000 a 4 000 contos, quantas só excedidas na hidroelectricidade pelo custo das grandes barragens. Tal o preço de uma verdadeira agricultura industrial. Lá mal começada, muito menos entre nós.