Prevê-se que a poupança bruta das empresas privadas manterá elevado ritmo de aumento no período em que decorrerá a execução deste III Plano, com a taxa de acréscimo de 13,5 por cento, resultante das taxas de expansão estimadas para os lucros retidos e para as amortizações, respectivamente 15 e 11 por cento. Quanto à rubrica «Particulares, instituições privadas sem fim lucrativo e empresas não societárias», o reduzido significado de que se revestem os respectivos valores até 1963 e o facto de não se dispor de estimativas autónomas seguras levaram a adoptar propensão marginal à poupança análoga à da tendência verificada no período de 1958-1965, o que implicou taxa de crescimento anual de 12,3 por cento. Esta hipótese conduz a um acréscimo da respectiva propensão média à poupança de 4,1 por cento em 1965 1 para 5,9 por cento em 1973. A Conjugação das projecções de poupança das diversas origens permite estimar para o período deste III Plano o volume total de poupança interna bruta de 222 400 000 de contos a preços correntes.

Poupança disponível no período do III Plano de Fomento

(Preços correntes)

A poupança do sector público constituiria, em média, no hexénio de 1968-1973, cerca de 26,5 por cento do total da poupança interna disponível, aliás na linha da recuperação que tem vindo a manifestar nos anos mais recentes. Note-se, porém, que grande parte desta poupança terá de ser afectada ao auxílio financeiro ao ultramar - o que se estima em cerca de 6 700 000 contos - e ao financiamento das despesas militares extraordinárias.

Na poupança estimada para o sector privado assume especial relevância a parcela correspondente a sociedades, que atinge mais de 50 por cento do total da poupança interna bruta a formar no período de execução deste III Plano. Comparando as necessidades com as potencialidades de financiamento (quadros VIII e XIII), prevê-se um saldo de cerca de 23 milhões de contos a preços correntes, sem contar com o recurso ao crédito externo.

Necessidades e potencialidades de financiamento no período de 1968 -1973

(Em milhões de contos)

Admite-se que, na sequência das medidas de política financeira planeadas no sentido de promover mais perfeita mobilização de poupança e da sua canalização para o financiamento do processo de crescimento, se efectue a oportuna revisão das metas actualmente estabelecidas.

Importa ainda ter presente que a compatibilização entre necessidades e potencialidades de financiamento se insere no contexto mais amplo da política que visa a assegurar a estabilidade financeira interna e a solvabilidade externa da moeda - uma das condições essenciais a que se subordina o cumprimento do Plano e cuja observância deverá ser atentamente acompanhada ao estabelecer os programas anuais de execução do mesmo Plano.

§ 2.º Mobilização da poupança para o investimento A poupança formada em qualquer período, para além dos investimentos em capital fixo, pode ser dirigida para diferentes formas de aplicação financeira, ao mesmo tempo que parcela maior ou menor de poupanças de períodos anteriores é susceptível de reflectir-se nos investimentos reais do período em causa.

O completo esclarecimento da problemática que integra a formação da poupança e as suas diversas aplicações exige o estabelecimento de quadros de análise em termos de fluxos e de valores acumulados.

A actual escassez de elementos de informação aconselha, contudo, a restringir o estudo à forma como é financiado o investimento global em cada ano, independentemente do período de formação das poupanças, e obriga a limitar a observação ao período de 1960-1965.

Em qualquer caso, parece conveniente analisar os mecanismos da canalização da poupança para o investimento em duas ópticas distintas, considerando, por um lado, as entidades intervenientes como fontes de financiamento e, por outro, os mercados em que se processam as correspondentes transacções. Análise por fontes de financiamento Os meios financeiros dirigidos para o investimento pelas diversas fontes que actuaram no mercado metropolitano no período indicado podem ser observados no quadro que a seguir se inclui.

1 Em 1964 foi já de 5,6 por cento.