externos para produtos primários se apresenta com baixa elasticidade rendimento e, portanto, com fracas perspectivas de expansão. Além disso, não se devem perder de vista os efeitos das políticas proteccionistas seguidas em relação à agricultura dos países industrializados, que poderiam ser os nossos principais mercados compradores. Também não se podem ignorar as condições verdadeiramente artificiais, e não raro ruinosas, em que decorre o comércio internacional de certos produtos agrícolas em que poderíamos ter boas vantagens competitivas, como é o caso dos vinhos.

Apesar disso, ao estabelecer-se a comparação com outros países de grau de desenvolvimento análogo ao do nosso, nomeadamente os da região mediterrânica, poder-se-á ser tentado a concluir pela excessiva escassez da participação do sector primário no domínio da exportação. Essa escassez é, porém, largamente explicada pelo facto de o nosso país mão dispor de grande abundância de recursos naturais e, principalmen te, pelo facto de muitos dos nossos produtos alimentares e das nossas matérias-primas serem exportados já com apreciável grau de transformação e aparecerem, portanto, classificados como produtos industriais. E esse, por exemplo, o caso da madeira em obra, da cortiça em obra e da pasta para papel, que representam proporção apreciável das nossas exportações totais.

Aparentemente, Portugal faz centrar em produtos industriais grande parte da dinâmica das suas exportações. Contudo, é de realçar que a relativa preponderância desses produtos tem por base indústrias pouco influentes do ponto de vista de uma propagação de efeitos de desenvolvimento industrial, dado o grau limitado de inter-relações que afectam as actividades transformadoras da cortiça, da madeira e de certas especializações têxteis, comparadas com as que derivam do fabrico de produtos químicos, metálicos ^ de máquinas e material de transporte. Só à sua parte, os produtos têxteis representam cerca de um quarto das exportações da metrópole, o que, atendendo ainda à fraca proporção de vestuário e de obras de grande qualidade nesse valor contidos, representa risco considerável, tanto pela concorrência que os produtos dos. países em vias de desenvolvimento poderão fazer nos mercados externos, como pelo fraco ritmo de crescimento da procura orientada para esse tipo de bens. Embora o volume de vendas de obras têxteis tenha crescido rapidamente no período de 1955-1965, à taxa anual de 16,2 por cento, a composição do conjunto mostra ainda predomínio das transacções referentes a fios e tecidos e peso relativamente fraco dos artigos de vestuário da qualidade no conjunto das obras.

Na deficiente composição estrutural das exportações da metrópole situa-se, pois, um dos problemas mais graves hoje defrontados, ao qual estreitamente se ligam as condições de sobrevivência de algumas actividades produtivas internas.

O facto de no decurso dos últimos anos, se ter visto sensìvelmente alargada a parcela das nossas exportações de produtos industriais, incluindo também alguns produtos novos, não impede que reduzido número de produtos tradicionais - cortiça e suas obras, vinhos, resinosos, conservas de peixe, fios e tecidos de algodão, madeiras - tenha representado, em 1965, cerca de 42,5 por cento do valor exportado.

Como tais produtos se contam entre aqueles cujo aumento de procura responde com menor elasticidade aos acréscimos de rendimento à escala internacional, não será neles que uma estratégia de rápido desenvolvimento das vendas ao exterior, tornada necessária pelos imperativos de desenvolvimento da economia no seu conjunto, se poderá basear.

Por outro lado, os produtos industriais mais elaborados, que ainda constituem minoria no quadro das exportações da metrópole, têm podido beneficiar das condições de abertura especiais do ultramar, onde, porém, os mercados são: muito limitados. No domínio das relações de importação, verifica-se sensível irregularidade na evolução estrutural. As posições relativas dos diferentes grupos, no passado, sofreram oscilações de moderada amplitude, embora mereçam relevo especial o aumento das compras alimentares e de produtos químicos e a contracção relativa das de matérias-primas, combustíveis e máquinas e material de transporte. Em grande número de casos, não é fácil deduzir-se um comportamento tendencial, parecendo pesarem consideravelmente influências conjunturais, em particular no que se refere aos produtos agrícolas, muito dependentes de factores climáticos e de decisões de produção relativamente descontínuas.

Comércio de importação da metrópole

As compras de produtos intermediários para utilização industrial parece orientarem-se progressivamente para substâncias elementares, que serão objecto de posterior elaboração interna, como acontece em relação aos produtos químicos. A importação de manufacturas têxteis tem crescido a ritmo acelerado, em parte atribuível ao próprio progresso das exportações, dado que alguns produtos adquiridos no estrangeiro são incorporados pela indústria