Estrutura do emprego por sectores

Fonte: Os valores relativos a 1950 e 1960 foram extraídos dos IX e X Recenseamento Geral da População.

O quadro anterior permite analisar a evolução das estruturas do emprego pelos grandes sectores da actividade económica.

A mão-de-obra empregada no sector primário, que tem vindo a perder peso no conjunto da população activa com profissão, continuava, porém, a representar fracção excessiva deste total, o que pode comprovar-se através da comparação com os números relativos à estrutura do emprego em alguns países da O. C. D. E.

Estrutura do emprego pelos três sectores de actividade em alguns países da 0. C. D. E.

(a) Os valores relativos a Portugal correspondem às estimativas efectuadas para o ano de 1965. Os valores referentes aos outros países foram extraídos da mais recente Statistique de la Main-d'Oenvre, publicada pela O. C. D. E.

Verifica-se também que, no período de 1960 a 1964, o emprego no sector terciário registou aumentos bastante mais acentuados do que no período de 1950-1960, e, por outro lado, que é no sector secundário que o emprego tom evoluído mais aceleradamente, em particular no conjunto das indústrias transformadoras.

A evolução pode ser avaliada com maior nitidez se se considerarem dois grupos de indústrias: ligeiras ou tradicionais - englobando alimentação e bebidas, madeira, cortiça e mobiliário, têxteis, vestuário e calçado, curtumes e indústrias diversas - e pesadas ou modernas, agrupando os sectores restantes, isto é. papel e tipografia, minerais não metálicos, químicas, metalúrgica e metalornecánicas. No primeiro grupo, ao longo do período de 1953-1964, o emprego manteve-se praticamente estacionário, com cerca de 450 mil activos; no segundo, passou de 172 milhares, em 1.953, para 278, em 1964.

Esta evolução pareço significar que os sectores tradicionais da indústria portuguesa estarão perto de esgotar a sua capacidade de criação de empregos, sendo as indústrias mais modernas que oferecem actualmente maiores possibilidades de absorção de mão-de-obra. Como se sabe, a expansão do P. I. B. nas indústrias transformadoras processou-se, no período de 1953-1964, à taxa média anual de 8 por cento, enquanto o emprego e a produtividade evoluíram, no mesmo sector, às taxas médias anuais de 1,5 e 6,4 por cento. Isto significa que para o acréscimo do produto contribuiu mais o aumento da produtividade que o do emprego.

No essencial, a explicação do fenómeno é simples: partindo de níveis de produtividade baixos, a indústria nacional é levada a reorganizar-se, em parte por pressão da concorrência estrangeira, em parte por força da elevação do custo da mão-de-obra. Se bem que o crescimento dos salários industriais em Portugal não seja exagerado, em relação ao observado noutros países - mesmo não completamente industrializados -, tem-se tornado bastante mais rápido nos últimos anos, e isto, em grande medida, como consequência do acréscimo da emigração. Aumentar a produção é, nestes termos, aumentar a produtividade mais do que ex pandir o emprego; por outras palavras: trata-se mais de melhorar o emprego do que aumentá-lo.

No sector terciário, no período considerado (1953-1964), o produto evoluiu à taxa de 4,9 por cento, enquanto o emprego e a produtividade registaram variações médias de cerca de 1 por cento e 2,8 por cento 1, respectivamente; no caso da agricultura, verificou-se que. o aumento do produto, processado à taxa média de 1 por cento, foi conseguido através do aumento da produtividade, uma vez que o emprego se reduziu à taxa média de 1,5 por cento. A análise anterior leva a considerar mais atentamente os aspectos qualitativos da mão-de-obra, que têm ultimamente atraído a atenção dos meios económicos, públicos e privados, porquanto, para além do aproveitamento dos recursos materiais, importa encarar o problema do desperdício de recursos humanos.

Estes aspectos serão tratados especificamente no capítulo sobre produtividade.

Todavia, cumpre ter em atenção as relações de causalidade entre os níveis de remuneração e de produtividade, que são normalmente recíprocas, pois, se é verdade não poderem, ser atribuídos salários elevados quando a produtividade é baixa, também se verifica que as empresas podem ser conduzidas, em situações de excesso de oferta de mão-de-obra, a considerar mais económico utilizar trabalho a baixo custo do que modernizar as técnicas produtivas. O fluxo emigratório, aliado ao nível de instrução geral e profissional de grande parte da população activa, tem provocado, como se observou, o aparecimento de estrangulamentos por escassez de trabalhadores especializados.

Efectivamente, os inquéritos de conjuntura promovidos pela Corporação da Indústria demonstram que as dificuldades do recrutamento de pessoal, nomeadamente pessoal especializado, têm vindo a constituir preocupação crescente dos empresários metropolitanos. Enquanto, no início de

1 A aparente discrepância entre estas taxas de evolução provém do facto de no emprego não se encontrarem integrados os contingentes militares, enquanto no valor do P. I. B. da administração pública e defesa vêm incluídas todas as despesas militares.