Indústrias extractivas e transformadoras

§ 1. Evolução recente e problemas actuais As indústrias extractivas e transformadoras contribuíram com 48 por cento, a preços de 1963, para o acréscimo do produto nacional bruto, no período de 1953-1965. Mercê desse incremento, a sua representação no referido agregado subiu naquele período de 22 para 34 por cento.

Numa análise mais pormenorizada, deve distinguir-se a evolução sofrida pelas indústrias extractivas da verificada nas transformadoras, muito embora tendam a acentuar-se as relações de interdependência entre elas. No passado recente, o nível, de actividade da indústria extractiva foi influenciado adversamente pelas oscilações das cotações de minérios no mercado mundial.

Em consequência dessas oscilações, o valor bruto da produção de substâncias concessíveis a preços correntes passou da média de 490 000 contos no triénio de 1953-1955 para cerca de 380 000 contos em 1963-1965. A extracção- de substâncias não concessíveis, impulsionada pelo desenvolvimento das industrias transformadoras de minérios não metálicos, que as utilizam como matéria-prima, e pela procura externa de mármores em bruto, tem vindo a expandir-se com firmeza.

A produção daquelas substâncias em 1965 é estimada ao redor de 700 000 contos, embora os dados estatísticos oficiais refiram valores substancialmente inferiores. Correspondendo-lhe mais de 60 por cento da produção extractiva total e crescendo a produção de substâncias não concessíveis em estreito paralelo com o desenvolvimento- da indústria trans formadora de produtos minerais não metálicos, que registou a taxa de expansão de 7,4 por cento em 1953-1965, é lícito afirmar que o sector, no seu conjunto, se tem desenvolvido nos últimos anos a ritmo elevado.

Volume considerável das substâncias minerais extraídas escoa-se nos mercados externos (100 por cento dos minérios de. chumbo e zinco, 75 por cento do tungsténio, 50 por cento da pirite e do manganês, 40 por cento do mármore em bruto e do feldspato, 30 por cento do quartzo). A já aludida quebra de cotações fez descer a exportação de 592 000 contos em 1953 para 321 000 contos em 1965. Concomitantemente, operaram-se importantes alterações, devido à subida de peso relativo das substâncias não concessíveis, designadamente o mármore em bruto. Em 1953, as substâncias concessíveis dominavam a exportação com 580 000 contos, apenas cabendo às não concessíveis o escasso valor de 12 000 contos, ao passo que, decorridos doze anos, o valor exportado de urnas e outras - 167 000 contos e 157 000 contos, respectivamente - quase se igualou. No período em análise, não foram apenas as condições de mercado que sofreram alterações, mas também os factores que condicionam a economia da produção, com particular relevo para a disponibilidade de mão-de-obra não qualificada. A queda do volume de emprego no sector, de 41 000 pessoas em 1953 para 23 500 em 1965, reflecte a evolução estrutural já assinalada para a produção e exportação e a subida de salários para níveis justificativos de maior mecanização.

O exame das reservas existentes indica a possibilidade de imprimir ao sector elevado ritmo de crescimento durante este III Plano, se se confirmarem as tendências recentes quanto à evolução dos mercados externos e forem levadas a cabo algumas iniciativas de grande envergadura, actualmente em fase de preparação de projecto ou de execução de estudos de pré-investimento. Todavia, no que respeita, às possibilidades de concorrência externa da nossa indústria, con virá não esquecer a precariedade das estimativas que neste momento se fazem sobre os níveis de certos preços e outros parâmetros definidores da situação do mercado, sujeitos a amplas flutuações por força do jogo do volume de existências e da oferta maciça de produtores e negociantes, do aparecimento de produtos de substituição, da especulação comercial e de factores de ordem política. Nestas condições, não deverá estranhar-se se as perspectivas agora antevistas não vierem a ser confirmadas. A indústria transformadora cresceu à taxa de 8,8 por cento no período de 1953-1965. Este ritmo médio foi excedido, ao nível dos sectores industriais, pelas metalúrgicas de base (16,2 por cento), produtos metálicos, máquinas, material eléctrico e material de transporte (11,5 por cento), transformadoras diversas 1 (11 por cento) e borracha, químicas e petróleo (10,2 por cento). Abaixo do incremento médio relativo situaram-se os produtos minerais não metálicos (7,5 por cento), o& têxteis, vestuário e calçado (8,4 por cento), a madeira, cortiça e mobiliário (4,4 por cento) e as alimentares, bebidas e tabaco (5,3 por cento).

Taxas de crescimento e posição relativa das indústrias transformadoras

Fonte: Elementos da contabilidade nacional fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística.

Parece oportuno estabelecer, por um lado, a comparação entre a estrutura industrial do País e a da E. F. T. A. e Mercado Comum e, por outro, entre aquela estrutura e a da Europa Mediterrânica 2. Obtêm-se, assim, dois termos de referência, o primeiro reflectindo, de certo modo, a possível configuração do futuro e o segundo

1 Inclui as classes do papel e artigos do papel, curtumes, imprensa e artes gráficas e outras.

2 Excepto a Itália.