trazem ao valor bruto da produção das indústrias alimentares, traduz um aspecto genérico destas actividades que deriva do enorme número de unidades existentes em cada modalidade e da circunstância de viverem, na maioria dos casos, de olhos postos apenas no mercado interno. Tal circunstância acarreta as mais diversas consequências estruturais.

As unidades rotuladas de industriais levam uma vida frequentemente apagada de artesanato anacrónico. Falta-lhes dimensão para se especializarem e evoluírem tecnologicamente, não aproveitam suficientemente as matérias-primas que utilizara e, incapazes de atingir um nível de produtividade razoável, não alcançam o porte que as lance na exportação.

Este sector, de produção tão diversificada, pode agrupar-se nas seguintes subdivisões:

1.ª Indústrias caracterizadamente de consumo interno:

2.ª Indústrias que actuam já nos mercados externos:

3.ª Indústrias com expansão, favorável nos mercados externos, a médio ou longo prazo:

Na generalidade, todas as actividades não abrangidas no grupo da grande indústria alimentar incipiente apresentam, na maioria das suas unidades - incluindo a refinação de açúcar -, uma estrutura deficiente, apoiada na utilização de excessivo volume de mão-de-obra, o que acarreta, por via de regra, o pagamento de salários médios relativamente baixos.

Uma das características básicas da indústria alimentar portuguesa é a de as matérias-primas utilizadas concorrerem em elevada percentagem (cerca de 80 por cento) para a formação do custo.

Resultam daqui, em quase todas as modalidades, problemas ligados ao abastecimento de matérias-primas, que, nos seus aspectos fundamentais, podem resumir-se nas seguintes alíneas: Qualidade inapropriada;

b) Escassez ou irregularidade de abastecimento;

c) Circuitos de comercialização inadequados;

d) Preços elevados ou artificiais.

Outro denominador comum da indústria alimentar é a pequena dimensão do mercado nacional em referência ao excessivo número de unidades industriais.

Do exposto, conclui-se pela necessidade da publicação de regulamentos adequados e da normalização urgente dos produtos como meios saneadores da concorrência e do exercício da actividade industrial.

1.1- Indústrias caracterizadamente de consumo interno

Dada a complexidade deste subsector e o numeroso grupo de actividades que o constituem, analisaremos cada uma de per si, tentando, contudo, sempre que possível, a agregação de número maior ou menor de indústrias.

No sector da matança do gado, preparação e fabrico de conservas de carne, foram analisadas as empresas que se dedicam ao fabrico e preparação destas conservas, que incluem os produtos tratados apenas pelo sal, fumados e cozidos, enchidos e ensacados, pastas e diversos, os quais, rio período de 1958-1964, apresentaram a taxa média acumulada de crescimento de 0,2 por cento. Esta taxa reflecte a grande quebra de produção que se verificou em 1964, pois no período de 1958-1963 o seu valor fora de 2,75 por cento, apesar de o volume da produção em 1963 ter sido mais baixo.

De notar, no entanto, que os enchidos e ensacados e os fumados ou cozidos mantiveram os seus volumes de produção no seu nível normal de crescimento, pelo que a diminuição do volume total da produção em 1963 e 1964 foi consequência imediata das reduzidas produções de salgados, produtos diversos e produtos vendidos em fresco.

A indústria de lacticínios foi abordada na sua generalidade por não ter sido possível recolher elementos referentes à indústria de gelados e sorvetes e por não se poder, por enquanto, considerar a pasteurização e engarrafamento de leite como indústria tipicamente diferenciada.

Salienta-se de modo notório que a produção de leite em pó passou de 1372 t em 1956 para 4733 t em 1964, manifestando um crescimento de mais de 3,5 vezes, à taxa de acréscimo acumulado de 17 por cento.

A produção de farinhas lácteas cresceu à taxa de 12 por cento, tendo-se ampliado também em 7 a 8 por cento a produção de queijo, produtos dietéticos e leite condensado; os «outros produtos» manifestaram, a partir de 1962, um acréscimo que se supõe atribuir-se à produção de gelados e sorvetes. A partir de 1959, a produção de manteiga começou a decrescer e em 1964 encontrava-se ao nível de 1956.

No sector da moagem, trituração e preparação de cereais e leguminosas é de salientar, em 1964, a existência de numerosas instalações de moagem de farinhas em rama de carácter rudimentar, dado que cerca de 91 por cento das unidades existentes são moinhos de vento ou azenhas, trabalhando, em grande parte, para uso próprio dos seus proprietários ou laborando, à tarefa ou à maquia, os cereais de utilizadores industriais.

Nesse mesmo ano existiam no continente 39 moagens de milho e centeio com peneiração, das quais 12 estavam inactivas. A moagem espoada de centeio tem incrementado a sua produção, nos últimos nove anos, à taxa média acumulada de 5,5 por cento, e a espoada de milho a taxa de 38,6 por cento. As taxas médias acumuladas de crescimento dos vários produtos da indústria das moa-[Continuação]