Para efeitos de planeamento, aceitou-se que a garantia adoptada deveria permitir, mesmo em ano muito seco, aquelas produções, acrescidas de fornecimentos mínimos da ordem dos 220 GWh aos consumidores não permanentes.

O programa de novos centros produtores, cuja construção se iniciará no último ano do Plano Intercalar e nos primeiros anos deste III Plano, foi já aprovado pelo Conselho de Ministros para os Assuntos Económicos. Esse ordenamento de novas construções, previsto no próprio Plano para 1965-1967, fez-se com a antecedência indispensável para obras de vulto, como são as de centros produtores de electricidade, e teve em conta, além da satisfação dos consumos previstos nos trabalhos preparatórios do III Plano, as orientações oportunamente traçadas pela Secretaria de Estado da Indústria quanto às prioridades a observar.

São os seguintes os empreendimentos já previstos, cuja construção se prolongará pelo período do Plano:

Centros produtores e datas aproximadas de entrada em serviço:

Reconhece-se, além disso, a conveniência de encarar o início, durante a vigência do Plano, dos aproveitamentos de fins múltiplos do Mondego (1.º escalão) e do Guadiana, em data a fixar oportunamente (com prioridade para o primeiro), no contexto geral da política de atribuição de concessões legalmente estabelecida (Decreto-Lei n.º 47 240, de 6 de Outubro de 1966).

A ratificação ou os ajustes de ordenamento e de datas de entrada em serviço irão constando dos programas anuais de execução deste III Plano, sendo especialmente importante o exame crítico do significado dos valores de consumo em 1966, os quais se situaram francamente abaixo das tendências projectadas.

As características daqueles centros produtores figuram nas fichas de projecto respectivas, incluídas em anexo ao presente capítulo1. A potência instalada subirá de 1900 MW para a ordem dos 3150, durante o hexénio. Os ensaios de simulação do sistema produtor constituído pelas centrais actualmente em exploração mais os dois primeiros grupos térmicos do Carregado, os do aproveitamento de Carrapatelo, a produtibilidade adicional da bacia do Cávado e os centros produtores constantes do programa referido, ensaios feitos no âmbito dos trabalhos preparatórios deste Plano de Fomento, permitem prever, em ano hidrológico (Novembro-Outubro) muito seco, os seguintes saldos energéticos: O programa apresentado comporta os centros produtores cuja entrada em serviço se considera necessária, em face das previsões estabelecidas, até ao termo do último ano hidrológico abrangido pelo Plano (1973-1974). E, porém, evidente a necessidade de iniciar, ainda durante o período de 1968-1973, novos e importantes empreendimentos, com vista a assegurar os consumos de energia eléctrica nos anos posteriores. Convindo proceder, logo que possível, a uma primeira selecção dos centros produtores que deverão entrar em serviço nos quatro ou cinco anos imediatos ao termo deste III Plano, apenas se fez, por agora, uma avaliação global dos investimentos complementares correspondentes. Nos programas anuais ir-se-ão concretizando, com a desejável antecedência, as obras a executar; a revisão do Plano, a efectuar, eventualmente, no termo do seu primeiro triénio, permitirá ainda rectificar ou ajustar as orientações adoptadas para esta primeira estimativa. Os investimentos complementares adiante apresentados calcularam-se por via indirecta, a partir de uma previsão de consumos extrapolada e utilizando o mesmo grau de garantia de 95 por cento. Reconhece-se o carácter precário desta previsão a longo prazo, mormente por ser feita extrapolando a taxas acumulativas elevadas; trata-se apenas, porém, de uma primeira visão prospectiva de ordens de grandeza.

De acordo com a política traçada e que este III Plano ratifica, admitiram-se acréscimos anuais de produtibilidade hidroeléctrica garantida aproximadamente constantes e da ordem dos 300 GWh; a restante capacidade necessária será de origem térmica, conduzindo aos seguintes acréscimos garantidos totais:

Vê-se a importância rapidamente crescente da participação térmica na satisfação dos consumos, a justificar prioridade na preparação para a montagem e exploração de centrais nucleares a partir dos recursos nacionais de materiais cindíveis.

Para o cálculo dos investimentos nos anos do Plano a partir das hipóteses acima, adoptaram-se parâmetros e uma hipótese de escalonamento temporal determinados a partir da experiência já existente na execução de obras deste tipo. O desenvolvimento da rede de transporte de energia eléctrica e de interligação dos centros produtores será condicionado pela necessidade de ligar à rede as novas centrais e de acompanhar a evolução dos consumos das diferentes zonas, o que implica a construção de novas linhas e subestações e a ampliação da potência de transformação. O programa de desenvolvimento da rede de transporte engloba, pois, número elevado de empreendimentos de importâncias diversas, não sendo necessário apresentar um programa completamente definido das novas instalações a montar. Assim, além da estimativa do investimento global adiante apresentada, apenas se referem concretamente as principais realizações previstas, cujas características se discriminam a seguir, em virtude de os projectos relativos à rede de transporte não figurarem nas fichas de investimento anexas a este capítulo.

1 Figuram nas fichas os centros produtores destinados exclusivamente à produção de energia.