cerca de 3300 em média anual. Importa realçar ainda a grande importância de que se revestirá a análise geral dos principais circuitos de distribuição metropolitanos, a verificação das margens comerciais praticadas e o apuramento, em bases seguras, do valor acrescentado pelo comércio ao produto interno bruto. Só quando tais trabalhos estiverem concluídos será possível avaliar correctamente a incidência relativa dos grandes problemas que afectam a distribuição no nosso país, podendo entretanto adiantar-se algumas hipóteses, que, como é evidente, não substituem o conhecimento exacto das condições existentes.

Tal estudo deverá começar pelos produtos alimentares mais importantes, por serem de consumo generalizado a toda a população e indispensáveis à manutenção da saúde pública: carne, peixe fresco, bacalhau, arroz, batata, fruta, ovos, aves., queijo, leite, etc., estendendo-se depois aos produtos industriais de comercialização importante. Os factores que, internacionalmente, mais têm contribuído para a dinamização da distribuição são o acréscimo demográfico, a elevação gradual do nível de vida (traduzida em novas necessidades de consumo), a modificação dos métodos tradicionais de venda (visando satisfazer clientelas cada vez mais vastas), o aumento dos índices de produtividade dos circuitos de distribuição, nomeadamente cem base na cooperação comercial e na expansão das cadeias voluntárias armazenista-retalhista, e a crescente gama de produtos colocados à disposição do público.

As insuficiências verificadas na evolução da economia nacional em relação a alguns desses factores ocasionaram, em parte, deficiente grau de racionalização dos circuitos de distribuição metropolitanos, nos quais não é difícil encontrar conjuntos de elementos perturbadores que só por si justificam pesada oneração dos produtos até ao consumidor, em contradição com os objectivos de produtividade que as actividades económicas devem propor-se. De acordo com a experiência recente de dificuldades surgidas em relação a vários grupos de produtos, importa explicitar alguns pontos de estrangulamento que justificam a adopção de providências urgentes e podem contribuir para a análise crítica de> conjunto da distribuição na metrópole, análise que importa levar a cabo com brevidade. Em primeiro lugar, põe-se o problema da indisciplina do diversos circuitos de distribuição, facilitada pela vetustez da legislação aplicável e que se traduz, nomeadamente, pela proliferação de intermediários inúteis, de feição parasitária, cuja entrada no comércio não requer nenhum grau de habilitação técnica nem de capacidade económica e é motivada, quase sempre, pela ambição de lucro fácil e rápido, pondo de lado quaisquer outras preocupações. Como já se referiu, é no campo dos produtos alimentares que mais se fazem sentir estes aspectos, vindo a reflectir-se no empresário agrícola ou no consumidor final as consequências desfavoráveis da insuficiência de regulamentação das actividades comerciais. Assinale-se que a insuficiência, reconhecida no capítulo respectivo, do ritmo de crescimento das produções agrícola e pecuária, é também causa de escassez relativa, o que auxilia as manobras de especulação.

Deste modo, assiste-se ao prolongamento excessivo dos c ircuitos de distribuição internos, com o consequente agravamento do custo do serviço prestado. Por outro lado, da inadequação dos meios de acção disponíveis resulta não ser possível um acompanhamento suficientemente maleável da conjuntura, o que faculta a prática de margens comerciais muito elevadas, quer por as condições de concorrência se encontrarem demasiadamente restringidas (predomínio de uma ou de poucas empresas na distribuição de dada categoria de produtos), quer pela existência de desajustamentos, ocasionais ou de carácter permanente, entre a oferta e a procura, quer ainda devido a movimentos puramente especulativos. Outro problema importante é o da insuficiência de equipamentos de armazenagem e transporte apropriados, nomeadamente nos casos de géneros de natureza perecível (carne, peixe, frutas e legumes, etc.), para os quais essas operações têm de obedecer a requisitos especiais, A Junta Nacional dos Produtos Pecuários, a Junta Nacional, das Frutas, a Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau e os organismos da pesca têm procurado, nos respectivos sectores, fomentar a construção de equipamentos de frio, indispensáveis à conservação dos produtos em cuja comercialização intervêm, parecendo, no entanto, terem seguido, até aqui, caminhos relativamente independentes. Por isso, urge definir, em conjunto, as condições de estabelecimento da Rede Nacional do Frio, em especial no que diz respeito à localização dos centros de frio e sua dimensão e à possibilidade de um mesmo centro poder ser utilizado, simultaneamente ou em épocas diferentes, para mais de uma categoria de produtos. Tal deve ser um dos objectivos mais importantes do Placo, neste domínio. Paralelamente com o plano da Rede Nacional do Frio, importa considerar e delinear a rede de transportes frigoríficos, pois os cuidados tidos na conservação dos alimentas poderão ser, em parte, inúteis, se os produtos não chegarem em boas condições aos centros do consumo. Para não haver soluções de continuidade na cadeia de frio, terão ainda de existir nesses centros, pelo menos para determinados; produtos, instalações apropriadas de recepção e curta armazenagem.

A necessidade de boa coordenação das ligações rodoviárias ou ferroviárias, referida no capítulo «Transportes», assume neste contexto especial relevância, pois dela depende importante economia na comercialização dos produtos. Alguns deles, obtidos no litoral, precisam de ser levados para o interior, como é o caso do peixe; outros necessitam de transportes para o litoral, onde se localizam os principais centros de consumo. Deste modo, em muitos casos, um mesmo veículo terá carga tanto na ida, como na volta.

Dadas as pequenas distâncias médias que no território metropolitano haverá a vencer nos circuitos de distribui-