Nos orçamentos ordinários anuais deverão ser previstas as verbas necessárias para o reapetrechamento destinado à geofísica.

Fonte de financiamento: Orçamento Geral do Estado.

Turismo

§ 1.º Evolução recente e problemas actuais A partir de 1961, a exportação de serviços de turismo tem vindo a assumir relevo rapidamente crescente na economia metropolitana, traduzido expressivamente pela posição da rubrica no crédito da balança de transacções correntes: de menos de 8 por cento das exportações naquele ano até cerca de 25 por cento em 1966. Os respectivos valores absolutos passaram de 890 000 contos para 7 476 000 contos, a preços correntes, o que corresponde, em preços constantes, à elevadíssima taxa média de acréscimo anual de 48 por cento. Recorrendo, como indicador, ao número de dormidas em estabelecimentos hoteleiros, confirma-se o progresso muito considerável e especialmente acelerado, também nos últimos seis anos, no que respeita aos turistas estrangeiros.

O quadro seguinte permite observar esse crescimento e identificar as principais nacionalidades representadas no conjunto das dormidas de estrangeiros em hotéis e pensões, no continente e ilhas adjacentes:

(a) Valores provisórios.

Vê-se a importância dos resultados da promoção turística nos cinco países discriminados, que representam, conjuntamente, cerca de três quartos do total. Só à sua parte, o turismo inglês absorveu cerca de 25 por cento das dormidas totais, na sequência de comportamento recente muito dinâmico, também verificado, aliás, nos casos norte-americano e alemão. Em contrapartida, importa ter presente a inconveniência de exagerada concentração do número de visitantes em poucas nacionalidades; com efeito, a crescente concorrência internacional no agenciamento de correntes turísticas e a volubilidade de alguns factores determinantes desse fenómeno encerram perigos que não seria avisado menosprezar, descurando o adequado financiamento de uma indispensável promoção. Não é ainda possível medir de forma inteiramente satisfatória a evolução do turismo interno durante os últimos anos. Os dados estatísticos disponíveis para 1964, 1965 e 1966 revelam, entretanto, que o número de dormidas de residentes no continente e ilhas adjacentes, em hotéis e pensões, desceu 0,2 por cento (de 3550 para 3545 milhares) entre 1964 e 1965 e aumentou 0,6 por cento (de 3545 para 3565) entre 1965 e 1966.

Trata-se, porém, de indicação muito incompleta, porquanto se sabe que boa parte dos turistas nacionais utiliza meios complementares de alojamento (casas particulares, parques de campismo, colónias de férias, etc.), ainda não inteiramente cobertos pela informação estatística. Se distribuirmos pelas diversas regiões o número de dormidas na hotelaria registado em 1966, verifica-se que, para os turistas estrangeiros, 54 por cento se verificaram na região de Lisboa (36 por cento na cidade), 4 por cento no Porto, 13 por cento no Algarve, 7 por cento nas praias da costa ocidental, 10 por cento na Madeira e 12 por cento nas restantes regiões. O sentido da evolução recente corresponde à perda de importância relativa da cidade de Lisboa, parcialmente compensada pela subida dos seus arredores; o Algarve tem progredido rapidamente (representava apenas 3 por cento em 1961). As outras regiões mantiveram, sensivelmente, a sua participação no total.

Quanto aos nacionais que utilizam estabelecimentos hoteleiros, nota-se procura muito disseminada fora dos grandes centros (46,1 por cento em 1966) e, por outro lado, forte afluxo à capital (29,2 por cento) e ao Porto (8,6 por cento). Salientam-se ainda o Algarve, as praias do litoral ocidental e a Madeira, com 5,2 por cento, 3,8 por cento e 1,4 por cento, respectivamente. Embora as flutuações estacionais do movimento de turistas estrangeiros não se tenham agravado em anos recentes, elas constituem ainda factor desfavorável para a exploração das indústrias turísticas, o que, sem querer minimizar o problema, pode dizer-se constituir característica universal, como adiante se verá. Continua, com efeito, a verificar-se, em relação ao continente, grande concentração das dormidas nos meses de Agosto e, em menor grau, nos meses de Julho e Setembro, registando-se em 1966, nos meses citados, respectivamente 18 por cento, 15,5 por cento e 13,2 por cento, em relação ao total anual das dormidas. Quanto às ilhas adjacentes, observa-se um desequilíbrio estacionai muito menos acentuado do que no continente, com a época de ponta situada, na Madeira, durante os meses de Inverno (Janeiro a Março).

Salienta-se, no entanto, a especial incidência das flutuações estacionais nas regiões interiores do continente e nas praias situadas fora do Algarve e dos arredores de Lisboa.

As variações estacionais das dormidas de nacionais na hotelaria são também relativamente importantes e com andamento paralelo às referidas para os estrangeiros, embora menos pronunciadas.

É evidente que este fenómeno da desigualdade de utilização da capacidade de alojamento ao longo do ano não é específico do nosso país; em escala maior ou menor, verifica-se em quase todos os centros de interesse turístico. O seu estudo e a aplicação das medidas julgadas necessárias são, porém, condição essencial para se obter uma exploração económica da rede hoteleira existente ou a instalar, e da eficácia das acções empreendidas dependerá, em grande parte, o valor dos frutos a obter da política de turismo.