Pelo que respeita a maternidades, existiam 1236 camas em 1965, distribuídas pelos serviços de obstetrícia dos hospitais centrais (366), regionais (318) e sub-regionais (552), e 415 nas maternidades do Dr. Alfredo da Costa, em Lisboa, de Júlio Dinis, no Porto, do Dr. Bissaia Barreto, em Coimbra, e da Casa da Mãe, na Figueira da Foz. A percentagem de partos efectuados em hospitais foi de 2-1,05 no biénio de 1961-1962, correspondendo às várias regiões do País valores que variam de 4,32 (Chaves) a 51,58 (Lisboa). Para se conseguir cobertura média que atinja 40 a 60 por cento em determinadas regiões, serão necessárias cerca de 2000 camas de maternidade. A política prosseguida levou à reorganização dos serviços da Direcção-Geral dos Hospitais, o que tem permitido o equacionamento sistemático dos problemas hospitalares. Assim, foi possível preparar uma série de estudos de base, utilizados depois na programação da actividade dos mesmos serviços.

Os problemas de financiamento tiveram adequado tratamento através do novo regime legal (Decreto-Lei n.º 46301, de 27 de Abril de 1965), das novas tabelas de encargos, dos acordos com a Previdência Social e a Assistência na Doença aos Servidores do Estado e, ainda, do incentivo e orientação dados ao lançamento das derramas municipais.

Os problemas de instalações provocaram intenso trabalho de estudo e planeamento. Nos hospitais centrais, sistematizou-se o trabalho da comissão mista dos Ministérios das Obras Públicas e da Saúde e Assistência para a remodelação dos Hospitais Civis de Lisboa e criou-se a comissão que vai planear o esquema hospitalar da «Grande Lisboa».

Nos hospitais regionais, houve que começar por uma análise geral da situação, à qual se seguiu um plano de prioridades de construção. Em seguida, elaboraram-se programas-tipo para as várias categorias de hospitais. Depois, fizeram-se programas individualizados para cada unidade. Finalmente, um grupo misto da Direcção-Geral dos Hospitais e da Comissão de Construções Hospitalares acompanha o desenvolvimento dos projectos.

Os problemas de pessoal foram encarados nos domínios da formação, remuneração e aperfeiçoamento profissional. Citam-se, sumariamente, as seguintes medidas: esquemas de fixação de pessoal médico, farmacêutico, de enfermagem e administrativo, na periferia, os quais estão agora a desenvolver-se; reorganização do ensino da enfermagem geral e especializada, de base e pós-base; reorganização do ensino dos técnicos auxiliares dos serviços clínicos, incluindo as recentes profissões do pessoal de reabilitação; melhoria de vencimentos de pessoal de assistência direct a através da atribuição de verbas cobradas a pensionistas; amplo plano de bolsas de estudo para a formação de enfermeiras; início de programas de bolsas de estudo para a formação de médicos e para cursos de enfermagem pós-básica; plano de actualização profissional do pessoal administrativo.

Os problemas de reorganização levaram a iniciar a revisão do funcionamento interno de serviços nos hospitais centrais, com a colaboração de uma empresa especializada em organização e métodos; a preparar a revisão do internato hospitalar em nível nacional; a elaborar um plano geral de serviços de reabilitação financiado pelas Apostas Mútuas Desportivas; a proceder a estudos para a coordenação dos transportes de doentes em todo o País; e a criar os Serviços de Utilização Comum (S. U. C. H.), já em funcionamento nalgumas das suas divisões e que se mostram altamente promissores nos resultados. Cumpre ainda referir os serviços prestados, no domínio da assistência na doença em geral, pelas instituições de previdência. A cobertura dos trabalhadores do comércio e da indústria, até há pouco assegurada pela Federação de Caixas de Previdência - Serviços Médico-Sociais e actualmente pela Federação Nacional de Caixas de Previdência e Abono de Família, abrangia, em 1964, uma população de cerca de 2 255 500 indivíduos, tendo ao seu serviço 2283 médicos, dos quais 1564 clínicos gerais. A situação referente a 1966 era caracterizada por uma população de 3 255 254 indivíduos (Federação, Caixas não federadas e «zonas brancas») com 3286 médicos, dos quais 1766 clínicos gerais. O número global de beneficiários correspondentes a cada clínico geral ou especialista baixou de 1942, em 1964, para 1325, em 1966. Os valores mais desfavoráveis das zonas distritais respeitavam aos distritos de Aveiro, Guarda e Leiria. O número total de locais de consulta a que os beneficiários podiam recorrer, em 1964, era de 1059, dos quais 866 se destinavam apenas ao exercício de clínica geral.

Sendo ainda acentuada a assimetria que caracteriza a cobertura da população pelos referidos serviços, verificam-se, nalgumas áreas, consultas superlotadas que prejudicam a qualidade do trabalho médico. Para obviar a esta deficiência, estabeleceu-se, recentemente, o desdobramento, de consultas, sempre que as circunstâncias o justifiquem, o que levou a aumentar o quadro do pessoal médico, só em 1966, com mais 126 unidades. A medicina preventiva, no que respeita designadamente à profilaxia de acidentes de trabalho e doenças profissionais, beneficiou recentemente de decidido impulso, mediante o funcionamento de um curso de medicina do trabalho no Instituto Superior de Higiene do Dr. Ricardo Jorge, a publicação de diplomas respeitantes àquele ramo de actividade sanitária e à prevenção da silicose e ainda a criação da Escola Nacional de Saúde Pública e Medicina Tropical.