Ainda neste campo, os valores respeitantes aos distritos do Porto e de Lisboa, demonstrativos de maior rentabilidade da superfície produtiva, traduzem, entre outros, o efeito da influência de estruturas urbanas e industriais mais evoluídas.

O mesmo efeito ganha evidência com o indicador que traduz o grau de mecanização (v. quadro VI).

Efectivamente, o distrito de Lisboa destaca-se no contexto agrário do Sul, enquanto o do Porto apresenta certo relevo no Norte, havendo assim estreita correlação com as relativamente baixas percentagens de população activa agrícola naqueles distritos.

O estímulo exercido sobre a actividade agrícola pelas estruturas urbanas e industriais mais evoluídas concretiza-se através de diversas solicitações - de mercado, de incentivo à produtividade do trabalho, de maior permeabilidade do empresário ao progresso técnico, etc. -, permitindo especializações culturais com elevado valor específico (fruticultura, leite, etc.) e motivando o consequente interesse do agricultor.

Saliente-se, no entanto, que estes efeitos nem sempre se reflectem inteiramente nas áreas limítrofes ou de imediata influência dos pólos principais devido aos condicionamentos ecológicos, pelo que os indicadores não mostram com nitidez a inteira dimensão daquele estímulo, que muitas vezes encontra resposta em áreas agrícolas mais distanciadas, mas com vocações explícitas e que são naturalmente aproveitadas.

Assim, a influência de Lisboa como centro de consumo projecta-se para além dos limites administrativos do distrito, mais imediatamente pelo vale do Tejo e pela península de Lisboa, mas ainda com efeitos em áreas circunscritas e mais distantes, como é, por exemplo, o litoral do Algarve.

A evolução nos vários distritos durante o período decorrido entre 1953 e 1964, observado através dos valores da taxa média anual de crescimento do produto agrícola, permite também salientar a existência de algumas situações regionais com tendência depressiva, mesmo em relação aos ritmos moderados a que o sector tem vindo a crescer.

Com efeito, a observação das referidas taxas de crescimento (v. quadro VII) mostra concretamente a permanência de taxas negativas para os distritos de Portalegre, Évora e Beja (os de maior incidência da cerealicultura extensiva de sequeiro) em qualquer dos períodos considerados - 1963 a 1964 e 1958 a 1964.

Muito embora as taxas verificadas nos dois períodos em causa não sejam directamente comparáveis, dado que o primeiro inclui o segundo, é realmente significativo o