facto de se verificar tendência decrescente nos valores do produto agrícola originado nos distritos de maior predominância da monocultura extensiva e de o referido decréscimo se manter no último quinquénio em análise, período durante o qual se verificou nos restantes distritos certa recuperação dos ritmos de crescimento do produto agrícola.

Evolução do produto agrícola Valores a preços de 1963

Para esta regressão do produto agrícola do Alentejo durante o período analisado contribuíram, não só circunstâncias desfavoráveis de natureza conjuntural, mas também, e fortemente, condições climáticas adversas à cerealicultura, as quais se avolumaram particularmente nos últimos anos do referido período.

Estes reflexos foram ainda ampliados pela existência de desequilíbrios no ordenamento agrário e por uma débil acumulação de capital dentro das próprias unidades de produção, circunstâncias que reduziram a possibilidade de o sector poder atenuar a amplitude dos efeitos desfavoráveis do clima.

Em síntese, o território do continente apresenta forte diferenciação ecológica, de acentuada influência climática, que se traduziu por sensíveis contrastes do litoral para o interior e de Norte para Sul, tanto nos regimes de ocupação e de utilização do solo como na estrutura produtiva.

Assim, no litoral do Centro e do Norte, a actividade agrícola aparece, em regra, sob forma intensiva e diversificada, dispondo de solos mais produtivos. Nas regiões do interior e do Sul predominam os regimes monoculturais e extensivos, sendo frequentes a cerealicultura e certos desequilíbrios do ordenamento agrário.

A influência atlântica é mais pronunciada no Norte e no Centro do território, provocando aí maior penetração das características do litoral na zona do interior, enquanto no terço inferior do território, sob influência mediterrânica, as diferenciações são menos acentuadas.

Deste modo, a influência conjugada dos factores climatéricos deu origem a situações mais desfavorecidas nas regiões interiores, particularmente nas do Sul, onde as zonas de potencialidade agrícola estão circunscritas a extensões de solos mais limitadas e onde as obras de valorização fundiária se impõem. No litoral do Algarve, os mesmos factores favoreceram o aparecimento de uma faixa diferenciada com vocação para especializações próprias do clima mediterrânico e onde o factor precocidade representa apreciável vantagem para a agricultura.

A ocupação humana do território acentuou os desequilíbrios naturais já existentes, dando origem a um quadro fundiário de fragmentação e dispersão da propriedade no Norte, enquanto nas zonas interiores, do Centro e do Sul, a propriedade de maior dimensão e a relativa concentração fundiária são nota dominante.

Em todo o litoral da parte Centro e do Norte, onde se encontram as maiores concentrações urbanas e maior projecção do sector secundário, a agricultura acusa certos reflexos benéficos, que resultam principalmente da proximidade e ordem de grandeza dos mercados, da diversificação de empregos e das já referidas condições ecológicas.

Neste contexto, os distritos onde se situam os dois principais pólos urèanos e industriais apresentam melhores índices de rentabilidade da superfície produtiva, e o sector evoluiu no sentido de se adaptar, mediante recurso ao equipamento mecânico, a situações onde a mão-de-obra agrícola deixou de ser o factor abundante.

Nas regiões interiores a sul do Tejo, os processos extensivos de cultura e o carácter predominantemente monocultural da actividade têm-se revelado extremamente dependentes dos factores de natureza estacionai, o que revela a necessidade de obras de valorização fundiária que permitam intensificar os processos de cultivo e diversificar as culturas.

O carácter quase exclusivo da actividade agrícola como fonte de ocupação da mão-de-obra disponível aponta também a necessidade de maior incorporação de trabalho e capital no processo produtivo, mediante a transformação dos produtos primários. A situação analisada e a sua evolução durante os últimos dez anos aconselham a definir uma política de desenvolvimento regional para o continente que permita combater a existência de vastas áreas com taxas de crescimento muito baixas ou mesmo negativas e evite o desperdício de recursos e potencialidades só muito dificilmente recuperáveis mais tarde e depois de terem provocado sérios reflexos em toda a economia.

Esta situação pode sistematizar-se pela enunciação das principais conclusões que ressaltam do presente estudo:

Existe um movimento de despovoamento dos distritos do interior e litoral do Sul, que incide principalmente sobre a população dependente das actividades primárias e também sobre a que trabalha nos serviços complementares daquela actividade, como consequência da situação da agricultura naquelas zonas;

Apenas são centros de atracção das populações as áreas onde, além da concentração industrial, se verifique elevado desenvolvimento urbano - Lisboa e Porto -, sendo também nítida a influência exercida pelos centros urbanos sobre a modernização da agricultura das áreas limítrofes;

Os fenómenos de industrialização e urbanismo surgem como processos cumulativos, susceptíveis de agravar cada vez mais as desigualdades existentes;

Assim, os níveis do produto, bem como os de despesas e rendimento disponíveis, mostram-se cada