potencialidade oferecida à transformação em agricultura de mercado.

Competirá, pois, ao Estado criar os estímulos necessários para levar um número cada vez maior de agricultores a passar de uma economia de subsistência para uma economia de mercado. A melhoria do quadro institucional pode receber contribuição válida da aplicação do regime estabelecido pelo Decreto n.º 47 314, de 15 de Novembro de 1966, que visa tornar mais equilibrada a estrutura agrária do arquipélago. Outras providências serão, porém, necessárias corri vista:

Ao aperfeiçoamento dos meios de comercialização das exportações e da promoção de vendas na metrópole, para já um mercado com perspectivas;

Ao desenvolvimento dos meios de transporte interinsulares e para a metrópole;

E ao estabelecimento da organização cooperativa da comercialização e da agricultura de grupo. A expressão que a silvicultura possa ter no desenvolvimento económico da província é bemm pequena, como se compreende.

Escolhida uma orientação que deverá ter em linha de conta as determinantes que condicionam a instalação de coberto lenhoso, este pode efectuar-se a custos comportáveis e com viabilidade, mesmo não esquecendo que Cabo Verde se integra numa região limite para a cultura florestal, como o demonstra a pobreza da flora e da vegetação lenhosa. Mas, dentro das condições meteorológicas normais dessa, região, é o relevo o principal factor a condicionar o clima do arquipélago, e daqui a variável aptidão ecológico-agrícola das diferentes zonas.

Desta maneira, convém reter apenas as seguintes ideias básicas:

Em certas localizações das ilhas de maior altitude o povoamento florestal é possível sem necessidade de recurso a processos de custo proibitivo;

Não é prudente generalizar o tratamento do problema a todas as ilhas e, dentro de cada uma, às diferentes micro-regiões ecológicas que a altitude e a orientação, de per si ou conjugadas, determinam; o problema é distinto do das zonas privadas do efeito dos alísios, e, portanto, diferentes hão-de ser as soluções a adoptar e os objectivos a prosseguir;

Não se devem esperar massas arbóreas que se prestem ao registo de números que produzam grande efeito estatístico ou espectacular. Atenta a pobreza de recursos naturais do arquipélago, há que aceitar que, excluídas as pequenas manchas de regadio e as zonas de sequeiro, restam extensas áreas das quais, devido aos condicionalismos de ordem climática e edáfica, só através da pecuária se pode tirar proveito.

Há, porém, problemas de educação de base e de assistência técnica, sem dúvida difíceis, que hão-de anteceder qualquer programa de fomento pecuário.

A experiência continuada de dezoito anos no domínio de fomento pecuário aconselha um reajustamento da acção a empreender.

Assim, de pouco ou nada serve a dispendiosa aquisição de reprodutores de qualidade e a sua cara manutenção se, em primeiro lugar, não se resolverem dois problemas fundamentais: a redução das zoonoses que degradam o armentio e a melhoria das condições de apascentamento e de uma forma geral, de alimentação de gado.

O esforço a despender visa, fundamentalmente, a espô-cie bovina, com uma extensa campanha de profilaxia da tuberculose.

Por outro lado, não é o mercado local que pode absorver o excedente criado como resultado dos abates. A comercialização para a metrópole é o caminho que se oferece como complemento necessário.

Assim, todas as medidas que a metrópole possa tomar em benefício da comercialização das carnes que o arquipélago produza terão efeitos benèficamente convergentes. Além disso, os subprodutos destes abates poderão dar matéria-prima paru industrialização local: tal é o caso dos curtumes.

Também a suinicultura oferece a possibilidade de contribuir com matéria-prima para industrialização.

Quanto ao caracul e angora, &e as conclusões que já se puderam tirar sobre o comportamento e grau de adaptação do núcleo importado de Angola e mantido sob observação na Trindade (ilha de Santiago) não são de molde a aceitar, para já, sem reservas, a passagem à fase de exploração, crê-se que só depois de alargada a etapa experimental à ilha de Maio é que se poderá estabelecer com um mínimo de segurança- qualquer projecto concreto de exploração pecuária visando aquelas espécies. Como necessário complemento a toda a acção que se desenvolva em benefício da pecuária, o aumento da rede de bebedouros é aspecto que deverá ser levado em linha de conta.

Não existe, na província, qualquer tentativa de exploração avícola. O elevado custo do arraçoamento que uma exploração a nível industrial exige, uma vez que todos os concentrados teriam de se importar, torna duvidoso o sucesso económico de qualquer iniciativa do género. Entretanto, e porque a actividade pode vir a merecer melhor interesse, dada a possibilidade de abastecimento de frotas pesqueiras e navegação marítima em geral, por alteração das exigências dos compradores, prevê-

-se a aquisição de reprodutores para fomento avícola. Investimentos Os empreendimentos programados para este sector são os seguintes: Fomento dos recursos agro-silvo-pastoris Fomento de culturas e manutenção dos postos de fomento pecuário. Campanhas sanitárias

São consideradas nesta rubrica as culturas que, em princípio, não estão dependentes de aplicação regular e abundante de água pa.ra prosperarem e produzirem.

Nestas culturas estão incluídos o amendoim, o feijão longo, as oleaginosas não alimentares, o coqueiro, a tamareira, o cajueiro, a mangueira, o tabaco e o ananás, a desenvolver nas ilhas de Santiago, Fogo, Santo Antão, S. Nicolau, Boa Vista e Maio.

O esforço a desenvolver com a manutenção dos postos de fomento pecuário, com maior incidência na ilha de Santiago e, em menor escala, nas ilhas de S. Nicolau, Boa Vista e Maio, visará fundamentalmente a espécie bovina, em relação à qual haverá que levar a efeito uma extensa campanha de profilaxia da tuberculose, que é, depois da escassez alimentar, o factor que mais influi na desvalorização do armentio local.

Esta campanha deve incluir não só a ilha de Santiago, mas também a da- Boa Vista e a de Maio. englobando