Em relação ao decénio de 1956-1965, apresentaram as exportações e as importações uma taxa média de crescimento anual da ordem, respectivamente, dos 8,3 e 8,6 por cento. Prevê-se que as taxas de crescimento a observar para os próximos anos sejam substancialmente mais elevadas. Efectivamente, se atentarmos na série de valores, para o decénio em causa, apresentada pelas duas variáveis da balança comercial, identificaremos desde logo a existência de dois períodos distintos: um, situado entre 1956 e 1961, caracterizado por uma estagnação relativa, durante a qual as exportações denunciaram um acréscimo anual médio da ordem dos 3,6 por cento e as importações um aumento médio, bastante menos acentuado, de 0,7 por cento; outro, posterior a 1961, simbolizado por uma saudável reacção de natureza económica ao surto terrorista, em cujo decurso as exportações atingiram o notável acréscimo médio anual de 12,1 por cento e as importações um aumento médio, verdadeiramente excepcional, de 17,9 por cento.

Julga-se, pois, que terá de ser com base nesta evolução recente que se deverá enquadrar o comportamento para os próximos anos das duas componentes em apreço (importação e exportação).

Assim, quanto à importação, é provável que a taxa de crescimento médio anual se situe nas proximidades dos 15 por cento, previsão que, a concretizar-se, forneceria os valores de 6,7 milhões de contos em 1968 e 9,1 milhões de contos em 1973.

Quanto à exportação, será previsível, desde que se concretizem alguns dos empreendimentos adiante preconizados, que venha a conhecer taxa ainda mais elevada do que a calculada para os anos mais recentes posteriores a 1961. Efectivamente, estimando, só com base no projecto de exploração mineira de Cassinga, uma exportação de minério de ferro para 1968 da ordem dos 2 milhões de toneladas e um crescimento médio anual destas exportações do nível dos 25 por cento, o que não parece exagerado e permitiria um volume de vendas deste p roduto em 1973 da ordem dos 4,5 milhões de toneladas, poder-se-ia atingir para o período de execução do Plano uma taxa de crescimento das exportações - desde que as exportações dos restantes produtos crescessem ao mesmo ritmo do período posterior a 1961 - do nível dos 14,1 por cento, a que corresponderia, em 1973, um valor exportado próximo dos 10,4 milhões de contos.

Com base nestas estimativas, necessariamente muito grosseiras, poder-se-ão esperar os níveis seguintes:

Níveis da balança comercial

Fomento da exportação Como medida principal neste campo, situa-se a expansão da produção, que será necessário processar a ritmo mais intenso, em especial a daqueles sectores com reflexo na exportação. Assim, apontam-se duas ordens de acção, consoante a sua execução se deva realizar a médio ou a longo prazo. Objectivos a médio prazo Intensificação ou início do aproveitamento das jazidas minerais já identificadas e com características de exploração econòmicamente rentável.

Parecem residir nesta rubrica as possibilidades de se conseguir, no decurso dos próximos anos, um aumento mais espectacular do valor das exportações. Oferecem tais perspectivas ,a exploração dos minérios de ferro e a extracção do petróleo. Os fosfatos naturais de Cabinda já assinalados merecem especial referência entre uma gama ampla de possibilidades, pois, além de poderem vir a ter razoável incidência na exportação, poderiam ainda constituir fonte de matéria-prima para a produção local de fertilizantes. Expansão das produções do sector agro-pecuário em relação às quais se sabe existir já um conjunto de factores produtivos favoráveis e boas perspectivas de colocação no exterior.

Nesta categoria podem enquadrar-se diversos produtos, merecendo especial relevo o açúcar, o algodão, as frutas, carnes de bovinos e produtos de palmar. Quanto ao açúcar, embora a comercialização mundial deste produto se tenha caracterizado até agora por uma superprodução - com o inevitável reflexo numa tendência para uma progressiva baixa de cotações -, o facto é que, enquadrando o problema no âmbito nacional, as perspectivas existentes para a colocação da expansão da produção de Angola são favoráveis. Efectivamente, não obstante o acréscimo que se tem registado na produção da província de Moçambique, o deficit do consumo da metrópole, que tem vindo a ser suprido com produtos de origem estrangeira, atingiu em relação ao ano de 1965 o quantitativo de 47 481 t, no valor de 125 193 contos, sem mencionar as potencialidades reveladas pelas baixas Capitações de consumo em quase todos os territórios nacionais.

Como veremos, será considerada a instalação de mais uma fábrica de açúcar em Angola.

Quanto ao algodão, será necessário levar a cabo esforço notável para que a exportação desta fibra conheça expansão razoável.

No que respeite, às frutas, aquelas que para os próximos anos apresentam maiores perspectivas de virem a constituir fonte de receita em cambiais apreciáveis são a banana e o abacaxi, muito embora para a exportação em. fresco a primeira assuma papel muito mais relevante. Efectivamente, quanto à segunda, as possibilidades de exportação em volume mais significativo residem na colocação dos produtos já industrializados (rodelas, sumos, compotas, etc.). O crescimento do consumo que se tem operado no mercado metropolitano tenderá a aumentar nos próximos anos, mercê de acção positiva, não só no âmbito da distribuição, como também no da política de baixo preço ao consumidor, que se espera levar a cabo. É legítimo esperar que a exportação de frutas frescas atinja em 1968