vieram conceder especial importância à criação e desenvolvimento das infra-estruturas de energia eléctrica na zona de Nacala, importância que é reflectida pelos empreendimentos relativos a esta zona contidos no III Plano de Fomento. Outros problemas de compatibilização se levantaram no que respeita aos aproveitamentos de fins múltiplos, relativamente aos quais houve que proceder a um acerto de posições com os problemas da agricultura.

O problema pôs-se especialmente no caso dos aproveitamentos hidroeléctricos dos rios Messalo e Malerna, que terão igualmente finalidades hidroagrícolas. Estes aproveitamentos serão estudados no período de 1968 a 1973, esperando-se iniciar a construção do primeiro no final do período. A conjugação com os estudos que ao mesmo tempo tinham sido propostos com o objectivo de regularização do rio e de rega levou a alterar a data que primitivamente tinha sido pensada para início dos estudos e, correspondentemente, da construção. Assim, foi decidido que os estudos fossem iniciados em 1969, e houve igualmente que proceder a um acerto das verbas que deveriam ser imputadas a cada um dos sectores. Foi considerado muito importante que existisse uma estreita conjugação entre os estudos de produção de energia e de possibilidades hidroagrícolas relativas a estes aproveitamentos, o que se pensa poder ser conseguido, em parte, pela atribuição a uma empresa dos estudos que podem ser realizados conjuntamente. Também houve necessidade de proceder a uma certa harmonização quanto à proposição de um programa de inventariação de recursos hidráulicos. De facto, um dos trabalhos consistiu precisamente no definição de prioridades para o estudo das bacias hidrográficas, tendo-se procurado, para esse efeito, utilizar critérios que tivessem em vista simultaneamente as finalidades hidroagrícolas e de produção de energia. Problemas mais delicados se levantam no que se refere ao transporte de combustíveis para a costa da província e ao transporte do carvão de Moatize.

O primeiro destes problemas diz respeito à necessidade de proporcionar às centrais térmicas disseminadas pela província a possibilidade de produzirem energia eléctrica a preços bastante inferiores aos obtidos em muitas outras centrais deste tipo consumindo gasóleo, o que se reconheceu estar Intimamente dependente do fornecimento do fuel-oil a granel em condições favoráveis. A primeira solução encarada consistiu na aquisição de um petroleiro para este fim, solução que encontrava correspondentes instalações de armazenagem de produtos petrolíferos em alguns portos da província.

Para resolução do problema foi possível utilizar o método da programação linear, de cuja aplicação resultaram conclusões opostas a esta solução.

Em linhas gerais, esta conclusão, conjuntamente com a possibilidade revelada no decorrer dos tra balhos de movimentação de fuel-oil, pela utilização dos navios de longo curso, deu um novo aspecto ao problema, que terá de ser analisado em profundidade. Por sua vez, ligado ao campo das actividades extractivas, verifica-se que o carvão de Moatize tem defrontado problemas de comercialização cuja resolução não parece fácil. Atendendo a vários factores de incerteza, não foi possível, como era desejo inicial, definir uma «zona de influência» para o carvão de Moatize, a tornar posteriormente operacional por medidas de política apropriadas.

Reconheceu-se, todavia, que não era possível fornecer-lhe uma base mínima de competitividade económica com outros combustíveis utilizados na produção de energia por via térmica se não fossem revistos profundamente certos factores determinantes desta situação. Entre eles avultam as tarifas de caminho de ferro actualmente praticadas, os encargos que oneram o armazenamento e manuseamento do carvão MÓS diversos portos da província e os próprios preços praticados pela navegação de cabotagem.

O problema, porém, necessita de ser integrado numa óptica mais geral, conjugando todos os eleme ntos que envolvem a exploração das minas de carvão de Moatize em condições económicas, o que constituía precisamente uma das principais atribuições dos estudos relativos a indústrias extractivas. Com referência aos projectos cobertos pelo investimento público, exceptuando, portanto, as obras a cargo das concessionárias (Sociedade Nacional de Estudo e Financiamento de Empreendimentos Ultramarinos, S. A. R. L., e Sociedade Hidroeléctrica do Revuè, S. A. R. L.), com a ressalva do aproveitamento hidroeléctrico do Alto Zambeze em Cabora-Bassa e do aproveitamento do rio dos Elefantes em Massingir, os empreendimentos propostos significarão o seguinte progresso relativamente à situação actual:

Aumento da produção de energia eléctrica mediante:

Instalação de uma potência térmica adicional de cerca de 8 MW, correspondente a três centrais;

Construção do aproveitamento hidroeléctrico do Alto Molócuè, com uma potência instalada de 39 MW e uma produtibilidade média de 90 GWh por ano;

Construção de uma rede de transporte e distribuição, com as respectivas subestações, correspondendo a:

420 km de linhas à tensão de 150 kV, funcionando a 110 kV;

100 km de linhas à tensão de 110 kV, funcionando inicialmente a 60 kV;

125 km de linhas à tensão de 60 kV;

Cerca de 200 km de linhas e ramais de grande distribuição;

Potência dos transformadores instalados nas subestações de cerca de 100 MUA.

Reconhecimento de 22 bacias hidrográficas consideradas prioritárias, consubstanciado num inventário para cada uma, do qual conste especialmente - como orientação para os empreendimentos a levar posteriormente a cabo - o seguinte:

Primeira avaliação das possibilidades de produção de energia eléctrica, de aproveitamento hidroagrícola e de abastecimento de água, navegação e outros fins;

Sugestão para execução das obras de maior interesse, imediato ou a longo prazo, com estimativa grosseira do respectivo custo; Recomendação da ocupação hidrológica mais conveniente. As centrais térmicas da província, excluída a da Sociedade Nacional de Estudo e Financiamento de Empreendimentos Ultramarinos, S. A. R. L., consomem produtos petrolíferos - gasóleo, em grande maioria.