Os custos da energia eléctrica produzida por estas centrais são função fundamentalmente do tipo de central, do custo do combustível e do factor de capacidade, mas pode dizer-se, de um modo geral, que os custos são elevados e, em certos casos, desencorajadores para novas instalações industriais.

Sucede que a utilização de grupos electrogéneos consumindo fuel-oil pode possibilitar a produção de energia eléctrica a preços bastante inferiores aos obtidos em muitas centrais térmicas consumindo gasóleo, desde que o fuel-oil seja fornecido a granel, em condições favoráveis. Dada a importância do assunto, foram especialmente analisados os problemas do transporte dos produtos petrolíferos por cabotagem, seu fornecimento e armazenagem.

Por outro lado, deve ser encarada com todo o interesse a possibilidade de utilização dos carvões de Moatize na produção de energia eléctrica, visto tratar-se de um combustível da província, devendo notar-se, todavia, que as centrais a carvão apenas são competidoras com as centrais a Diesel a partir de consumos da ordem dos 50 kWh a 60 kWh, dados os maiores encargos de instalação para pequenas potências instaladas.

Nestas circunstâncias, o problema da produção de energia por via térmica terá de se convenientemente estudado para cada caso, tendo em vista a possibilidade de utilização de combustíveis da província - carvão de Moatize e refinados de petróleo da Sonarep -, ficando a escolha do combustível a utilizar subordinada ao valor da potência e utilização anual da ponta máxima, bem como às vantagens e desvantagens que em cada caso oferece o uso dos referidos combustíveis, atendendo sempre, porém, a que é do máximo interesse nacional depender o menos possível de fontes externas de energia, de modo a evitar saída de divisas. Em particular no caso da nova central térmica a instalar para abastecimento da região de Lourenço Marques (C. T. III), que poderá laborar com carvão importado, de origem sul-africana, em boas condições de preço, tem muito interesse considerar a possibilidade de projectar a central de modo a serem consumidos indiferentemente os dois combustíveis - carvão e fuel-oil. Considera-se indispensável a resolução a curto prazo do problema do fornecimento a granel de combustíveis, sobretudo de fuel-oil, atendendo especialmente aos benéficos efeitos que daí podem resultar nos custos de produção de energia eléctrica de muitas centrais térmicas. A descida de preço dos produtos petrolíferos pode beneficiar outros importantes sectores da actividade económica.

Nestas circunstâncias, atendendo a que não parece haver vantagem em que a frota da cabotagem da província seja dotada de um petroleiro com características apropriadas para esta finalidade, recomenda-se que seja devidamente esclarecida a possibilidade de os navios de longo curso transportarem fuel-oil a granel.

Sendo isto possível, ficaria assegurado o abastecimento dos portos da Beira, Nacala e Porto Amélia, considerando-se suficientes a frota de cabotagem existente e os transportes rodoviários e ferroviários para o tráfego deste combustível entre os demais portos e para o hinterland. Embora ainda nada de concreto seja conhecido quanto à existência de petróleo em Moçambique, de que só foram encontrados, até agora, pequenos vestígios, foi unanimemente reconhecida a conveniência em prosseguir com as pesquisas petrolíferas, dada a repercussão que terá na economia da província a descoberta de tão valiosa fonte de energia.

Nestas condições, independentemente da continuação das prospecções em curso, promoveu-se o alargamento das prospecções a novas áreas, considerando a participação neste trabalho de outras empresas especializadas. O distrito de Manica e Sofala corresponde praticamente, no que diz respeito a produção e grande distribuição de energia, à área de concessão da Sociedade Hidroeléctrica do Revuè, S. A. R. L.

Nesta área põem-se alternativas de grande importância, para a elucidação das quais não existem ainda suficientes elementos de análise, na escolha dos meios de produção que deverão seguir-se ao alteamento da barragem da Chicamba Real à cota definitiva, nomeadamente:

Outros aproveitamentos na bacia hidrográfica do Revuè (centrais do Mavúzi III, Mavúzi III, etc.);

Aproveitamentos hidráulicos de fins múltiplos no Pungue.

Centrais térmicas, a localizar, possivelmente, no Dondo ou na Beira.

Acresce que a circunstância de se prorrogar ou não o actual contrato de exportação de energia para a Rodésia vai afectar as decisões que vierem a ser tomadas, mais concretamente as datas em que as novas fontes de produção de energia terão de entrar em serviço.

Nestas circunstâncias, é indispensável, para melhor basear quaisquer opções futuras, que a concessionária apresente, o mais rapidamente possível, o projecto de obras a executar na zona de concessão. Investimentos Os empreendimentos da iniciativa privada incluídos no sector «Energia», isto é, tudo o que diga respeito ao carvão e combustíveis líquidos e às instalações de produção, transporte e distribuição de energia eléctrica a cargo das empresas concessionárias, não foram considerados na relação de projectos incluídos no Plano, nem, consequentemente, na síntese de investimentos, pela dificuldade de obtenção dos elementos de informação necessários à sua inclusão no sector indicativo do Plano.

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