(a) Sem contar as despesas militares extraordinárias.

III

Reflexos da situação conjuntural Recentes estimativas do Instituto Nacional de Estatística sobre a evolução do produto interno bruto ao custo dos factores e a preços de 1963 indicam que o crescimento no ano de 1966 em relação a 1965 se processou a um ritmo que pode ser estimado entre os limites do 3,6 e 1,6 por cento, conforme a série que for considerada como mais significativa (as últimas estimativas correspondem ao crescimento mais fraco). Isto é, o produto interno bruto a preços constantes de 1963 atingia o valor de 95,3 milhões de contos (ou, na hipótese mais forte, o de 97,3 milhões de contos).

Este abrandamento em 1966 traduzia fundamentalmente o facto de: O produto agrícola, de 16,8 milhões de contos, corresponder ao valor mais baixo dos últimos oito anos;

b) O produto das indústrias transformadoras - factor dinâmico de expansão registada nos últimos anos - se situar praticamente ao nível do ano anterior.

O gráfico da evolução do produto global e industrial, nos últimos anos, evidencia claramente a dinâmica de expansão ao ser apresentado em termos de taxas de crescimento (gráfico I, em anexo).

Por seu lado, o ritmo de formação de capital, que vai influenciar largamente a produção futura, mostrava também no ano de 1966 uma quase paragem: a formação de capital fixo das empresas passa de 14,9 em 1965 para

15 milhões de contos, ao passo que o investimento público se mantém ao nível de 2,4 milhões de contos.

A eventualidade de uma recuperação no decorrer do ano de 1967 (1.º semestre) encontra-se presumivelmente afastada se se atender à evolução (cf. gráfico n, em anexo) de alguns indicadores disponíveis neste momento e que podem ser admitidos como traduzindo movimentos conjunturais; refere-se a secção a índices da produção industrial, consumos energéticos, transportes em caminho de ferro e efeitos descontados, para os quais a tradução gráfica em termos de taxas de cr escimento em relação a idêntico período do ano de 1966 se- afigura bastante elucidativa.

Isto é: a recuperação, a ter sido feita neste 1.º semestre, deveria corresponder a curvas fortemente ascendentes, pois como se compararam meses de 1967 com igual período de 1966, e este último ano corresponde a fraco crescimento, a inversão da tendência deveria ser traduzida por crescimentos amplos. Assim não acontece, e o andamento do índice da produção industrial parece evidenciar mesmo uma grave situação conjuntural neste sector dinâmico do crescimento, como recentemente foi confirmado pelo inquérito de conjuntura da Corporação da Indústria. No conjunto de evolução do produto em 1967 deve, em contrapartida, contar-se com uma produção agrícola sensivelmente superior à de 1966, o que poderá atenuar a influência depressiva do sector secundário; em qualquer caso, dificilmente pode ter-se desde já como certo um crescimento do produto de 6,1 por cento, idêntico ao programado no Plano In tercalar de Fomento.

Estes indicadores levam a secção a ponderar que a evolução e a dinâmica de abrandamento da economia metropolitana concretizadas no ano de 1966 e no 1.º semestre de 1967 não se encontram ainda vencidas, o que conduz a esta reflexão:

a) Dificuldade de atingir o ponto de partida programado para 1967 no projecto do III Plano de Fomento, ou seja o nível de 102,7 milhões de contos para o produto interno bruto a preços constantes de 1963;

b) Quase impossibilidade de alcançar o volume de formação bruta do capital fixo previsto, ou seja, 21,3 milhões de contos de 1963;

c) Necessidade de vencer o abrandamento da expansão até ao fim de 1967, pois, caso contrário, tudo indica que dificilmente se conseguirá atingir, no decorrer do ano de 1968, o ritmo de crescimento de 7 por cento, citado no projecto.