Esta reflexão faz admitir imediatamente a eventualidade de se partir de um nível de produto inferior a 102,7 milhões de contos, o que, admitindo um ritmo de crescimento médio de 7 pôr cento no período de 1968-1973, significará um volume mais baixo de investimento global neste período de seis anos; esta hipótese pode apresentar grande interesse por corresponder a uma situação em que haverá maior margem de flexibilidade na política de investimento e de poupança. A secção sugere que seja ponderada a conveniência e utilidade de se refazerem os cálculos, mantendo a taxa de crescimento de 7 por cento como meta desejável a atingir para o conjunto do sexénio.
Não é sòmente no plano de grandezas «não monetarizadas» que a situação conjuntural apresenta significado relevante. A evolução de preços e salários evidencia, através do gráfico que exprime igualmente a dinâmica mensal de variação a partir do início de 19G6 (gráfico III, em anexo), uma tendência relativamente marcada acima dos ritmos habituais e aceitáveis de pressões inflacionistas, na medida em que a maioria das variações dos salários se situa entre 10 por cento é 18 por cento, e dos preços entre 4 por cento e 10 por cento; tendo em conta a desactualização que caracteriza a amostra básica dos índices do custo de vida em Lisboa e Porto, pode concluir-se que o aumento de preços terá sido, nestes últimos 18 a 24 meses, superior ao ritmo anual de 4 por cento, o que, a ser assim, virá a representar elemento perturbador, quer da estabilidade monetária, quer das variáveis financeiras. Esta tendência irá, por sua vez, repercutir-se em todo o conjunto de factores que se ligam às despesas do sector público e às transacções com o exterior, no âmbito, quer das mercadorias, quer dos serviços e, em especial, do turismo. Mas este é assunto que, embora tenha de estar presente neste parecer subsidiário, melhor se enquadra no âmbito do parecer sobre a parte referente ao continente e ilhas do projecto do III Plano de Fomento e para o qual a secção chama a atenção, pelas repercussões profundas que pode ter em todos os equilíbrios sectoriais.
Se se entrar em consideração com os valores, indicados no capítulo i, de 1967 = 102,7 milhões de contos e de 1973 = 155 milhões de contos, a taxa acumulada de crescimento é efectivamente de 7,1 por cento ao ano.
Problemas do equilíbrio no decorrer do III Plano de Fomento
Preços e rendimentos:
Transacções com o exterior.
Haverá, portanto, conveniência em tecer alguns comentários sobre estas questões antes de se abordarem outros aspectos fundamentais do capítulo II, em apreciação, referentes à poupança e financiamento e à estratégia da expansão equilibrada.
A evolução projectada para 1967 e os esforços anti-inflacionistas de grande número de países industriais mais sublinham o cuidado que devemos pôr na política de estabilidade e a dificuldade, ou perigo, de adoptarmos providências ou políticas de inflação temporária como método de financiamento de «situações conjunturais» ou mesmo de investimento em capital fixo.
A evolução global pouco indica, porém, quanto a repercussões sectoriais da maior importância. Interessa ter bem presente a evolução relativa fios preços sectoriais, não só porque ela condiciona movimentos particulares de produtos entre países, mas porque constitui, também, é simultâneamente, indicador das e para as variações internas da estrutura produtiva; assim, a evolução comparada, dos preços relativos de produtos industriais, agrícolas e energéticos e dos preços relativos de alojamento e de outros serviços, como transportes, saúde e educação, não pode ser menosprezada ou omitida no contexto de uma p olítica de desenvolvimento. A. própria política de preços não pode ou deve desligar-se da política de rendimentos, e em especial da participação relativa dos rendimentos do trabalho (ordenados e salários) e do empresário, e proprietário (lucros, rendas e juros), porque através dela vão influenciar-se não só os ritmos de formação da poupança e de gastos de consumo, mas também a própria composição deste último e os estímulos ao aforro. A evolução recente da economia portuguesa,