o sector privado. (Dr. Sidney Rolf, Bacltground Paper for the Conference on Capital Markets, Paris, 1966).

O inquérito recente da Corporação da Indústria, citado no capítulo II e referente a uma amostra (grandes empresas), afirma:

O investimento foi financiado, sobretudo, por recursos próprios (54 por cento do total, provenientes de reservas acumuladas) e por entradas de numerário feitas pelos sócios (aumentos de capital, 8 por cento, emissões de acções reservadas aos antigos accionistas, 2 por cento, e suprimentos e lucros não distribuídos, õ por cento).

De fontes estranhas às empresas, confirma-se a posição de relevo da banca comercial (10 por cento), Caixa Geral de Depósitos (5 por cento), Banco de Fomento Nacional (3 por cento), créditos de fornecedores (5 por cento) e outros empréstimos, incluindo crédito externo (9 por cento).

Embora os resultados de tal inquérito possam ser pouco elucidativos, pois não há referência no projecto, nem à dimensão das empresas da amostra, nem ao período a que se refere o investimento, indicam, pelo menos, o papel de relevo da banca comercial no financiamento da indústria e a reduzida participação dos lucros não distribuídos, o que parece não se conciliar com as projecções feitas que atribuem um papel predominante aos lucros retidos.

Aliás, a estrutura do financiamento das empresas em países como a França, a Alemanha, a Holanda e a Bélgica indica que a parcela de recursos internos no financiamento das empresas varia entre 63 e 68 por cento, o que nos situa em posição idêntica, embora o volume absoluto de investimento seja menos elevado na metrópole. Aliás, nesses países, o crédito a curto prazo desempenha quase sempre papel importante nos financiamentos exteriores à empresa, chegando a atingir cerca de um terço na Bélgica e um quarto na França; não se pode, contudo, tirar outra conclusão que não seja o papel activo da banca comercial no financiamento, pois, para ir mais além, haveria que avaliar a composição dos activos da empresa e o modo como os fundos próprios cobrem as imobilizações.

A composição dos activos das sociedades em Portugal, embora não seja frequentemente conhecida com rigor, mostra, por vezes, uma reduzida participação dos fundos próprios e, em particular, dos permanentes em relação ao valor das imobilizações, gerando situações de endividamento, que, no caso de abrandamento da expansão da empresa e do sector e em épocas de estabilização, acusam facilmente, por um lado, a fragilidade económica da empresa e, por outro, os movimentos conjunturais. Esta situação acentua a conveniência de se analisar cuidadosamente o nível da participação do autofinanciamento em épocas de abrandamento da actividade económica, e em particular industrial.

Aliás, estudos feitos em países do Mercado Comum parecem indicar que a p onderação do índice de solidez da estrutura económica e financeira da empresa é elemento da mais alta importância nas políticas de unificação de espaços económicos, pois caso contrário ficar-se-á quase sempre na dependência das políticas da empresa (estrangeira ou nacional) mais forte e cuja solidez foi estruturada ao longo do tempo e num ambiente cultural e tecnológico favorável à concretização da iniciativa privada. E neste plano não pode esquecer-se o papel que desempenha em países mais evoluídos, quer.

a contratação com o sector público, por exemplo no domínio da investigação (nos Estados Unidos da América o Estado financiava recentemente mais de 65 por cento das despesas de investigação na indústria de construção eléctrica e electrónica) e no âmbito das encomendas militares ou civis, quer a formação de poupança institucional correspondente a fundos de previdência constituídos ao nível da empresa.

Isto é, a comparticipação da poupança das sociedades e o financiamento dos seus investimentos não se põe exclusivamente em termos de «potencialidades» e «necessidades», mas enquadra-se no âmbito de uma política económica e financeira global e sectorial. Cada mercado financeiro representa uma constelação singular de instituições públicas, quase públicas e privadas, funcionando de acordo ou sob a orientação de um conjunto de disposições legais ou de práticas tradicionais que correspondem ao enquadramento histórico longínquo e recente em que a evolução, embora rápida, não pode abandonar os pontos históricos de partida. Mais se poderia acrescentar que o equilíbrio verificado no tempo entre as diferentes participações não deve ser destruído pelas necessidades imediatas aparentes de uma conjuntura, sacrificando margens de segurança financeira, sem integrar ou conciliar esse sacrifício com opções bem definidas e claras de política de desenvolvimento económico.

A expansão com estabilidade não é um mito ou fantasma, travão do progresso, mas representa antes o quadro básico de um desenvolvimento são e quanto possível independente das influências externas. No caso português, o elemento essencial a não perder de vista na gestão financeira é a defesa da integridade do território nacional, defesa essa que se desdobra em várias facetas em que assume particular relevo a estabilidade financeira, e monetária do todo nacional.

VII

Instituições financeiras A par dos processos e meios de financiamento do sector público, através dos vários canais à sua disposição - e teria interesse incluir no projecto uma análise das operações do Tesouro, dos fundos e serviços autónomos e dos organismos corporativos e de coordenação económica -, encontram-se as seguintes instituições desempenhando papel primacial na actividade creditícia, pela ordem da participação projectada no financiamento do período de 1968 a 1973 (cf. n.º 33, do capítulo em exame):

(a) Inclui as províncias ultramarinas.

Como neste período a poupança estimada do sector privado (sociedades e particulares) atinge cerca de 160 milhões de contos, poderia concluir-se que a preferência por activos monetários entesourados devia ser bastante