Começa o capítulo IX do projecto do III Plano de Fomento por analisar os aspectos fundamentais da evolução recente e dos problemas actuais do sector. Verifica-se que, em relação aos turistas estrangeiros, a procura se concentra em cinco nacionalidades, que representavam, em 1966, 75 por cento do total de turistas - Reino Unido, Estados Unidos, França, República Federal Alemã e Espanha.

No que se refere ao turismo interno, embora a sua medida não seja rigorosa, observa-se uma estagnação nos últimos dois anos, apesar de em nível absoluto representar ainda um número de dormidas superior às dos turistas estrangeiros.

Enquanto o turista estrangeiro tem mostrado preferência pelas regiões de Lisboa (54 por cento em 1966), Algarve (13 por cento) e Madeira (10 por cento), o turista nacional, embora se dirija em parte apreciável para Lisboa (29,6 por cento), dissemina-se fora dos grandes centros (46,1 por cento).

Se bem que não se tenham agravado nos últimos anos as flutuações estacionais do movimento de turistas, elas são particularmente notórias nas regiões interiores do continente e nas praias situadas fora do Algarve e da região de Lisboa.

A procura dos turistas estrangeiros tem-se caracterizado pela manutenção de uma elevada percentagem de dormidas em estabelecimentos de melhor qualidade (54 por cento em 1966) e por uma diminuição nos de qualidade inferior, compensada por um crescimento em relação aos de qualidade média.

Por outro lado, as dormidas dos turistas nacionais orientam-se predominantemente para estabelecimentos de qualidade inferior, utilizando em percentagem muito reduzida os de qualidade superior.

A capacidade hoteleira não tem acompanhado o ritmo de crescimento da procura, pois aumentou entre 1964 e 1966 de cerca de 1800 camas por ano no conjunto do País (correspondente a um acréscimo anual de cerca de 3 por cento)2.

No entanto, as taxas de ocupação médias verificadas no País situam-se ainda em valores baixos (30 por cento em média, na metrópole, em 1966), o que revela um desequilíbrio notório entre a oferta de capacidade e a procura de alojamento.

Como se aponta no capítulo em estudo, «torna-se pois necessário, ao confrontar procuras com capacidades, proceder no futuro à análise regional que permita fundamentar essa comparação e evitar os erros grosseiros a que os números globais poderiam conduzir». São os seguintes os objectivos previstos para o sector do turismo no projecto do III Plano de Fomento:

O número das dormidas em território metropolitano evoluirá a uma taxa média anual de 20 por cento, admitindo-se simultaneamente que as proporções de dormidas de turistas de cada nacionalidade nas várias categorias de estabelecimentos hoteleiros permanecerão estáveis no nível médio registado em anos recentes.

Através de um conjunto de hipóteses, que parecem coerentes e realistas, estima-se a capacidade hoteleira necessária para satisfazer a procura no mês de ponta - Agosto. Por se chegar a números que saem muito do que se tem conseguido no País, apresentam-se seguidamente os resultados:

Dentro deste total, as previsões apontam para que, em 1973, 42 por cento sejam quartos de hotéis de luxo e 1.ª categoria 3.

As necessidades de pessoal, a cumprir-se o programa de construções previsto, são as seguintes:

Para corresponder a estas necessidades de mão-de-obra, as escolas hoteleiras a funcionar em 1968 contribuirão com um .contingente anual manifestamente insuficiente - 570 alunos;-, mesmo tendo em conta o largo contingente de mão-de-obra que acorre directamente à profissão. Investimentos

Com base na capacidade que se definiu como necessária e utilizando coeficientes de investimento por quarto para cada categoria de estabelecimento, prevêem-se, no capítulo em exame, os seguintes volumes de investimento em hotelaria:

(a) Deste total, 68 por cento destinam-se a hotéis de luxo e de 1.ª classe.

Qualificam-se seguidamente os investimentos necessários em promoção turística, em formação profissional e em infra-estruturas e complementos. Vê-se com muito agrado o aparecimento destes números, pelo que significam como

2 O projecto de Plano Intercalar de Fomento para 1965-1967 previa, para o triénio, a construção de 11 400 camas, ou seja, 8800 por ano.

3 Em 1966 a proporção correspondente a esta categoria de estabelecimentos era de cerca de 22 por cento do total da capacidade existente.