definidores das necessidades globais de investimento desencadeadas pelo processo de desenvolvimento turístico. Destaca-se, por parecer de grande importância, a verba consagrada à promoção turística, que pode vir a desempenhar um papel decisivo na prospecção de novos mercados e, sobretudo, na orientação mais

conveniente das correntes que nos visitam. Financiamentos

III

Análise crítica do projecto Sem boas estatísticas, publicadas em prazos úteis, não pode haver planeamento. No sector do turismo, apesar de alguns progressos registados nos últimos anos, verificam-se ainda algumas lacunas fundamentais, que limitam o rigor que possa atribuir-se às projecções elaboradas.

Assim, em primeiro lugar, não existe qualquer registo das dormidas de nacionais e estrangeiros em casas particulares, apartamentos e quartos alugados, e também não há ainda um inventário dos meios de alojamento correspondentes a este tipo de capacidade. Este inventário seria extremamente importante como factor de previsão da capacidade necessária em anos futuros, sobretudo nas regiões em forte expansão turística e com dificuldades de ponta na oferta de alojamentos.

Julga a secção que é de insistir neste ponto, porque se considera fundamental encarar, de uma forma. planeada, todas as possibilidades de aproveitar os benefícios do turismo (nomeadamente no ângulo de divisas) através de esquemas que não envolvam necessariamente grandes imobilizações de capital.

Considera-se também importante a completa inventariação da mão-de-obra que trabalhe no sector.

No aspecto das receitas, secunda-se integralmente a seguinte afirmação do relatório do Grupo de Trabalho n.º 9 «Turismo e hotelaria»: «... o problema da avaliação das receitas de turismo registadas na balança de pagamentos deveria ser objecto de estudos rigorosos que eliminassem, pelo menos em boa parte, as imprecisões que se afigura existirem actualmente.»

Recomenda-se que sejam elaborados inquéritos por amostragem (anuais ou bienais) aos turistas estrangeiros, de forma a poder determinar-se uma capitação média dos gastos em divisas.

Finalmente, é urgente dispor-se de elementos que permitam determinar a estrutura de despesas do turista, bem como os gastos médios por nacionalidades. De facto, trata-se de elementos imprescindíveis para a tomada de posições, nomeadamente em matéria de preços e de tipos de clientela turística a prospectar e a promover 4.

Concretizando, pensa a secção que, quando se estuda, por exemplo, o regime de preços de hotelaria, só é possível medir os efeitos da sua alteração (ou racionalizar a decisão, o que é o mesmo) se se conhecer em que medida é que tal decisão afecta o nível geral dos preços turísticos. A evolução da procura Na medida em que se trata da variável central de todo o complexo de objectivos fixados ao sector, tem interesse examinar um pouco a forma como foi prevista a evolução da procura expressa no número de dormidas que se verificarão no sexénio abrangido pelo III Plano de Fomento.

Diz-se no capítulo em estudo: «Para os turistas estrangeiros, prevê-se que a taxa anual de acréscimo respeitante ao número de dormidas se aproxime dos 20 por cento, o que se afigura viável, atendendo aos 17,9 por cento realmente verificados no período 1961-1966.»

Um primeiro reparo que se faz é o de se justificar a taxa prevista - 20 por cento - com a verificada no período de 1961-1966, quando no próprio capítulo se afirma que a taxa de crescimento no período foi de 16 por cento 5.

E a seguinte a evolução das dormidas, ano a ano, no período de 1960-1966:

Acréscimo anual das dormidas de estrangeiros na metrópole

(Percentagens)

Um primeiro ponto que se destaca do quadro anterior é que, embora o crescimento médio no período de 1960-1966 tenha sido de 16 por cento, a taxa de aumento anual tem vindo a assumir valores decrescentes de 1963 em diante, e foi em 1966 sensivelmente inferior à média referida.

4 Em Espanha, onde se tem avançado bastante nesta matéria, dispõe-se já deste tipo de elementos.

A título de informação, indica-se seguidamente a estrutura dos gastos do turista em Espanha:

5 A escolher entre os dois períodos, pareceria mais lógica a comparação com o segundo, por se tratar de um período de seis anos.