Mesmo adicionando ao número de enfermeiros o de auxiliares de enfermagem, apenas se apura a relação de 1027 habitantes por unidade, o que revela enorme insuficiência, agravada pela circunstância de os auxiliares de enfermagem se terem formado em muito maior proporção.
Com base no mínimo aconselhado de 500 habitantes por unidade, o capítulo em estudo computa o déficit nacional em cerca de 9000 profissionais de enfermagem.
A verdade é que a situação assume enorme gravidade, pois muitos serviços funcionam com clamorosas carências e há outros que não é possível manter ou iniciar por falta de pessoal de enfermagem.
E também se registam acentuadas assimetrias na repartição geográfica, r e velando-se piores as situações nos distritos de Beja, Bragança, Leiria, Viana do Castelo e Viseu.
São de louvar as medidas que para ocorrer a este problema o Ministério da Saúde e Assistência tomou no tocante a remodelação dos cursos de enfermagem, criação de novas escolas e atrib uições de bolsas de estudo.
Mas persiste, apesar de outras providências já adoptadas, o desnível das retribuições atribuídas, problema que está na base da falta de médicos e, sobretudo, de enfermeiros, bem como da sua má distribuição.
Cumpre salientar que se torna necessária uma enérgica acção de saneamento, mais ainda nos meios rurais, não obstante tildo o que durante os últimos anos o Estado e as autarquias locais têm realizado nesse domínio.
São grandes as deficiências em abastecimento de água, e em muitos casos a população dela se fornece por forma que não garante sequer a potabilidade. Faltam redes de esgotos em condições convenientes, os quais normalmente são lançados no mar próximo de zonas frequentadas ou nos cursos de água sem adequado tratamento. Continuam a existir estrumeiras municipais.
Ora, a salubridade -que vem considerada noutros capítulos do projecto do III Plano de Fomento - constitui uma infra-estrutura que condiciona o êxito dos empreendimentos que possam fazer-se em saúde pública. Só deverão alargar-se os programas e m benefício directo da saúde na medida em que se assegure esse requisito de base.
Mantêm-se erradicadas a varíola e a raiva e verificou-se sensível melhoria nos domínios da poliomielite, difteria, tétano e tosse convulsa.
A gradual elevação do nível de vida das populações, a consequente difusão das práticas de higiene e as campanhas de vacinação e de educação sanitária intensificadas ultimamente pela Direcção-Geral de Saúde permitem confiar em que irão acentuar-se resultados mais decisivos no combate às doenças evitáveis.
Mas estes programas terão o seu êxito comprometido, especialmente no que se refere às febres tifóides e para tifóides, se não forem acompanhados do saneamento das regiões atingidas e de uma melhor fiscalização dos géneros alimentícios.
Encontram-se erradicados do continente o paludismo, a bilharzísse e a ancilostomíase mineira, que constituíam até há pouco graves problemas de saúde pública.
Também foi erradicado o mosquito transmissor da febre-amarela (Aedes aegypti), o que permitiu abolir as medidas de quarentena que tinham de ser impostas aos indivíduos vindos de regiões, como o Brasil, onde a febre- amarela é considerada endémica.
Mas tornou-se necessário exercer uma activa vigilância sanitária sobre os indivíduos regressados do ultramar, muitos dos quais são portadores de parasitas causadores destas doenças de origem tropical.