Na apreciação deste quadro VII deve ter-se em conta, segundo observações formuladas nos relatórios do Banco de Portugal, que tais balanças estão sendo estabelecidas, por insuficiência dos elementos de informação disponíveis, na base das estatísticas de liquidações realmente efectuadas. Em consequência, não se abrangem nessas balanças certas transacções, que se presumem vultosas, a saber:

a) As importações de mercadorias da metrópole e do estrangeiro efectuadas com dispensa de pagamento e as correspondentes a apports de capital en nature;

b) Os pagamentos antecipados ,e diferidos que se relacionam com importações ou exportações de bens ou serviços.

Do quadro VII, com as ressalvas antes feitas, sobressai o contraste entre os superavits das operações com o estrangeiro e os deficits das operações com a metrópole, que em 1965 ultrapassaram aqueles. Contudo, tomando o triénio de 1964-1966, verifica-se que a balança de pagamentos externos do ultramar ainda acusou um saldo positivo de quase 1320 milhões de escudos, posto que só em

parte reflectidos nas contas dos fundos cambiais das províncias.

Do referido quadro VII parece de destacar especialmente:

1. O vultoso déficit da rubrica de mercadorias, onde, pelo que antes se anotou, têm pesado os saldos negativos com a metrópole;

2. Os excedentes na rubrica de «Transportes» e, bem assim, na de «Diversos», com relevância, no caso do estrangeiro, para os resultados obtidos por Macau e, quanto à metrópole, o efeito das despesas extraordinárias de defesa;

3. Os saldos negativos referentes a «Rendimentos de capitais» e a «Transferências privadas»;

4. Os pequenos saldos da balança de capitais nos anos de 1965 e 1966, a contrastar com o quantioso excedente registado em 1964.

Convém, para evidenciar o peso relativo das diferentes províncias na situação assim brevemente descrita, examinar ainda o quadro VIII, referente à balança de pagamentos externos de cada província, a que, evidentemente, se aplicam as reservas feitas quanto ao quadro VII.

Balança de pagamentos externos das províncias ultramarinas com o estrangeiro e a metrópole

Nota-se o peso extraordinário que Angola ,e Moçambique assumem, como seria de esperar, nos resultados globais do ultramar.

São estas províncias que contribuem fundamentalmente para os saldos positivos com o estrangeiro e foram elas que determinaram a quebra desse excedente de 1965 para 1967.

No que diz respeito à diminuição do déficit global com a metrópole verificado de 1965 para 1966, esta foi resultante, fundamentalmente, das operações efectuadas com Moçambique.

Anote-se ainda o substancial superavit da conta de invisíveis correntes do ultramar com o estrangeiro, com relevo para os transportes, turismo e diversos. Moçambique, como é habitual, contribuiu com larga parcela para o respectivo saldo positivo, seguindo-se Macau e Angola. Pela sua importância relativa, julga-se merecer especial consideração a análise das operações comerciais. O quadro IX decompõe o comércio especial da metrópole entre o estrangeiro e o ultramar, destacando neste Angola e Moçambique.