Em primeiro lugar, haverá que recomendar que seja refundido o texto, dentro da orientação já expressa a propósito dos sectores anteriores.

Depois, há que considerar o factor central da política de energia em Moçambique: a realização do aproveitamento de Cabora-Bassa, no Zambeze, interessando além de Moçambique vários países vizinhos. Na fase final, a potência instalada em duas centrais seria 3000 MW, subdividida em grupos gigantes de 400 MW cada um. A produção atingiria 18 000 milhões de kilowatts-hora, a preços reputados como dos mais baixos do mundo.

De resto, o Zambeze e seus afluentes permitem perspectivas verdadeiramente fora de série. Só o Zambeze, em quatro escalões (Mepanda-Uncua, Boroma, Lupata e obras até à foz), pode fornecer 50 000 milhões de kilowatts-hora - mais de dez vezes a produção da metrópole e cinco sextos da produção total africana estimada em 1966.

Os investimentos a fazer até fins de 1973, incluindo a barragem, central sul e linha de transporte de 1400 km em corrente contínua para a África do Sul, andariam pelos 6 milhões de contos, sendo aproximadamente 3 200 000 imputados à produção e 2 800 000 ao transporte. O financiamento considera-se assegurado e foram feitos os estudos económicos necessários.

Tomada a decisão de avançar com o projecto, o empreendimento do Alto Molocué poderá ser dispensado, desde que o Malawi receba energia para a transformação industrial das suas bauxites. Nesse caso, terá viabilidade económica o prolongamento da linha por forma a servir a região interessada.

Igual opção se põe quanto ao abastecimento da região de Lourenço Marques. A fazer-se a linha de transporte para a África do Sul, mais tarde ou mais cedo será económicamente viável a derivação para aquela cidade, e entretanto é possível obter corrente em retorno do país vizinho e aí entregue com origem no Zambeze.

Assim, o aproveitamento do Alto Molocué, aliás ainda não estudado com o necessário pormenor, deverá ficar sujeito à decisão final sobre realização de Cabora-Bassa. E o mesmo poderá dizer-se quanto à central de Massingir, que importaria em 160 000 contos, para uma produção de energia pequena e cara. Mais uma vez se omitiram no projecto os investimentos a cargo de empresas privadas. Assim, há necessidade de inscrever, pelo menos, os seguintes: Em «Estudos», 21 000 contos a despender pela Sociedade Hidroeléctrica do Revuè e 6000 contos pela Sonefe;

b) Na «Produção», 120 000 contos, a despender pela S. H. E. E. (sendo 30 000 era obras complementares da central da Chicamba e 90 000 no alteamento da respectiva barragem) e 130 000 contos, a despender pela Sonefe, na ampliação da central térmica de Lourenço Marques com um grupo de 15 MW;

c) No «Transporte e distribuição», 45 000 contos a despender pela S. H. E. E. e 90 000 contos a despender pela Sonefe (20 000 na ampliação da rede de grande distribuição de Lourenço Marques, para Vila Luísa, Manhiça e Xinavane, para Maotas-Moamba e para Namaacha, e 70 000 no novo meio de abastecimento de Lourenço Marques, que será provavelmente a linha de interligação com a África do Sul para recepção da energia de Cabora-Bassa). Inscreve-se uma verba para estudos de aproveitamento de fins múltiplos do rio Messalo (3400 contos) e outra para início da execução (30 000 contos), mas não consta, pelo menos expressamente, a comparticipação do sector agro-pecuário; propõe-se que a segunda verba passe a ser inscrita apenas por memória;

b) O mesmo pode dizer-se quanto aos estudos referentes ao rio Malema (10 000 contos).

c) Quanto à inventariação de recursos hidráulicos, ela não diz apenas respeito ao sector de energia e deve, na parte correspondente, ser suportada também pelo sector agro-pecuário.

Para não alongar mais esta apreciação, propõe-se o seguinte esquema de distribuição de verbas: Estudos, produção, transporte e distribuição: