honra e a glória mais alta há, com efeito, Sr. Presidente, justa causa e todo o fundamento para afirmar-se, serenamente afirmar-se, que o soldado português é o maior e o melhor soldado do Mundo!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esta afirmação emana do que se passa em derredor das horas altas, de dor e imolação, mas também floridas de esperança e soalheiras de glória, do actual impasse da vida da Nação, mas corresponde igualmente a um testemunho velho e válido que vem. das páginas imorredouras da história da nossa acção ultramarina. Diz-se que as mesmas causas produzem os mesmos efeitos e assevera-se da mesma sorte que, em meio da estonteante mutabilidade universal, o que mais se conserva igual a si mesmo é o próprio homem. Pois bem. Queremos significar, igualmente, por nós. Sr. Presidente e Srs. Deputados, ao contemplar a situação maquiavélica e criminosamente criada por terceiros em certas províncias do nosso ultramar, que «não estamos perante uma conjuntura, inteiramente nova. Será outra a moldura, mas é idêntico o quadro». Esta a fórmula através da qual se «exprimiu com o rigor habitual e o costumado carácter realista dos seus conceitos, no uso daquela linguagem direita, leal, nobre e servidora da verdade que todos lhe reconhecemos e admiramos, o clarividente, espírito, singularmente agudo e de penetrante observação, do Dr. Franco Nogueira, muito ilustre Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Sabemos de cor todos os episódios da história ligados u ocupação ultramarina, e por isso não ignoramos o que fizeram sofrer à carne e à alma da Nação os seus inimigos da segunda metade do século XIX e primeira do século XX. Acrescentaremos que então, como hoje, os seus propósitos de cobiça e de pilhagem sobre os nossos territórios, para os integrarem na sua esfera de influência e de exploração económica, propósitos revestidos, como os da actualidade, do carácter torpe da dissimulação, da doblez e da traição, encontraram pela frente o ânimo varonil e o espírito heróico de uma teoria de cabos de guerra, de memória imperecível, como Roque de Aguiar, Caldas Xavier, Aires de Orneias, Paiva Couceiro, Eduardo Costa. Galhardo, Mouzinho de Albuquerque e tantos, tantos mais e m que, na expressão camoniana, poder não teve a morte.

Ao visitar o distrito de Gaza, em romagem cívica, estivemos junto dos monumentos evocativos da vitória, nas batalhas de Marracuene e de Magul, onde, Sr. Presidente, emocionados, mergulhados em recolhimento profundo, nos conservámos alguns momentos meditando a considerando que a história da nossa Pátria verdadeiramente encerra e traduz uma autêntica lição de imortalidade!

Serão as nossas derradeiras palavras para saudar efusivamente os três ramos das forcas armadas, prestando a mais calorosa e rendida homenagem às suas qualidades de galhardia, de desassombro e de firme portuguesismo na defesa constante dos direitos imprescritíveis e dos sagrados destinos da sua e nossa querida Pátria. Saudando os vivos, não deixamos de recordar sentidamente os que já tombaram no campo da honra, rezando pela sua alma e jurando o compromisso solene de que sempre haveremos de ser dignos deles, por meio não só da nossa estrita fidelidade às grandes certezas da vida nacional e forte vinculação ao primado dos grandes princípios morais e espirituais, mas também enquadrando-nos nas normas da morigeração, da sobriedade e da austeridade, cuja observância o transe actual por que passa a Nação impõe, sem excepções, a todos os portugueses, e dobradamente aos que, pelo fastígio das posições sociais e políticas que ocupam, devem sempre manter-se à altura das especiais responsabilidades que sobre si impendem.

Mas seguindo a mesma linha de pensamento, Sr. Presidente e Srs. Deputados, também não deixaremos de evocar com veneração, como a razão inculca, e saudar gratamente, como a justiça aponta, a figura histórica de um grande soldado - «o soldado civil da- Pátria e da consciência» que é Salazar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ditas estas palavras, Sr. Presidente, que, pela sua modéstia, mais não conseguiram do que apenas potencialmente conter o galardão maior de admiração, apreço, justiça e reconhecimento com que os melhores devem ser lembrados e distinguidos, o nosso pensamento concentra-se na aliciante e progressiva província do Indico, tão formosa pelo sortilégio da sua paisagem física e tão nobre pelos dons e atributos da sua paisagem humana, para daqui, enviando-lhe um aceno de simpatia e de saudade, na doce e grata recordação do agasalho fidalgo, amigo, fraterno, que nos dera. exclamar, bem do fundo do coração, com o eminentíssimo Sr. Cardeal-Patriarca de Lisboa: «Moçambique é terra cristã e terra portuguesa, terra não para ser pisada, mas para ser beijada, pois a regou sangue de mártires e de heróis.»

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Tendo acabado de perfunctoriamente nos referirmos só a certos e restritos aspectos da jornada inolvidável que fizemos através do nosso território, adentro do território português, insistimos, visto que a África é Pátria de Portugal, enunciamos o claro desejo e proclamamos o princípio de justiça de que o exacto qualificativo de «terra de boa gente» atribuído rigorosamente a Inhambane se amplie e envolva também, em adequada e merecida consagração, do extremo sul à ponta mais setentrional, todo o espaço moçambicano. E sentimos que não conseguimos reprimir, Sr. Presidente, como fecho do singelo apontamento que aí fica, este grito de alma, todo espontaneidade, sinceridade e emoção: Salve Moçambique!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

Guiné, mas em todo o ultramar português.