tranquilidade. Os jovens vão para Saint-Tropez, Cap Ferrat, Torre de Molinos ou Albufeira fazer barulho e dançar yé-yé. Mas os homens de 30 e 40 anos especializaram-se no turismo e já procuram a tranquilidade. Uma das especialidades é a pesca e a caça submarina. Vejo assim os tranquilos Açores, a preços reduzidos, terem possibilidades de captar uma percentagem das centenas de milhares de pescadores e caçadores submarinos que exploram as costas depauperadas deste continente. Chego, assim, à conclusão de que o turismo nos Açores será o mar com a sua riqueza piscatória.

Por aqui deve ser feito o esforço, e não com ideias românticas de fazer turismo para apanhar fresco na mata ou mergulhar em tinas com águas sulfurosas. Este existe, mas é o turismo de bengala.

Desenvolvimento da agricultura, da floresta, da pesca, das indústrias e do turismo é. TIOS Açores, condicionado por um elemento de base - as comunicações. Falo só das comunicações com o exterior, porque as comunicações rodoviárias nas ilhas melhoram de dia para dia devido ao esforço das administrações locais e ao apoio do Poder Central. Comunicações com o exterior nas ilhas são portos e aeroportos e meios de transporte.

Quanto a portos, apenas há um grande esforço a fazer - e porto da ilha Terceira, localizado em Angra ou na Praia, conforme as condições técnicas e as disponibilidades financeiras aconselharem.

Vejo no projecto do Plano a verba de 112 000 contos para os pequenos portos das ilhas adjacentes, nos quais se inclui o da Praia da Vitória. Mas dois outros estão também incluídos na mesma verba - Funchal e Ponta Delgada. Não desejo deixar-me apaixonar, mas parece-me que a grande prioridade deve ser dada ao da Praia, pela simples razão de que a ilha Terceira não dispõe de qualquer porto capaz e de que Funchal e Ponta Delgada são já dois magníficos e bem equipados portos. É ainda em nome do equilíbrio do desenvolvimento regional que mais uma vez apelo para o Sr. Ministro de Estado para que o grosso dos 112 000 contos seja aplicado no porto da Praia da Vitória.

Quanto aos aeroportos, já o disse aqui que a nossa desgraça resulta da abundância, porque se não houvessem dois grandes aeroportos de capacidade internacional talvez tudo seria mais fácil de resolver. Mas a verdade é que existe o grande aeroporto das Lajes, na Terceira, e o grande aeroporto de Santa Maria. Este cada vez tem menos tráfego das carreiras transatlânticas, por os aviões modernos saltarem com facilidade o espaço América-Europa. Mas há a intenção de o salvar por meio de determinados acordos e obrigações estabelecidos com as companhias nacionais e estrangeiras. Não condeno o facto como medida de boa administração e porque ainda no conceito de desenvolvimento regional Santa Maria terá de viver, em grande parte, do seu aeroporto internacional.

Apenas o que se pretende é que um avião nacional, uma vez por semana, vá ao aeroporto das Lajes. Não vislumbro qualquer dificuldade quando a companhia nacional inaugurar as suas carreiras plurissemanais com os Estados Unidos da América. Mais uma vez insisto: estude-se bem a situação geográfica das Lajes, pondere-se o número de habitantes das ilhas centrais, relacione-se com a próxima, existência dos aeroportos da Horta e Ponta Delgada, façam-se as contas de exploração da S. A. T. A. com esta variante e tenho a certeza de que, tudo ponderado, acabará por dar satisfação a esta grande aspiração do meu distrito.

Quanto aos meios de transporte marítimo, não me alongarei. Em relação à última vez que aqui procurei abordar a questão em profundidade, deu-se uma evolução favorável, sobretudo durante o ano corrente. Mas ainda se está longe do desejável. E uma coisa é certa: os efeitos positivos do desenvolvimento regional que se hão-de obter durante a execução do Plano hão-de fazer maior pressão sobre os meios de transporte marítimo que servem os Açores. No desejo de colaborar ria melhor solução, e para não ser mais longo, chamo a atenção dos responsáveis para um magnífico estudo sobre as comunicações nos Açores, apresentado pelo Dr. Cândido Forjaz durante a última semana de estudos açorianos.

Sr. Presidente: Cheguei ao fim. O condicionamento das despesas de defesa obriga a que a execução do III Plano de Fomento se faça com muito dinamismo e com alguns riscos. A iniciativa privada é solicitada a entregar-se de alma e coração a este trabalho. O produto nacional bruto tem que atingir o montante previsto e as despesas de defesa devem ser rigorosamente executadas. A repartição destas despesas entre metrópole e províncias deve caminhar no sentido da paridade. As empresas públicas o privadas devem procurar satisfazer integralmente as necessidades militares.

O desenvolvimento regional será elemento indispensável à melhoria e ao equilíbrio da vida dos Portugueses.

Os Açores são um complemento de valor no conjunto da economia portuguesa.

É na convicção de que assim será que afirmo a minha fé no III Plano de Fomento.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

O debate continuará na próxima terça-feira, dia 21, à hora regimental.

Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 10 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Antão Santos da Cunha.

Arlindo Gonçalves Soares.

Armando José Perdigão.

Carlos Monteiro do Amaral Neto.

Henrique Ernesto Serra dos Santos Tenreiro.

João Duarte de Oliveira.

José Alberto de Carvalho.

José Coelho Jordão.

José Dias de Araújo Correia.

José Fernando Nunes Barata.

José Gonçalves de Araújo Novo.

José de Mira Nunes Mexia.

Leonardo Augusto Coimbra.

D. Marra de Lourdes Filomena Figueiredo de Albuquerque.

Martinho Cândido Vaz Pires.

Rui Pontífice de Sousa.

Teófilo Lopes Frazão.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Alberto Henriques de Araújo.

André da Silva Campos Neves.

António Júlio de Castro Fernandes.