preensão e tão gentilmente para os que tivemos o privilégio de os acompanhar no nosso portuguesíssimo Portugal do Indico que não podia deixar eu também de me referir a essa viagem, em boa hora sequente às que a outras parcelas nacionais ilustres Deputados têm podido fazer, graças à saudável e inteligente política que o Governo, pelo Ministério do Ultramar, iniciou há anos neste sentido.

Foi com alvoroço que Moçambique recebeu oç Deputados por círculos metropolitanos que constituíram a delegação parlamentar, tão dignamente chefiada pelo Sr. Conselheiro Furtado dos Santos. A começar pelo Ministro do Ultramar, pelo nosso ilustre leader, Doutor Soares da Fonseca, pelo Governo-Geral de Moçambique e passando aos altos comandos militares, aos governos de distrito e às autoridades administrativas de toda a província, para não falar já nos particulares, todos multiplicaram os cuidados e as diligências para que nada faltasse nas deslocações e em informação leal e completa sobre o que iam ver e estudar.

Até a meteorologia colaborou, Sr. Presidente.

Infelizmente só não estava na mão dos responsáveis aumentar o tempo, e esse foi curto para tanto que haveria que mostrar. Os treze dias de que a delegação dispunha na província eram escassíssimos e exigiram a opção entre o ficarem com uma visão completa, mas geral, de toda a província, aflorando só os seus mais instantes problemas ou trazerem o conhecimento detalhado de um ou outro dos sectores, limitando-se geogràficamente a visita. Escolheu-se a primeira solução, confiados no interesse de todos e na resistência física de cada Deputado.

E agora, que volto a vê-los a todos nesta sala, com ar saudável e repousado, posso confessar a V. Ex.ª, Sr. Presidente, que sinto a consciência aliviada da possível culpa que me caberia ao garantir ao Governo que os Deputados que nos visitariam podiam aguentar a prova de resistência a que os íamos submeter e na qual nós próprios comparticipámos. Sinto esse alívio e o prazer de poder atestar que a Assembleia tem não só altos valores intelectuais, morais e políticas, mas elementos que comprovaram ser dignos descendentes dos que, nas épocas áureas da expansão, se tornaram conhecidos como os mais resistentes andarilhos da Terra.

Vozes: - Muito bem!

dados, e disso podemos ser testemunhas os que ficámos, a pena que tantos, mas tantos manifestaram de não ter sido possível demorar mais a presença da delegação ou estendê-la a muitos outros pontos, foram prova de como a Assembleia Nacional ficou mais prestigiada e a sua responsabilidade aumentada - se isso se pode dizer - naquelas terras da África viradas para o Indico, depois de cada qual ter verificado nestes contactos que os Deputados metropolitanos viviam e queriam sentir como os da província os seus problemas, os seus anseios, as suas esperanças.

Estão de parabéns os responsáveis políticos desta visita pelos seus resultados. Aproximou-nos mais a todos, iluminou de cores ainda mais brilhantes o portuguesismo de cada moçambicano. Por isso, nos felicitamos os de Moçambique e apresentamos a V. Ex.ª, Sr. Presidente, como o mais ilustre de todos nós e lídimo representante da Assembleia, as mais efusivas felicitações e agradecimentos da província.

Não queria terminar sem referir ainda alguns aspectos que me parecem essenciais e pertinentes.

O primeiro é a convicção que tenho de que a verdadeira perspectiva de Moçambique está hoje gravada na sensibilidade e no sentido político dos colegas que percorreram aquela imensidão geográfica e humana.

É ela a de que ali vivemos um mundo inteiro de problemas novos ou de aspectos inéditos dos antigos que se nos impõe a uma escala tal que provoca em cada português aquela «recuperação para uma dimensão humana que nos velhos continentes da Ásia e da Europa se vai reduzindo cada vez mais ao impulso das massas sempre crescentes» a que me referi na minha intervenção de 14 de Março.

Esta noção trouxeram-na os que contactaram com o metropolitano ali radicado, com os militares que em cada canto do Norte se batem com horizontes sempre maiores, com as escolas repletas de jovens de todas as cores e raças, os que contactaram, em português, com pretos e brancos e os que lamentaram não o poder fazer em áreas onde a nossa língua ainda não se radicou ou generalizou. Gravaram esta imensa dimensão do lusíada os que puderam viver as horas inolvidáveis das visitas aos aldeamentos situados em plena área infestada de terrorismo e na qual ouviram centenas e centenas de crianças negras falarem já o português e misturarem por igual, nas ingénuas representações escolares, as canções do Minho, do Alentejo e do folclore local moçambicano, com a mesma alegria e confiança das crianças das nossas escolas das velhas províncias da Casa-Mãe europeia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vibraram, comovidos, ao assistirem, nesse Norte martirizado, à tenacidade e verdade com que, em aldeamentos de milhares de almas, as milícias locais lutam e defendem a sua posição portuguesa, sem que a seu lado estejam mais de dois ou três europeus - quando não é um só -, modestos guardas fiscais ou polícias.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!