centros industriais, que exigem diariamente deslocações de pessoas e de mercadorias que a maior parte das rodovias são hoje já quase incapazes de comportar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E está previsto que o tráfego motorizado no período de 1965-1980 deve aumentar 176 por cento, pelo que, em 1980, o tráfego médio diário na rede de estradas nacionais será de cerca de 2800 veículos.

Sendo assim, no distrito de Aveiro, o tráfego médio diário de veículos deve ser superior a 5000. Ora, como a capacidade prática de uma estrada com duas vias e uma percentagem de veículos pesados de 33 por cento é de 500 veículos/hora e a ponta horária corresponde a cerca de 9 por cento do tráfego médio diário, conclui-se que as estradas principais dos distritos de Aveiro, Porto e Lisboa deverão ser faixas de rodagem unidireccionais em 1980. Tudo isto se lê na excelente publicação da Junta Autónoma de Estradas intitulada Estatística do Tráfego 1965 - Estradas Nacionais.

Por tudo isto se impõe que providências sejam tomadas já para que não venhamos dentro de poucos anos a encontrarmo-nos naquela situação deprimente e quase sempre enervante que resulta do incómodo e prejudicial engarrafamento de veículos na estrada.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Bem sei que o ilustre presidente da Junta Autónoma de Estradas, em entrevista que li há algum tempo na revista do Automóvel Clube de Portugal, diz que em 1970 deve principiar a construção do prolongamento da auto-estrada dos Carvalhos até Albergaria-a-Velha. Oxalá que tão distinto dirigente, que por forma notável vem exercendo o alto cargo que ocupa, equacionando no seu gabinete de trabalho, com a nítida consciência da gravidade, os problemas que a intensidade do trânsito de veículos motorizados cria dia a dia, não encontre obstáculos que por qualquer modo se possam opor ou embaraçar a prossecução dos seus tão necessários e utilíssimos propósitos.

Mas não só o prolongamento da referida auto-estrada resolve todos esses problemas decorrentes do aumento que a todos os instantes se vem verificando da viação motorizada, como a demora inevitável que vai ter a sua construção, se compadece com a urgência que há na resolução de vários casos que cada vez se vão tornan do mais agudos e perturbadores.

Assim, na minha terra, Oliveira de Azeméis, a saída para o Norte faz-se em difíceis e precaríssimas condições, não só pela excessiva inclinação dos dois acessos à estrada nacional n.º 1, mas porque ambos vão entroncar nela perpendicularmente, o que, além da incomodidade que tal facto representa, tem dado lugar a vários acidentes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E é tão gritante esta situação que o ilustre director de Estradas de Aveiro, Sr. Eng.º Ferreira Soares, sempre atento a todos os problemas que interessam à circunscrição que com superior critério dirige, mandou estudar um desvio do lugar da Portela ao das Barrocas, prolongando-se as Ruas do Eng.º Arantes e Oliveira e do Dr. Ernesto Pinto Basto, desvio pelo qual se faria um dos trânsitos, continuando o outro pelas Buas de Bento Carqueja e de António Alegria. Esta obra, que é absolutamente indispensável que se realize, viria resolver por muitos anos a circulação de veículos em Oliveira de Azeméis, o que, aliás, foi reconhecido pelo Exmo. Presidente da Junta Autónoma de Estradas.

Situação idêntica se dá na vila de S. João da Madeira, onde a estrada nacional n.º 1, que a atravessa, é absolutamente insuficiente para comportar o trânsito de veículos nos dois sentidos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O extraordinário progresso desta terra, com a sua poderosa indústria, atrai ali imensa gente, que vai tratar dos seus negócios e, por isso, exige uma outra artéria que dê escoamento bastante ao intenso movimento que a todas as horas do dia se verifica, quer do norte para sul, quer do sul para norte.

Há anos que foram estudados e aprovados os desvios da estrada, nacional n.º 1 nas duas referidas vilas - Oliveira de Azeméis e S. João da Madeira -, mas tais estudos parece que levaram o destino de todas as coisas inúteis.

O Sr. Veiga de Macedo: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça obséquio.

O Sr. Veiga de Macedo: - Estou a ouvi-lo, como me compete, com todo o interesse, e quero felicitá-lo, antes de mais, pela oportunidade da sua intervenção, tão necessária e fundamentada.

Conheço bem o problema que V. Ex.ª levantou nesta Câmara e só posso dizer-lhe que tem razão ... carradas de razão. O congestionamento rodoviário no distrito de Aveiro, em especial nas zonas industrializadas, atinge proporções muito graves, a exigir providências imediatas e eficazes.

Oxalá o apelo de V. Ex.ª seja ouvido pelos responsáveis e pelo Sr. Ministro das Obras Públicas, a quem o problema das comunicações rodoviárias está a merecer vivo e carinhoso interesse.

Se assim se fizer - e há-de fazer-se -, o Governo terá prestado mais um relevante serviço a uma das mais importantes e progressivas regiões do País. Confiemos.

O Orador: - Agradeço as palavras de V. Ex.ª, esperando que o justo prestígio de que goza ajude a uma mais rápida solução do problema.

Mas se já há cerca de dez anos se reconheceu a necessidade de desviar o trânsito do centro daquelas povoações, porque a viação acelerada cada vez crescia e se desenvolvia mais, que fará hoje que o tráfego motorizado triplicou no período compreendido entre 1955-1965.