conforme pôde, os agricultores que procuraram o seu auxílio financeiro. Assim, de 1961 a 1966 ainda concedeu os seguintes empréstimos:
Contos
Deixei aqui, em pinceladas muito largas, o panorama - pode dizer-se: o triste panorama do crédito agrícola em Moçambique.
Vejamos qual o quadro que nos mostra, neste capítulo, a nossa província-irmã de Angola.
Angola possui hoje um crédito agrícola de que pode verdadeiramente orgulhar-se e que tem dado os melhores frutos no valioso auxílio prestado à sua agricultura. Moçambique emprestou, no período de 1961 a 1966, a importância de 13 021 contos. Angola foi mais longe, muito mais longe. Em igual período - ou melhor, de 2 de Julho de 1961 a 31 de Outubro de 1966 -, os empréstimos concedidos pela sua Caixa de Crédito Agro-Pecuário elevaram-se a 518 665 contos. Há aqui uma diferença tão flagrante que mostra que em Moçambique qualquer coisa está profundamente errada em matéria de crédito agrícola!
Moçambique nada conseguiu receber da verba que se inscreveu no Plano Intercalar de Fomento. Angola já tinha recebido, daquela proveniência, até 31 de Agosto do ano em curso, 30 000 contos e esperava receber em breve outros 10 000. Moçambique ainda não conseguiu fundos provenientes de outras fontes de financiamento. Angola negociou o obteve para a sua Caixa de Crédito Agro-Pecuário um empréstimo de 30 000 contos do banco emissor da província e outro de 50 000 do Banco de Fomento Nacional.
Perante esta situação, que chega a ser de descrédito para Moçambique, verifica-se que no III Plano de Fomento PB não inscreveu qualquer verba para o crédito agrícola. Angola inscreveu 200 000 contos.
Crê-se que o Governo de Moçambique procurará obter financiamentos fora dos recursos financeiros do Plano. Isto não invalida, porém, a necessidade da concessão gratuita de importâncias à sua Caixa de Crédito Agrícola, pelo reflexo que isso terá numa redução da taxa de juro a pagar pelos mutuários, em consequência dos encargos resultantes da conjugação dos fundos gratuitamente obtidos e dos que conseguir dos institutos que a financiem.
Por tudo isto. apoio incondicionalmente o reparo do douto parecer da Câmara Corporativa quando se refere u ausência no Plano de qualquer verba destinada a apoiar o crédito agrícola de Moçambique, esperando que se tome em consideração esta grave lacuna.
E passo a dizer uma palavra sobre as estradas.
As estradas de Moçambique, ou melhor, a sua f ai tu crónica de estradas, é uma das causas indiscutíveis do atraso de certas regiões da província. Não é problema que possa pensar-se em adiar. Tem de ser resolvido urgentemente, sem hesitações, sem demoras, como obra prioritária, mas prioritária à cabeça da lista das necessidades que tenham de ser classificadas com esta designação.
Apesar de tudo isto, tenho sérias dúvidas que consiga executar-se o plano rodoviário estudado para o período de 1968 a 1973. E tenho motivos para o meu pessimismo. Vejamos alguns.
O plano da estradas que se apresenta no projecto foi estudado pelas Obras Públicas de Moçambique em 1961, considerando os valores para custos de construção que vigoravam nessa data. Foram esses os valores que se tomaram em conta na elaboração do ITI Plano de Fomento.
O montante inicialmente previsto, segundo mapa discriminativo dos investimentos, é de 2 184 000 contos, que se arredondaram para 2 229 000 por inclusão de 45 000 contos para a construção da ponte sobre o rio Zambeze, em Tete, obra que se apresenta agora com carácter de prioridade para permitir as ligações rodoviárias de acesso ao empreendimento de Cabora Bassa. Mas a verba inscrita no Plano é de 1 356 537 contos, o que apresenta uma diferença para menos, entre necessidades planeadas e investimento previsto, de 872 463 contos. Se considerarmos, porém, que a estimativa feita para as estradas em 1961 não mais tem actualidade, havendo que aumentá-la de acordo com os custos actuais, encontraremos uma diferença que, em números redondos, poderá elevar-se a 270 000 contos, ou seja, uma diferença total, entre o planeado e o investimento 7ia construção de estradas, as quais tiveram ainda mais destaque por terem incidido num território onde quase nada estava feito neste importante sector dos transportes. E pena, foi que o movimento então iniciado não tivesse tido continuação, porque teríamos hoje mais adiantada, como sucede em Angola, a cobertura da nossa rede rodoviária. Caiu-se, depois desse impulso, numa apatia, cujo restabelecimento está a tornar-se moroso e difícil. Sempre o problema dos meios financeiros como travão implacável à realização de empreendimentos que não deveriam esperar. Um plano rodoviário do qual depende tudo - tudo para o desenvolvimento de um território, um. vasto território como Moçambique - nem deveria estar enleado nas malhas e nas implicações, nos liames burocráticos, de um plano de fomento; deveria possuir a liberdade de um plano independente, sem limitações de financiamentos, com verbas próprias e à sua disposição. E toda uma província que o pede e que o reclama, são as suas actividades económicas, é o seu turismo, é, sobretudo, a defesa da integridade do seu território e é também o desenvolvimento de regiões que nunca mais sairão do atraso em que se encontram enquanto não estiverem ligadas por estradas a outros centro.
Falando de turismo, farei aqui um pequeno apontamento, que peço se não tome à conta de egoísmo por eu ser um homem do Sul de Moçambique. No mapa de empreendimentos rodoviários a que já me referi figura