enormes dificuldades, algumas bem árduas, para que esse trabalho se realizasse.

E termino na mesma cadência com que comecei: com um voto de grande fé no futuro do nosso ultramar, no destino dos Portugueses. Mas gritando bem alto: para Moçambique, e em força! Em força com homens; em forca com iniciativas; em força com um grande programa de integração das suas populações na nossa forma de viver; em força na exploração dos seus vastos recursos económicos - na produção da terra, na mineração do subsolo, no aproveitamento das águas, no desenvolvimento das indústrias, na expansão do comércio; em força no povoamento; em forca na defesa da nossa língua e da nossa cultura.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Cruz: - Sr. Presidente: Com o renovado testemunho do mais alto apreço pelas qualidades que sempre distinguiram o mestre eminente da nossa querida Universidade de Coimbra, permito-me endereçar a V. Ex.ª, Sr. Presidente, os meus respeitosos cumprimentos, quando a oportunidade me consente, uma vez mais, proferir desta tribuna algumas considerações, posto que breves e desambiciosas, e desta vez sobre aspectos inseridos no ternário da investigação e da educação. Ao fazê-lo, não me esqueço de que me encontro diante do mais qualificado juiz, que é o próprio presidente da Junta Nacional da Educação: para ele, para o Prof. Doutor Mário de Figueiredo, vão, neste instante, as minhas respeitosas saudações.

As exigências da hora que passa impõem que aceitemos por axioma este princípio: não pode o mestre limitar-se a instruir, porque tem, sobretudo, de educar. Não pode limitar-se a ensinar, porque tem de formar. Na pessoa de V. Ex.ª, Sr. Presidente, vejo o modelo do mestre dos nossos tempos: aquele que transmite conhecimento e sabe moldar os caracteres, aquele que faz ciência e sabe formar consciências. E logo um alto exemplo: pois que um professor, para o ser de verdade, tem de ser, antes e depois do mestre que divulga conhecimento ou encaminha para a investigação, um condutor de jovens.

A esta luz, abrem-se clareiras no campo da juventude e da sua preparação, iluminando-se também os caminhos ínvios da investigação. O pedagogo e o investigador dão-se então as mãos, para virem a encontrar-se na encruzilhada de um terreno que lhes é comum. Porém, a verdade é que isto só pode acontecer quando ao serviço da juventude, e logo ao serviço da Nação, estiver o mestre que seja exemplo de mestres. E assim V. Ex.ª E assim outros mestres eminentes, superados apenas por aquele que, sendo o primeiro de todos, é, como sempre foi, o modelo por excelência - e não apenas para os seus pares.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Instrução, educação, investigação ... Preocupações das maiores são estas - e na medida em que, reclamando, muito embora, investimentos de vulto, também, na verdade, como se reconhece, aos mesmos investimentos vem logo a corresponder rentabilidade compensadora. Já foi afirmado por alguém com particulares responsabilidades que era até o mais rentável de todos os investimentos aquele que se destinava a incrementar o fomento ou desenvolvimento do ensino e da investigação complementar. E nada mais certo.

O pressuposto admite algumas reflexões ao gosto e jeito de simples anotações. Qualquer delas ressalta de uma experiência pessoal e pode também corresponder à conclusão a que conduziram outras experiências. Serão estas mais validas do que a minha própria experiência; porém, todas elas se apresentam subordinadas a um denominador comum, qual seja o desejo de também neste particular sector da educação e da investigação vir a agir-se depressa e bem, para que seja efectivamente rentável todo o investimento feito.

1. Sem ignorar certo malefício que é inerente ao lugar-comum, atrevo-me a relembrar aqui o que se apresenta como tal: não há escola onde não houver professor. Por outras palavras, e então com brilho e adequado desenvolvimento, exprime-se também neste sentido o digno relator do parecer da Câmara Corporativa subsidiário da subsecção de Ensino. Para aí acentuar - e bem, e pertinentemente - que, importando aumentar o número de agentes de ensino, importa ainda, por força das razões que impõem as percentagens verificadas no exame das necessidades clamorosas, «reorganizar completamente o serviço nacional de formação de professores, por forma a poder preparar os quadros na quantidade e com qualidade necessárias».

Neste enunciado se contém, a nosso juízo, um voto que corresponde, em certa medida, a uma aspiração de há muito formulada e que mereceu já, de certo modo, a consagração oficial, na medida em que lhe fez oportuna referência o Prof. Galvão Teles. Aspiração essa que pode vir a concretizar-se, por exemplo, na criação de um terceiro grau universitário, por hipótese o de bacharel, que seria de conceder a quem frequentasse não todo um curso que culmina, hoje, com a licenciatura, mas, sim e apenas, os seus três primeiros anos, ficando apto, desde logo, a exercer o magistério nos primeiros cinco anos das escolas de ensino secundário (liceal ou técnico).

É em sabemos que não será o bastante o que se relembra aqui, quando está em causa a preparação de professores em número bastante e qualidade suficiente para ocorrer às necessidades do ensino. Bem sabemos que é também urgente uma reforma de estruturas, pelo que diz respeito ao currículo de estudos das Faculdades de Letras, por exemplo - e aqui lembramos, a propósito, quanto de pertinente, e na especialidade, expôs nesta Assembleia, oportunamente, o então Deputado Prof. Gonçalves Rodrigues, fazendo-o com a autoridade de que está revestido e à luz de uma preocupação que é pela Secretaria de Estado da Educação Nacional e relativa aos diferentes graus do ensino. E bastaria também entrar no conhecimento do que já esta esboçado, ou mesmo definitivamente articulado, em ordem a ser publicado na melhor oportunidade. Logo aí, e no caso particular, se revela uma orientação e também uma preocupação: o que se deseja, da parte dos responsáveis, é acudir de pronto