se revestirá de carácter homogéneo ao longo de toda a sua vigência» - que sejam revistas a todo o tempo, e conforme as circunstâncias o venham a aconselhar e permitir, as verbas destinadas ao problema rodoviário, de modo a que a sua tão desejada solução seja melhor e mais rapidamente atingida, acelerando-se, sempre que possível, a construção de novas estradas, novos troços e a conservação adequada daquelas que actualmente existem e são manifestamente insuficientes para o tráfego que nelas se regista, motivado, quer pelo aumento incessante do parque automóvel nacional e suas características, quer pelo indiscutível e já referido surto turístico.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Oxalá que a resolução do nosso agudíssimo problema rodoviário venha a constituir mais um motivo de orgulho para todos os portugueses na acção dos seus técnicos e dos seus governantes.

Apenas como apontamento sobre a matéria, cuja exposição já vai longa, se assinala a referência feita no capítulo V (alínea 16, § 3.º, do II volume), de que «igualmente dificuldades financeiras das câmaras municipais constituem sensível estrangulamento e que o ritmo de execução das obras comparticipadas é excessivamente lento, sobretudo quando em regime de administração directa e por falta de organização e equipamento».

Por isso se prevê «a conveniência em melhorar também, na medida do possível e à semelhança do que foi dito quanto às obras de abastecimento de água e de esgotos, as condições de financiamento das obras de viação rural».

E na alínea 17 do mesmo parágrafo reconhece-se, como outra lacuna que se tem observado, o facto de «não terem sido inscritas a s verbas suficientes para a construção das estradas nacionais que. directamente virão dar acesso a povoações de mais de 100 habitantes ou a que virão ligar-se os novos acessos rodoviários municipais a construir pelo Plano de Viação Rural para que fiquem servidas aquelas povoações». Isto parece-nos dar esperança de que tudo está devidamente equacionado, reconhecido o erro que se poderia cometer se, «paralelamente com o Plano de Viação Rural, não fossem construídos os lanços das estradas nacionais necessários para receberem e ligarem à rede geral do País os futuros acessos municipais de povoações isoladas com mais de 100 habitantes». Assim as verbas inicialmente previstas sejam suficientes ou possam ser oportunamente reforçadas.

Deve notar-se, contudo, que, de 2880 milhares de contos destinados a investimentos para melhoramentos rurais, 960 000 contos (cerca de 1/3) estão reservados para os problemas ligados à viação.

Pretendi com este apontamento, aliás menos breve do Assim, noutros aspectos, todos os problemas ligados ao tráfego rodoviário e urbano se apresentassem definidos. Isso dar-nos-ia melhores perspectivas de serem resolvidos. Quero referir-me, por exemplo, a verbas a conceder ao Metropolitano de Lisboa, cujo rápido acabamento, pelo menos quanto à 1.ª fase de construção da sua rede, viria resolver, ou, pelo menos, atenuar, alguns importantíssimos problemas ligados ao trânsito urbano, assunto de tão difícil (embora não impossível) resolução.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E agora, para terminar a minha intervenção - de cuja extensão peço a V. Ex.ª, Sr. Presidente, que me perdoe -, um simples apontamento que julgo pertinente e sobre o qual me atrevo a fazer um breve comentário.

Segundo se afirma a páginas tantas do capítulo X (2.º volume) do III Plano de Fomento, «dentro da reestruturação geral da orgânica do Ministério da Educação Nacional, e tendo como objectivo desenvolver e renovai-as infra-estruturas técnicas e administrativas que servem de apoio a impulso coordenado a toda a actuação, dando-lhe o máximo de condições de eficiência e de adaptação às circunstâncias que vão evoluindo», reorganizou-se o Instituto de Alta Cultura em ordem a proporcionar-lhe condições de melhor exercer a sua tripla e importantíssima função de fomento da investigação científica, de fomento da cultura no plano interno e de fomento do intercâmbio cultural no plano externo.

Sendo assim, e tendo em conta o momento transcendente em que se proc essa a vida da Nação, parece do mais alto interesse intensificar, o mais possível, a cultura portuguesa, através do mundo que ajudámos a descobrir, a desbravar e a evangelizar e onde temos, por isso mesmo, responsabilidades que não podemos nem esquecer, nem minimizar, quanto ao seu significado histórico e importância política, esta, no momento actual, de indiscutível e primordial relevância.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Torna-se indispensável, na minha humilde opinião, traçar uma linha de acção, que não contraria, aliás, o pensamento manifestado pelos ilustres autores do III Plano de Fomento, que, também neste aspecto, pode ser alterado, consoante as circunstâncias o indiquem, através das já referidas «rectificações periódicas».

Será assim possível, no melhor momento, a criação, em vasta escala e nas Universidades estrangeiras que mais possam servir os nossos interesses, de leitorados, cuja acção cultural não deixará por certo de influir largamente na divulgação da nossa língua, transformando-os de seguida em poderosos pontos de partida da cultura portuguesa. E não pode deixar de estar presente no pensamento de todos os responsáveis o facto de tal política influir decisiva, embora indirectamente, nas comunidades portuguesas ou nos luso-descendentes radicados nas Américas, na Ásia e na Europa, quanto à divulgação, quer da nossa língua, quer da nossa cultura.

Os benefícios de tal critério não serão por certo de desprezar, e os resultados a obter não deixarão de influir no sentimento de portugalidade que se deverá tentar manter intacto, por todas as razões, e ainda para contrapor a influências estrangeiras tendentes a absorver aqueles