Assim, verifica-se que em 1964:

44,65 por cento dos produtores de trigo não excederam 1000 kg de trigo de produção;

Os produtores de trigo de 1000 kg a 10 000 kg representavam 51,12 por cento do número total;

Os produtores de trigo de mais de 10 000 kg representavam 4,28 por cento da totalidade.

No quadro anexo vêm os oito distritos maiores produtores de trigo no continente, de cuja, análise se poderão tirar algumas ilações;

4) Ao sul do Tejo, ainda há poucos anos, em solos de capacidade de uso elevada, existiam manchas de montado de azinho ocupando cerca de 145 000 ha cujo déficit global de rendimento fundiário foi estimado em cerca de 20 000 contos;

5) O conhecimento do nosso parque de material agrícola, .sua distribuição geográfica, seus tipos e modelos, constituem a pedra de toque para aquilatarmos do grau de atraso técnico e económico em que nos encontramos, por exemplo, em relação a outros países da Europa.

Número de tractores por 1000 ha de superfície arável

Fonte: O. C. D. E. - Agricultural, and Food Statistics 1952-1963. - Os números relativos a 1964 constituem estimativas baseadas no Production Yearbook da F. A. O. relativo a 1965.

Devemos, no entanto, salientar que em Agosto do ano corrente S. Ex.ª o Ministro da Economia deu conhecimento à Nação das medidas que o seu Ministério ia tomar, afirmando:

Parece já hoje desnecessário lembrar as vantagens que a utilização, técnica e económicamente correcta, da máquina oferece às actividades agro-florestais. Ela está na base da solução do problema do trabalho agrícola - substituição de grandes quantidades de mão-de-obra não qualificada e relativamente mal paga por uma outra, mais especializada, e por isso mais reduzida, mas que tenha possibilidade de ser remunerada em função da maior quantidade e da melhor qualidade de trabalho que produz; ela estará ainda, necessariamente, presente em todos os esquemas que visem a forma mais rentável de utilização dos solos com aptidão agrícola e florestal. E acontece que a máquina não importa só no plano da economia, pois que também no plano social é factor de grande relevo, quer quando contribui para a viabilidade das explorações familiares - criando condições de alargamento da dimensão dessas explorações e de encurtamento da sua dependência em relação à mão-de-obra assalariada -, que r quando torna menos penoso e menos irregular, e portanto mais atractivo, o trabalho agrícola, ao mesmo tempo que, pela preparação profissional que requer; promove a elevação do nível de vida cultural e material da gente do campo.

O esforço que se torna necessário empreender neste campo podemos traduzi-lo nesta afirmação: o número de tractores a utilizar deverá, em curto prazo de tempo, ser aumentado, pelo menos, para dez vezes.

Alguns destes desajustamentos da nossa agricultura fórum analisados com a devida profundidade no II Plano de Fomento, e o Governo tem estado atento à conjuntura que se vem desenhando desde 1945. E de tal modo ò problema é premente que, ainda em Fevereiro de 1965, no acto de posse da Comissão Executiva da União Nacional, S. Ex.ª o Presidente do Conselho a ele se referiu. Das considerações feitas por S. Ex.ª permito-me destacar:

Tem-se falado muito nos defeitos da nossa estrutura agrária, que são evidentes e mais evidentes se tornarão a todos os interessados na medida em que pudermos corrigi-los. Mas, talvez por não termos bem definidos os termos da questão fundamental que é a relação da cultura com a propriedade, houve sobressaltos injustificados, pois logo se enxergaram repercussões na pequena horta familiar ou na herdade extensa de bem equilibrada cultura. Isso nasceu do amor à terra que gira no sangue das nossas veias, mas não se justificava nem em face das intenções, nem de quaisquer providências tomadas.

Grandes e pequenas coisas se têm acumulado a empecer-nos o caminho, umas apenas na imaginação sobressaltada, outras nos factos reais da vida. Mas o que houver que rever-se há-de sê-lo, não na precipitação, mas na calma do nosso melhor entendimento.

Na realidade, os problemas estruturais da agricultura portuguesa têm sido objecto de análises frequentes, por vezes até ao sabor de certas paixões, com as quais não podemos alinhar. Verdade se diga que existem várias limitações que impedem um conhecimento mais actualizado e profundo da estrutura agrária nacional, tal como é de facto.

Assim, fácil é de pensar que ainda não dispomos de elementos rigorosos cuja análise nos permita, por exemplo, relacionar as classes de área com outros elementos que permitam situar a verdadeira dimensão técnica, económica e social das unidades produtoras e sua interpenetração com as outras actividades produtivas.

Não se pense que nos outros países não existem problemas no sector agrícola. A título de exemplo, apresentarei à consideração de VV. Ex.ªs elementos recolhidos em 1964 que permitem comparar as percentagens das explorações agrícolas segundo vários escalões de superfície (vide quadro que se segue).