Diz-se no texto do § 1.º do capítulo dedicado à agricultura, silvicultura e pecuária do projecto do III Plano de Fomento:

De modo geral, pode referir-se que o continente; português, no que se refere às condições mesológicas, apenas revela aptidão especial para a produção agrícola em cerca de um terço da superfície total.

Quanto à distribuição da população activa no sector agro-silvícola, os últimos censos acusam ainda elevada percentagem, não obstante o decréscimo que se verificou nos últimos anos. De facto, a participação da agricultura no volume total do emprego, que em 1950 era de 47 por cento, passou para aproximadamente 35 por cento em 1965, mas cabe-lhe ainda a posição mais saliente no confronto com outros sectores.

Ainda, no que respeita ao volume da população empregada na agricultura, é de referir que a diminuição observada, se bem que em globo contribua para o aumento da produtividade, se tem processado nos últimos anos a ritmo elevado e de forma desordenada, ocasionando vários problemas nalgumas regiões do continente, nomeadamente o envelhecimento das populações e as variações bruscas de salários, com reflexos desfavoráveis na rentabilidade e nos custos de produção das empresas agrícolas.

A incidência de vários factores, entre os quais avulta o demográfico, contribui para dar à exploração agrícola e à propriedade rústica uma estrutura que constitui indiscutível embaraço à integração da agricultura portuguesa no quadro de desenvolvimento geral do País.

Com base nos elementos oficiais de que dispúnhamos aquando da nossa intervenção, antes da ordem do dia, em Fevereiro de 1966, dada a coincidência verificada; destacarei algumas das conclusões que então me propus desenvolver . A evolução do produto bruto agrícola referente ao período de 1960 a 1964 (v. proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1966) não acusa sensíveis aumentos em relação ao quinquénio anterior.

É considerada mesmo obstáculo a um crescimento mais acelerado do produto bruto.

(Milhares de contos)

Fonte: Proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1966. A evolução da distribuição percentual, por sectores, do produto interno bruto ao custo dos factores, aos preços de 1958 e referido ao período de 1958 a 1964, apresenta o seguinte quadro:

Distribuição percentual, por sectores, do produto Interno bruto ao custo dos factores (1958) A análise das taxas médias anuais de crescimento do produto interno bruto, nos diversos sectores da actividade, faz ressaltar a nossos olhos uma agricultura que, com extrema lentidão, consegue fazer crescer o seu produto.

Entre 1953 e 1964 a expansão calculada para o produto originado na agricultura equivaleu a um acréscimo de 3,5 por cento, à taxa anual cumulativa de 0,9 por cento, o que é muito baixo, comparado às taxas médias anuais registadas na indústria transformadora e construção, 7,3 por cento; electricidade, gás e água, 8,4 por cento; transportes e comunicações, 6,1 por cento, e comércio e outros serviços privados, 6,3 por cento.

Elementos mais actualizados que os constantes no volume I do III Plano dão-nos indicação que a contribuição do sector primário para o produto nacional bruto nos anos de 1965 e 1966 foi inferior ao verificado nos anos de 1962-1964, reportando-nos aos preços de 1963. A contribuição do sector agrícola para o acréscimo da produtividade do trabalho total, no período de 1953-1964. foi de 13.8 por cento, dos quais apenas 7.3 por