mós nisso muita honra, remir uma dívida, melhor, uma fracção de uma dívida, porque ela é de tal natureza que a maior parte não pode saldar-se. E que, meus senhores, Moçambique, mais, a Nação toda, deve a Salazar a sobrevivência. Isso pode pagar-se? Nunca! Mas nem assim deixamos de ficar constituídos numa obrigação que é a de nos unirmos em torno deste português enorme, que simboliza a Pátria, em torno deste homem, íntegro por excelência, que não conhece outro interesse que não seja servir a Nação, em torno deste cristão que há dezenas de anos vem a indicar ao Ocidente o caminho certo, o único que pode salvar a sua civilização.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Salvar a civilização ocidental. Esta deve ser a maior preocupação do Ocidente. Mas será assim? Parece que não, tal a obstinação em cometer os mesmos erros, tal a pertinácia em não querer ver a clara evidência da verdade.

A que assistimos? Que se nos depara?

Estamos perante um mundo dividido e doente.

De um lado, pretende-se o homem-animal. Age-se friamente, calculadamente, separa-se o trigo duo joio e destrói-se o trigo. Com a promessa utópica de um paraíso terrestre, semeia-se o ódio, usa-se o ardil, corrompe-se, destrói-se, tudo com justificação no materialismo dialéctico. Mas nesse lado sabe-se para onde se vai. Vai-se conscientemente, determinadamente, para a autodestruição do homem-pessoa.

Do outro lado, com a preocupação igualmente materialista, que, à falta de outro termo, me parece poder designar-se por materialismo argentário, embora se fale em repúblicas e democracias, reina e governa o cifrão. Vive-se para os cifrões, morre-se pelos instrumento ao ódio e, de harmonia com os conselhos de outros, vão consumindo dólares sem qualquer benefício para os seus povos. E lá vão, empurradas por uns que sabem o que querem e por outros que não querem ter tempo para saber, caminhando, também inconscientemente, para a autodestruição.

Assiste-se deste modo a um suicídio colectivo da humanidade, apenas porque parte dela quer que assim seja e porque outra parte não quer ou não tem tempo de ver que assim é.

Qual a solução? Aponta-a Salazar há dezenas de anos. com uma firmeza, com uma coerência, com uma tenacidade verdadeiramente heróicas. É nas batatas que se conhecem os heróis, e Salazar é, sem dúvida, o maior herói da batalha de Portugal, o maior herói desta nova cruzada, que, por ser cruzada, terá bom termo. Salazar aponta a solução, mas não em abstracto. A solução é a solução portuguesa, histórica, amadurecida, experimentada, real, vivida e viva. E, porque viva, pode ser vista e auscultada por quem estiver ho nestamente interessado em descobrir a verdade. O que se verifica, porém, é que os responsáveis, ou tidos como tal, pela condução do mundo, porque a verdade prejudicaria os seus interesses imediatos, não estuo interessados em aprender como se pode viver em paz numa nação multirracial.

Naquela inolvidável quinta-feira a que já me referi, Salazar mais uma vez indicou o caminho, apontou erros cometidos e definiu a posição portuguesa. Discurso notável, do qual, achando que mais se não pode dizer, apenas direi: não há, com certeza, um português de boa fé que não lhe dê o seu apoio.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esse discurso foi para nós, Moçambicanos, a cúpula mais digna da cerimónia em que participámos e mais uma razão de acréscimo da nossa gratidão.

Salazar, no termo do seu discurso, faz uma afirmação, que é, simultaneamente, um apelo. Diz:

Penso que deve ser-se optimista quando se está seguro de fazer durar indefinidamente a resistência. Essa possibilidade é que é a prova da força e o sinal seguro da vitória, através da qual não queremos senão continuar na paz a Nação Portuguesa.

É a esse apelo que Moçambique se apressa a corresponder, embora pela voz do seu representante de menos méritos nesta Assembleia.

Com a solenidade que o momento e esta Casa impõem, com a certeza do total apoio dos meus colegas de círculo e das populações que aqui temos a honra de representar e com a plenitude de consciência que o meu mandato exige, afirmo bem alto que todos os moçambicanos estão dispostos a fazer durar indefinidamente a resistência. Todos os moçambicanos nascidos lá e cá, e, nestes últimos, é com a maior honra que destaco os bravos militares que defendem Portugal em África com o mesmo ardor, com a mesma coragem e desapego pela vida com que defenderiam o torrão em que nasceram.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vi-os em Cabo Delgado, vi-os no Niassa. Vi-os morrer pela Pátria, vi-os viver para a Pátria. Por isso, por saber o que lhes vai no ânimo, volto a afirmar com eles que em Moçambique todos estamos dispostos a fazer durar indefinidamente a resistência. Numa palavra: estamos dispostos a tudo dar à Pátria.

É esta a prova da nossa força. Com ela, pela mão de Salazar e com o auxílio de Deus, alcançaremos a vitória e continuaremos na paz da Nação Portuguesa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei relativa à elaboração e execução, do III Plano de Fomento.

Tem a palavra o Sr. Deputado Elmano Alves.