militares incomportáveis, acabaria por cavar a ruína do próprio Regime. Eram estes, com tintas mais ou menos negras ou vermelhas, os argumentos dos tais adeptos da tese catastrófica.

O projecto que temos em discussão veio, porém, demonstrar, tecnicamente, a sem-razão de tais razões.

O III Plano, longe de fugir a essas e a muitas outras questões fundamentais, analisa-as com critérios de objectividade, diagnostica sem optimismo,

delimita-as estatisticamente e põe nas nossas mãos as soluções possíveis.

Mais: não desconhece a «existência de uma reflexão de Portugal sobre Portugal bastante precisa». Dela se dão conta, diariamente, todos os meios de informação.

«E elevado o número de pessoas que têm conhecimento profundo da situação do País ou por ela se interessam com a objectividade requerida.»

«Tal facto só pode ser benéfico para a definição das grandes linhas de rumo - no futuro. Toma-se, enfim, consciência de que está nas nossas mãos banir o chavão do país pobre, tal como o de país pequeno.»

O III Plano de Fomento, na sua linguagem numérica, respondeu àquelas inquietações de que falei, estruturando uma política de verdade que deverá ser realizada como obra de toda a Nação, porque na sua feitura e execução se procura que colaborem todos os sectores da vida nacional.

Pela grandeza dos investimentos - 167 530 000 contos para o espaço português -, pela largueza de concepção das acções programadas, pela fidelidade aos grandes objectivos históricos da Nação Portuguesa, este Plano está à altura das aspirações de uma juventude que se bate sem medo e cuja capacidade realizadora é hoje solicitada para empreendimentos que transcendem em muito, pela sua dimensão, as realizações dos seus pais.

O III Plano de Fomento, adoptando a bitola de uma ?onte Salazar, familiariza as novas gerações com em rendimentos como o Plano de Rega do Alentejo, Margueira, Cabora Bassa, Cassinga, Cabinda, que se situam à escala internac ional.

O III Plano de Fomento traduz, por outro lado, a consistência da obra do Regime, criada, pedra por pedra, em quatro décadas de aturado labor e vigilante defesa do interesse nacional. A base do Plano reside na solidez da estrutura financeira do Estado, e essa ainda há dias permitiu a Portugal manter sem risco a estabilidade do escudo enquanto a queda da libra arrastava consigo a desvalorização de tantas outras moedas europeias.

Julgo que, na realista explanação das suas metas e na verdade das suas cifras, o III Plano de Fomento deu a resposta adequada em força e em ciência de factos aos lúgubres profetas das desgraças da Situação.

É não será esse por certo o menor significado actual do Plano como acto político do Regime.

Até por isso deveremos estar prevenidos contra o facto de que toda a sua execução não deixará de ser tenazmente combatida, externa e internamente, por aqueles que depositavam as melhores esperanças em que o Estado Novo jamais o viesse a concretizar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O Dr. Mota Veiga, ilustre Ministro de Estado, ao apresentar ao País o projecto, lembrou que «um plano de fomento vale sobretudo na medida em que forem realizadas as suas previsões».

Parafraseando, acrescentarei que o Regime continua na medida em que realizar este III Plano de Fomento!

A segunda palavra de resposta à «tese catastrófica» que acima transcrevi compete às novas gerações.

Que pensam elas do futuro do Regime, em que sentido irão fazer a sua opção, admitir que a não realizaram ainda?

Creio, meus senhores, que, se outras razões não houvesse ainda para as novas gerações estarem com o Regime, bastaria a decisão de permanecer em África, tomada em 1961, e o apelo aliciante deste III Plano de Fomento para conquistar uma juventude que se habituou a bater-se sem medo e sobe para a vida aceitando da geração de Salazar um testemunho de pesadas responsabilidades é certo, mas também uma experiência política de 40 anos de paz, de justiça, de seriedade de governo e de engrandecimento da Pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se o campo das opções está ainda aberto, então os novos não irão por certo decidir-se pelo regresso ao regime caduco de um século de liberalismo anárquico, banido há muito da vida portuguesa.

Cabe, é certo, nas suas previsões, a inevitável transmissão de poderes que ocorrerá um dia na chefia do Governo. Oxalá pudesse o sangue dos novos operar o milagre de suspender a marcha do tempo!

Mas julgo que o interesse da nova geração será o de permanecer, nessa hora, como intacta reserva moral da Nação, ao lado do Exército, que serviu em heroísmo, alheia a inevitáveis disputas de hegemonia entre prefeitos de palácio, fiel à doutrina, atenta à evolução do Regime, unida no apoio consciente às instituições, intransigente na defesa da ordem constitucional, pronta a colaborar e a obedecer uma vez realizada a escolha do Supremo Magistrado da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nesta serena perspectiva e firme resolução, os novos continuam com Salazar na sua obra e calcam aos pés o mito da «tese catastrófica». Depois de Salazar? Continua a Nação na ideia do Governo que institucionalizou, na política de verdade que consubstancia hoje a vida pública, na mística de servir, no braço das gerações que ensinou a defender Portugal.

E em atitude de confiança nas futuras décadas que elas saúdam a urgente tarefa que, o III Plano de Fomento nos anuncia para os próximos seis anos.

Tanto mais haveria por certo a dizer, ou já foi dito, no decurso da discussão do projecto.

Deixo-o humildemente aos técnicos, aos sábios, aos especialistas das ideias gerais. A gramática para os gramáticos.

A palavra breve de confiança e fé que vos trouxe aqui, essa deixo-a em testemunho da geração a que pertenço.

Cumpria dizê-la?

Mais: esta geração não pode recusá-la!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.