plenamente a sua missão. Pena foi, em minha modesta opinião, que as diversas escolas que os constituem se tivessem dispersado, com o que, segundo creio, se roubou alguma da sua eficiência imediata. Consola-me, todavia, a ideia de que essa dispersão poderá ter sido o fundamento e a base das futuras Universidades que o desenvolvimento da província faz antever - as Universidades de Luanda, de Nova Lisboa e de Sá da Bandeira. Porém, no que respeita ao ensino primário, reconhecendo embora os esforços desenvolvidos e os resultados alcançados, parece-me ser absolutamente indispensável fazer vigorosa chamada a todas as nossas possibilidades e encarar de frente maiores e mais denodados esforços para que o ritmo de alfabetização das grandes massas da população se realize em cadência ainda mais acelerada.

Penso, com efeito, que é urgente levar a escola aos mais afastados recantos da terra angolana numa generosa política de eliminação da ignorância de multidões imensas e trazê-las ao convívio real e sério da nossa civilização e acabar sistematicamente, tenazmente, com o facto degradante e socialmente muito grave de inúmeros irmãos nossos não falarem a mesma língua e só nos entenderem por força de uma presença viva e profundamente sentida, mesmo nos sertões mais isolados, dessa realidade indesmentível e permanente que é o amor à Pátria comum - a Pátria Portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

populações da província. Congratulando-me com esse esforço magnífico, ouso, contudo, apelar para o Governo no sentido de que se faça um esforço maior neste sector, que todos consideramos da mais alta necessidade e prioridade e da maior conveniência política e social, ao mesmo tempo que revela sentimentos de fraterna solidariedade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Aqui, os investimentos feitos são largamente reprodutivos, pois creio que nenhum capital poderá ter maior rentabilidade do que aquele que tende ao desenvolvimento e aperfeiçoamento do homem, já que este me parece ser o destinatário último da sua própria actividade.

Paralelamente, ao alargamento da escola, importa, porém, acautelar prudentemente as necessárias condições de promoção económica, com vista a evitarem-se situações de crise sócio-política que poderão ter as mais sérias consequências e desencadear conflitos só dificilmente controláveis. Daí que entenda, como também já deixei referido, que se encare atentamente o desenvolvimento da economia agrária, em cujo meio vive a grande maioria da população a alfabetizar. Entendo também que é aconselhável, ao contrário do que poderá inferir-se do projecto do Plano, que os professores necessários ao funcionamento das escolas primárias da província tenham uma sólida formação portuguesa, evitando-se a todo o custo as soluções de emergência com o recurso a simples monitores mal preparados e incapazes, portanto, de modelarem a alma e o carácter e de formarem o espírito e a inteligência das crianças que desabrocham para uma nova sociedade.

Preconizo mesmo o recrutamento frequente e intensivo de professores oriundos da metrópole, ainda que isso motive um novo esforço e um mais pesado sacrifício.

É que a grandeza da obra a realizar não se compadece com soluções de emergência ou de acaso, já que os seus resultados se projectarão decisivamente no futuro, em ordem ao real engrandecimento e à verdadeira riqueza da Nação.

Terminarei, Sr. Presidente, dizendo que a nossa vitória final e definitiva não se joga unicamente nas linhas da frente do combate ou nas emboscadas traiçoeiras da luta que o terrorismo internacional nos impôs. Joga-se também e decisivamente na retaguarda que todos constituímos e que temos a obrigação de transformar em fileira cerrada e coesa, formando a reserva estratégica, que só será verdadeiramente invencível pela harmonia social, económica e moral que soubermos criar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Júlio Evangelista: - Sr. Presidente: Nos fins de Novembro de 1964, quando se debatia na Assembleia Nacional francesa o V Plano de Modernização e Equipamento, actualmente em fase crescente de execução, dizia aos Deputados o Sr. Valéry Giscard d'Estaing, Ministro da Fazenda e dos Assuntos Económicos, que, «se tudo estivesse no Plano previamente resolvido de certo modo, se todas as questões houvessem sido consideradas com carácter definitivo, se tudo fosse espontâneo na execução do Plano, não valeria apena o debate parlamentar, não teria ele qualquer utilidade, a não ser a de se poder apreciar a qualidade dos discursos dos Srs. Deputados» (sessão de 26 de Novembro de 1964).

Na verdade, Sr: Presidente, se tudo o que está no Plano tivesse carácter definitivo, intocável, inalterável, nós nada mais faríamos aqui do que discursos inúteis, por mais belos, por mais documentados, por mais sérios e esclarecedores que fossem. Ante um debate como este, o Governo é autor, mas é também observador. Não se limita, como na Lei de Meios, a pretender que o seu texto seja adoptado; agora, o Governo trouxe até nós o Plano para escutar observações e indicações e, por isso mesmo, examinar de perto as coisas e as ideias. Todos nós, todos aqueles - e são muitos - que se interessam por este debate, todos os que vamos ter responsabilidades na realização do 111 Plano de Fomento, não deixamos de nos interrogar sobre o seu contexto e sobre u sua execução.

É nesta ordem de ideias que subo à tribuna, não com a simples intenção de fazer um discurso, ou mais um discurso, mas na esperança de que o Governo aceitará como subsídios válidos as sugestões e observações que aqui se têm produzido.

Na base do nosso ordenamento constitucional está uma, série de postulados, e um deles é o de que a actividade económica não é fim de si mesma, mas um meio, meio de melhorar o nível de vida dos Portuguses, permitir o,